GRÉCIA Incêndios matam pelo menos 74 pessoas na Grécia. Portugal vai enviar ajuda
GRÉCIA
Incêndios matam pelo menos 74 pessoas na Grécia. Portugal vai enviar ajuda
Autoridades falam em fogo posto em várias frentes em simultâneo. O número de vítimas pode aumentar. Atenas declarou estado de emergência.
24 de Julho de 2018,
7:56 actualizada às 14:13
Pelo menos 74 mortos e mais de uma centena de feridos — alguns em
estado grave — é o balanço mais recente dos incêndios florestais que estão a
consumir hectares perto de Atenas, capital da Grécia, desde o início da tarde
de segunda-feira. Entre os feridos estão 16 menores.
Os ventos fortes que se fazem sentir na região — e que mudam de
direcção constantemente — estão a dificultar o combate às chamas, que continuam
fora de controlo. A temperatura rondava os 40 graus Celsius. As autoridades já
os consideram os maiores incêndios da última década em território
grego.
A última actualização do número de mortos foi feita pelos bombeiros
no local, segundo cita a agência AFP.
A Cruz Vermelha encontrou 26 corpos num hotel, na cidade de Mati, a
29 quilómetros de Atenas. "A guarda costeira grega recuperou quatro corpos
no Mar Egeu. A maioria das vítimas foi encurralada pelas chamas em casa e
dentro de carros. Um dos mortos é um bebé de seis meses.
Em Mati, junto ao Mar Egeu, muitos corpos carbonizados estavam
abraçados. "Tentaram encontrar uma forma de fugir mas, infelizmente, estas
pessoas e os seus filhos não conseguiram. Quando viram que o fim se aproximava,
abraçaram-se", disse o chefe da Cruz Vermelha grega, Nikos
Economopoulos, à televisão grega local Skai TV.
Os incêndios destruíram dezenas de casas e obrigaram à
retirada de muitas pessoas com a ajuda de helicópteros e barcos. Dezenas
de pessoas fugiram para o mar e há imagens da população à procura de refúgio
junto à costa. Vídeos recolhidos pelos residentes mostram as estradas rodeadas
pelas chamas.
"Mati já não existe no mapa", disse uma das sobreviventes
em declarações à televisão grega sobre um dos populares destinos do país, que
nesta altura atraí turistas à região. "Vi cadáveres e carros completamente
queimados e destruídos. É uma sorte estar viva." Mati é uma zona
especialmente procurada por pensionistas e campos de férias de crianças.
"Felizmente conseguimos fugir para o mar, porque as chamas
estavam a perseguir-nos. Sentia as costas a queimar enquanto fugia",
contou Kostas Laganos, também sobrevivente.
As autoridades têm montada uma operação de busca e resgate de
um grupo de dez turistas que fugiu das chamas de barco, conta a BBC.
O primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, que se
encontrava numa visita oficial à Bósnia-Herzegovina, antecipou o regresso.
"É uma noite difícil para a Grécia", disse a partir do Centro de
Coordenação Unificado, onde está a acompanhar a situação. "Vamos fazer
tudo o que estiver ao nosso alcance para controlar os incêndios",
garantiu.
Já esta terça-feira, o primeiro-ministro grego anunciou três dias
de luto nacional. "O país está a atravessar uma tragédia enorme. A Grécia
está de luto", afirmou Alexis Tsipras, numa declaração ao país.
Governo fala em mão criminosa
O ministro da Administração Interna, Nikos Toskas, admite que
os incêndios podem ter sido provocados e pede cautela aos cidadãos. "Pelo
menos 15 incêndios começaram ao mesmo tempo, em três diferentes frentes em
Atenas", apontou ainda o porta-voz do Governo grego Dimitris
Tzanakopoulos, intensificando as suspeitas de origem criminosa especuladas
pelas autoridades.
A agência nacional de Protecção Civil grega fala em "tragédia
nacional". Os números de emergência estão a receber dezenas de chamadas a
dar conta de pessoas desaparecidas.
As autoridades gregas já declararam o estado de emergência e o país
pediu a ajuda europeia. Itália, Alemanha, Polónia e França já enviaram
meios aéreos, terrestres e humanos. Chipre e Espanha também ofereceram ajuda. A
Reuters dá conta de um drone norte-americano que sobrevoa a zona, à procura de
actividades suspeitas.
O ministro português da Administração Interna, Eduardo Cabrita,
anunciou que vai enviar "para já cerca de 50 elementos da força
especial de bombeiros". Os bombeiros portugueses devem partir entre hoje e
amanhã.
A Grécia não sofria tanto com os incêndios florestais desde 2007,
ano em que as chamas mataram 77 pessoas no Sul do país.
O clima seco que se faz sentir por esta altura na região torna os
incêndios florestais um problema recorrente na Grécia, que este ano foi
intensificado por um Inverno pouco chuvoso.
Ao PÚBLICO, o Governo português disse estar a acompanhar a situação
através da embaixada em Atenas que por sua vez "está em diálogo com as
autoridades gregas". Fonte do gabinete de comunicação da Secretaria de
Estado das Comunidades Portuguesas acrescenta que existem pelo menos 740
portugueses a residir na Grécia. Somam-se a estes turistas portugueses que
podem estar na região dos incêndios.
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O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva,
lamentou, "em nome do Governo", os "trágicos incêndios que
assolam a região de Atenas" e transmitiu "toda a solidariedade para
com o povo grego, as autoridades gregas e as famílias das pessoas
atingidas". "Sabemos bem, por experiência própria, quão trágicos
podem ser incêndios florestais desta magnitude", disse à Lusa.
Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa já enviaram as suas condolências
aos homólogos gregos. Numa nota publicada
no site presidência portuguesa, lê-se que “o Presidente da República falou longamente ao telefone
com o Presidente Prokopis Pavlopoulos”, expressando “as mais sentidas
condolências aos familiares das vítimas mortais".
Marcelo Rebelo de Sousa lembrou ainda a tragédia “do mesmo tipo” que
se viveu em Portugal em 2017.
António Costa também enviou uma mensagem de condolências
a Alexis Tsipras. "Já transmiti ao primeiro-ministro [Alexis]
Tsipras a disponibilidade e a solidariedade portuguesas e as condolências ao
povo grego e às famílias enlutadas", escreveu António Costa, numa nota
publicada no Twitter. "Quero enviar uma mensagem de solidariedade ao povo
grego, que está a sofrer o trágico flagelo dos incêndios. Portugal está
disponível, no quadro europeu e bilateral, para apoiar a Grécia, tal como
está também a apoiar a Suécia", escreveu ainda o
primeiro-ministro português.
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