NICARÁGUA Ataques «brutais e arrogantes» contra um centro humanitário
NICARÁGUA
Ataques «brutais e arrogantes» contra um centro humanitário
Jul 14, 2018 - 17:05 Ecclesia
Para além do ataque à instituição onde se tratavam feridos também foram “mortas duas pessoas” |
A Arquidiocese de Manágua (capital da Nicarágua) publicou, este sábado, na rede
social facebook que o Centro Social Jesus da Divina Misericórdia foi atacado de
forma «brutal e arrogante» por polícias e paramilitares.
Para além do ataque à
instituição onde se tratavam feridos, refere-se também que foram “mortas duas
pessoas” e foram destruídos locais ligados à paróquia.
A Igreja Católica na
Nicarágua manifestou a intenção de continuar a mediar o diálogo no país, tendo
em vista o fim do clima de violência nesta nação centro-americana, apesar das
ameaças de que tem sido alvo.
Numa mensagem
partilhada pelo portal ‘Vatican News’, da Santa Sé, os bispos católicos da
Nicarágua salientam que vão prosseguir “com o mesmo compromisso e entusiasmo” a
“fornecer o serviço que o governo lhes pediu, como mediadores e testemunhas do
diálogo nacional”.
O arcebispo de
Manágua, cardeal Leopoldo Brenes, e o núncio apostólico D. Waldemar Stanislaw
Sommertag, estão na referida paróquia e conseguiram que as ambulâncias
entrassem no local para transferirem os feridos.
Os atos de violência
ocorreram quando os prelados foram expressar sua proximidade a uma comunidade
eclesial na cidade de Diriamba, pelas quatro mortes de seus membros ocorridas
durante manifestações contra o governo.
O núncio na
Nicarágua, Dom Waldemar Stanislaw Sommertag, disse que o Papa Francisco está
“muito preocupado” com o ato de agressão contra os três bispos ocorrido na
última segunda-feira e pede “que sejam respeitados os direitos humanos” de
todos, não só dos bispos”.
“Nós deixamos de lado
as ameaças e confiamos em Deus, que é o Senhor da história, da vida e de cada
um de nós.”
Recorde-se que a
Conferência Episcopal da Nicarágua tinha suspendido as sessões plenárias com
representantes políticos e sociais, por considerar que não estavam reunidas as
condições para continuar a desempenhar o seu papel, depois de vários bispos e
sacerdotes terem sido vítimas de agressões físicas.
Na base desta crise
na Nicarágua estão os protestos que percorrem o país contra o governo do
presidente Daniel Ortega, e da sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo,
que estão a ser acusados de abuso de poder e de corrupção.
O político de 72 anos
está no poder desde 2007, depois de já ter liderado os destinos desta nação
entre 1979 e 1990, sendo que atualmente o sistema político na Nicarágua não
prevê limite de mandatos.
A Igreja Católica
pretende ajudar a nação a enveredar por um curso de “democratização”, e a
colocar para trás das costas uma história marcada pela ditadura e pelas
constantes convulsões sociais e políticas.
Desde que começaram
os protestos contra o governo da Nicarágua, em abril deste ano, já morreram
pelo menos 351 pessoas e outras 261 estão desaparecidas, de acordo com dados da
Associação Nicaraguense pelos Direitos Humanos (ANPDH).
Do total de mortos,
306 são civis, 28 faziam parte de grupos paramilitares que defendem o Governo
de Daniel Ortega, 16 eram polícias e um era um membro do Exército. JCP/LFS|Ecclesia
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