58 | Deus em gestos de fraternidade por Armando Soares

58 | Deus em gestos de fraternidade 
Deus é nosso Pai. Um Pai bondoso, com rosto de misericórdia, com rosto a saber a pão. E Deus revelou-se em Jesus Cristo, no Seu Filho unigénito, através do qual se tornou visível no mistério da Encarnação: criança, pregador de Boas Novas, perseguido por uns e acarinhado por outros, morto na cruz, ressuscitado e na glória do Pai pela sua Ascensão. No fim de contas e como diz o Evangelho: “alguém que passou fazendo o bem”. E fazer o bem é dar rosto humano ao Pai. As diversas formas de paternidade que encontramos na caminhada da nossa vida, são também reflexos do amor do Pai: pais que transmitem a vida, pais que cuidam dos seus filhos, pais que ensinam os seus filhos a serem homens, pais que não enjeitam de forma alguma a sua responsabilidade de educadores e formadores. Associam-se a esta paternidade todos os que, como os sacerdotes e pessoas consagradas, cultivam a amizade que faz crescer na vida e dão testemunho da fé e da alegria, são mestres que arrastam no caminho do bem. Igualmente os educadores, que merecem tal nome, sendo pela sua humanidade, dignidade e fé, preciosas ajudas para o crescimento humano e cristão. Toda esta caminhada exige uma grande metanóia, uma grande conversão, 122 pois o pecado é desamor, e é abuso da liberdade. Que as pessoas possam amar sem medida, a Deus e aos irmãos. O drama do homem foi e será sempre escolher a escravidão, ficando dependente de temores, de maus hábitos, de caprichos, criando ídolos que o dominam e a quem servem, seguindo ideologias que aviltam a humanidade porque destruidoras do homem e dos valores reais. Perante isto não há outro caminho que não seja o da conversão. São palavras de Jesus: «Arrependei-vos e acreditai no Evangelho». Deus olha para o pecador com a vontade de perdoar. Vemo-lo no olhar e nos gestos de Jesus para com os pecadores: Zaqueu, a mulher adúltera, o ladrão arrependido, a samaritana e tantos outros através da história… «Vai e não tornes a pecar». O homem não pode viver sem amor, e quando decobrir o amor misericordioso do Pai, não mais quererá perdê-lo. Deus é o Pai que espera o regresso do filho pródigo, aguardando-o de braços abertos para lhe dar o perdão abraçando-o fortemente, e para fazer uma grande festa. Meu filho “estava perdido e encontrou-se!” O sacramento da penitência revela a ternura de Deus. Se o primeiro mandamento é amar a Deus acima de todas as coisas, o segundo é amar o próximo como a nós mesmos. E os dois mandamentos se resumem num só. “Quem não ama o irmão que vê, como pode amar a Deus que não vê”? Se tentamos viver um cristianismo sem este mandamento de Jesus, é certo que continuamos a perder o dom da vida, gastando-o em inutilidades. Tomar iniciativas concretas de partilha para com os mais pobres e marginalizados, participar com generosidade em projectos de desenvolvimento, envolver-se em gestos de fraternidade e de solidariedade, tentar criar um ambiente de optimismo na família e no trabalho; e ainda, desenvolver momentos de são convívio, atender às crianças que não têm ninguém, visitar os velhinhos talvez desprezados ou invadidos pela solidão, esquecer as ofensas que nos fazem ou fizeram, acarinhar em vez de rebaixar, estimular em vez de dizer mal, construir em vez de destruir, são gestos que tornam visível o amor do Pai, são gestos que tornarão o mundo melhor, são gestos de fraternidade universal.

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