PORTUGAL A irmã dos pobres - Maria Clara do Menino Jesus

Onde houver o Bem a fazer que se faça 
Janeiro / Março, 2018 - Boletim Trimestral - Ano XXIV - Nº 95 Propriedade: CONFHIC / Secretariado Madre Mª Clara - NIPC: 500766460 - Directora: Ir. Maria da Conceição Galvão Ribeiro - Redacção e Administração: CONFHIC Maria Clara do Menino Jesus Fundadora da Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição

Vou responder com todo o gosto a duas perguntas fá- ceis: como definiria a Irmã Maria Clara e a Obra que ela nos deixou. Diria, em primeiro lugar, que a Irmã Clara era audaz e criativa, não fugindo perante as dificuldades nem se limitando às soluções mais simples e cómodas. Lição bem atual para nós que, em tempos de mudanças rápidas e profundas, temos de repensar critérios e atuações à luz daquilo que Deus nos pede e buscar novos métodos, novos estilos, novas linguagens, novas estrutura Acrescentaria depois que era uma pessoa livre. Vivendo sem nada de próprio, sem o comodismo ou a preguiça a impedi-la de “sair”, de estar sempre a caminho, de fazer de si uma contínua dádiva, era realmente livre. Livre do mundanismo, isto é, da procura do bem-estar, do prestígio e de outras coisas alheias à glória de Deus. Em contraluz, será que nós estamos livres da “mundanidade digital”, por exemplo, e de outras que tanto nos seduzem. Ousaria, por fim, chamá-la profeta da misericórdia. Ela enxergava no rosto do pobre, do enfermo, do excluído, do “descartável”, da infância e da velhice desvalidas, o rosto padecente de Jesus. A proximidade, o encontro, o diálogo, o acompanhamento, o gesto carinhoso, a entrega de cada dia, eram o seu método apostólico. A Obra que ela pôs em marcha, atrever-me-ia a defini-la com uma expressão que, primeiramente, se aplica à Mãe Clara: vendaval de bondade. Como não evocar Jesus de Nazaré que “passou pelo mundo fazendo o bem a todos”? Aí beberam Clara e suas Filhas o lema inspirador: “Onde houver o bem a fazer, que se faça”. O Catecismo enumera sete obras de misericórdia corporais e sete espirituais. Esta lista não é caprichosa. Tem a ver com as quatro classes de pobreza. 1ª Pobreza física e económica. económica. Não ter pão. Não ter roupa. Não ter um ninho para se proteger das inclemências do tempo. Não ter emprego. Não ter saúde nem cuidados médicos adequados. 2ª Pobreza cultural. O analfabetismo. A falta de oportunidades de formação e outras. A exclusão da vida social e cultural. 3ª Pobreza relacional. A solidão e a introversão causadas pela morte do cônjuge ou de familiares e amigos. Exclusão de contatos sociais. A dramática situação de muitos emigrantes, refugiados, órfãos, idosos abandonados, toxicodependentes. 4ª Pobreza espiritual ou anímica. Desorientação moral, vazio interior, baixa autoestima, desespero. Falta de fé e privação da alegria do Evangelho… Tudo isto cabia sob o largo chapéu do “Onde houver o bem a fazer, que se faça”. Em 17 de agosto de 1875, um jornalista escrevia a respeito das Franciscanas Hospitaleiras: “Correm a toda a parte onde haja algum bem a fazer, solícitas, prestativas, cheias de caridade. Vão, aproximam-se, arriscam, caem, imolam-se, e não pedem ao mundo nenhum prémio…” São Bento acrescentava uma décima quinta obra de misericórdia: “Não desesperar da misericórdia divina”. Enquanto houver pessoas que abrem os olhos, como a beata Irmã Clara, para ver as misérias e feridas de tantos irmãos privados de dignidade, ninguém deixará de acreditar na misericórdia divina. Enquanto escutarmos os gritos de socorro de quem pena e sofre e estendermos as mãos para que eles sintam o calor da nossa presença e o aroma da nossa fraternidade, os necessitados não desesperarão da misericórdia divina. O mundo saberá que é verdadeira e se cumpre mesmo, através de nós, a promessa de Jesus: “Estarei sempre convosco”. P. Abílio Pina Ribeiro Colégio Universitário Pio XII, Lisboa











Vou responder com todo o gosto a duas perguntas fá- ceis: como definiria a Irmã Maria Clara e a Obra que ela nos deixou. Diria, em primeiro lugar, que a Irmã Clara era audaz e criativa, não fugindo perante as dificuldades nem se limitando às soluções mais simples e cómodas. Lição bem atual para nós que, em tempos de mudanças rápidas e profundas, temos de repensar critérios e atuações à luz daquilo que Deus nos pede e buscar novos métodos, novos estilos, novas linguagens, novas estrutura Acrescentaria depois que era uma pessoa livre. Vivendo sem nada de próprio, sem o comodismo ou a preguiça a impedi-la de “sair”, de estar sempre a caminho, de fazer de si uma contínua dádiva, era realmente livre. Livre do mundanismo, isto é, da procura do bem-estar, do prestígio e de outras coisas alheias à glória de Deus. Em contraluz, será que nós estamos livres da “mundanidade digital”, por exemplo, e de outras que tanto nos seduzem. Ousaria, por fim, chamá-la profeta da misericórdia. Ela enxergava no rosto do pobre, do enfermo, do excluído, do “descartável”, da infância e da velhice desvalidas, o rosto padecente de Jesus. A proximidade, o encontro, o diálogo, o acompanhamento, o gesto carinhoso, a entrega de cada dia, eram o seu método apostólico. A Obra que ela pôs em marcha, atrever-me-ia a defini-la com uma expressão que, primeiramente, se aplica à Mãe Clara: vendaval de bondade. Como não evocar Jesus de Nazaré que “passou pelo mundo fazendo o bem a todos”? Aí beberam Clara e suas Filhas o lema inspirador: “Onde houver o bem a fazer, que se faça”. O Catecismo enumera sete obras de misericórdia corporais e sete espirituais. Esta lista não é caprichosa. Tem a ver com as quatro classes de pobreza. 1ª Pobreza física eA irmã dos pobres económica. Não ter pão. Não ter roupa. Não ter um ninho para se proteger das inclemências do tempo. Não ter emprego. Não ter saúde nem cuidados médicos adequados. 2ª Pobreza cultural. O analfabetismo. A falta de oportunidades de formação e outras. A exclusão da vida social e cultural. 4ª Pobreza espiritual ou anímica. Desorientação moral, vazio interior, baixa autoestima, desespero. Falta de fé e privação da alegria do Evangelho… Tudo isto cabia sob o largo chapéu do “Onde houver o bem a fazer, que se faça”. Em 17 de agosto de 1875, um jornalista escrevia a respeito das Franciscanas Hospitaleiras: “Correm a toda a parte onde haja algum bem a fazer, solícitas, prestativas, cheias de caridade. Vão, aproximam-se, arriscam, caem, imolam-se, e não pedem ao mundo nenhum prémio…” São Bento acrescentava uma décima quinta obra de misericórdia: “Não desesperar da misericórdia divina”. Enquanto houver pessoas que abrem os olhos, como a beata Irmã Clara, para ver as misérias e feridas de tantos irmãos privados de dignidade, ninguém deixará de acreditar na misericórdia divina. Enquanto escutarmos os gritos de socorro de quem pena e sofre e estendermos as mãos para que eles sintam o calor da nossa presença e o aroma da nossa fraternidade, os necessitados não desesperarão da misericórdia divina. O mundo saberá que é verdadeira e se cumpre mesmo, através de nós, a promessa de Jesus: “Estarei sempre convosco”. P. Abílio Pina Ribeiro Colégio Universitário Pio XII, Lisboa R. Madre Maria Clara, 1, Linda a Pastora, 2790-379 QUEIJAS - Tel: 214 241 840 - Fax: 214 241 853 Impressão: Citypost, SA - Tiragem: 30.000 - Depósito Legal N.º 89582/95 - Isento de registo na ERC, ao abrigo do Decreto regulamentar 8/99 de 9/6, art. 12º, nº 1






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