RELIGIOSOS mais Evangelho na gestão dos bens

RELIGIOSOS 
Mais Evangelho na gestão dos bens

Num mundo dominado pelas lógicas de mercado, o Evangelho deve ser o critério fundamental para a gestão dos bens das comunidades religiosas. Por isso a Congregação para os institutos de vida consagrada e as sociedades de vida apostólica pensou publicar algumas diretrizes sobre a economia.
A gestão dos bens das comunidades religiosas num tempo de crise de vocações e também de crise económica apresenta-se como um duplo desafio que é necessário enfrentar. O tema é de uma atualidade candente tendo o Papa Francisco querido que se lhe dedicasse um simpósio, o que aconteceu em 8 e 9 de março de 2014, em Roma, no Antonianum. Tema: “ bens eclesiásticos religiosos « ao serviço do humanum e da missão da Igreja». Participaram 600 religiosos e ficaram de fora mais de 500, o que indica bem a necessidade e apetência pelo tema a debater.
E isto porquê? Porque se há, por um lado, um novo florescimento de mosteiros, ermidas, congregações, novas sociedade de vida apostólica, há por outro um declínio de outras realidades. Referem-se  por exemplo as mudanças de relação aos Estados dos religiosos que se dedicam à educação e à saúde.  O que é certo é que hoje o dinheiro do Estado não chega ou chega  com bastante atraso ou em menor medida. Outro fator a considerar é a preparação técnica de alguns consagrados na gestão dos bens diante de novos regulamentos estatais e das várias implicações administrativas, exigindo uma formação mais ampla. E deve evoluir-se dentro da Igreja no sentido de a gestão dos bens não ser do tipo capitalista, mas evangélico. A gestão dos bens dos religiosos tem de privilegiar o evangelho e não seguir os princípios do capitalismo.
O Papa Francisco afirmou a necessidade da espiritualidade de comunhão ser um dos critérios para estabelecer relações maduras entre bispos e superiores religiosos. O Cardeal Wojtila falava de dois aspetos coessenciais da Igreja: o carismático e o hierárquico. Não estão submetidos um ao outro, porque não estão. No carisma fala o Espírito Santo e o Espírito Santo não está submetido à hierarquia, pelo contrário. É pois necessário corrigir esta mentalidade porque não somos donos do mistério. Por outro lado, o Espírito Santo não cria confusão mas harmonia para o desenvolvimento da Igreja.
O Papa Francisco pensa que “o religioso” é um profeta”, porque anuncia valores que se estão a perfeiçoar e serão os do futuro. O religioso deve despertar o mundo para que se confronte com esta experiência. Se pensamos na consagração a Deus, na fraternidade, no anunciar os valores proféticos, o consagrado poderá deveras despertar o mundo.

O Papa insiste muito na questão da fraternidade  para sair ao encontro das pessoas, das crianças e dos pobres. Não permanecemos em fraternidade se não tivermos um clima de família. O Pontífice não vê a vida consagrada como uma realidade aberta para que se entre nela, mas aberta para poder sair e contar aos outros o que temos. Mas se não temos, que podemos oferecer? Neste sentido, há um grande desejo de autenticidade. O de ir ao encontro dos pobres já está presente nos religiosos que, com um coração imenso, estão próximos dos necessitados para os servir: as crianças, os idosos, os doentes, os marginalizados. É preciso reforçar ainda mais esta presença. Presença com instituições que sirvam a comunidade, sobretudo dos pobres, sendo testemunho evangélico e não de exploração
capitalista dos mais carenciados.   ARMANDO SOARES

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