CRIMEIA Chefe militar da NATO denuncia instalação de mísseis russos na Crimeia
CRIMEIA
Chefe militar da NATO denuncia instalação
de mísseis russos na Crimeia
Philip Breedlove teme controlo de Moscovo sobre todo o
mar Negro.
Breedlove remeteu questão da adesão para os políticos GENYA SAVILOV/AFP |
O
comandante militar da NATO, Philip Breedlove, acusou a Rússia de estar a
instalar mísseis na Crimeia. O general norte-americano vê na militarização da
península ucraniana, anexada em Março pela Rússia, uma ameaça aos países que
rodeiam o mar Negro.
“Estamos
muito inquietos com a militarização da Crimeia”, disse Breedlove, esta
quarta-feira, em Kiev, numa conferência de imprensa. Segundo a AFP, o chefe
militar da aliança atlântica manifestou também preocupação por uma eventual
instalação de armas nucleares na península.
“O
equipamento que está em vias de ser instalado na Crimeia [...], os mísseis de
cruzeiro e os mísseis antiaéreos, pode ter no seu raio de alcance a totalidade
[da região] do mar Negro”, afirmou também.
Nas
últimas semanas, a Rússia reforçou a sua presença militar na península da
Crimeia. A agência noticiosa lembra que as autoridades de Moscovo decidiram
reabrir uma estação de alerta antimíssil e destinar 1,75 mil milhões de euros
até 2020 ao apetrechamento da sua frota do mar Negro.
O
Ministério da Defesa russo anunciou ainda a
deslocação de 14 caças para a Crimeia, onde a Rússia tem uma renovada base
aérea. Os aparelhos foram de Krasnodar para a base de Belbek, segundo a agência
russa Interfax. O objectivo é vir a ter ali estacionada uma esquadrilha de 30
aeronaves.
Na
terça-feira, Philip Breedlove tinha já repetido a acusação de dirigentes de
países ocidentais de que um elevado número de militares russos se encontra em
território ucraniano, a treinar e a aconselhar rebeldes pró-russos do Leste da
Ucrânia que enfrentam o exército de Kiev. Os confrontos na região do Donbass,
que faz fronteira com a Rússia, já causaram desde Abril a morte de mais de 4300
pessoas.
A
Rússia continua a negar o seu envolvimento, embora os países ocidentais
reafirmem que Moscovo participa no conflito. Foi o que voltou a fazer a
chanceler alemã, Angela Merkel, nesta quarta-feira. “Nada justifica ou desculpa
a anexação da Crimeia pela Rússia… Nada justifica a participação directa ou
indirecta da Rússia nos combates em Donetsk e Lugansk”, disse, no parlamento
alemão. “A Rússia está a pôr em causa a ordem pacífica da Europa e a atropelar
o direito internacional”, afirmou, citada pela Reuters
A
visita de Breedlove à Ucrânia ocorreu numa altura em que as autoridades
pró-ocidentais de Kiev tentam relançar o seu projecto de adesão à Aliança
Atlântica, após a anexação da Crimeia pela Rússia e o início da rebelião
separatista do Leste da Ucrânia.
Mas
as pretensões de adesão manifestadas pela liderança ucraniana tiveram respostas
vagas do comandante militar da NATO, que remeteu esse tipo de decisão para os
políticos.
Mesmo
os aliados mais próximos do Governo de Kiev mantêm reservas face ao desejo
ucraniano. Na semana passada, o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros,
Frank-Walter Steinmeier, disse à revista Der
Spiegel que é viável uma “parceria entre a
Ucrânia e a NATO, mas não uma adesão”. Esta quarta-feira, numa entrevista ao site independente
russo Medusa, citada pela AFP, Victoria Nuland, a vice-secretária de Estado
norte-americana para os Assuntos Europeus, considerou uma adesão da Ucrânia à
UE “muito difícil”.
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