VATICANO Francisco desafia religiosos a serem modelo de fraternidade para um mundo em confronto
VATICANO
Francisco
desafia religiosos a serem modelo de fraternidade para um mundo em confronto
28 de Novembro de 2014, às 10:29
Papa escreve carta para explicar objetivos do Ano da Vida Consagrada
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano
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Cidade
do Vaticano, 28 nov 2014 (Ecclesia)
O Papa Francisco escreveu uma carta a
todos os religiosos e religiosas da Igreja Católica, divulgada hoje no
Vaticano, pedindo-lhes que sejam um modelo de fraternidade para o mundo atual.
“Numa
sociedade do confronto, da difícil convivência entre culturas diferentes, da
exploração dos mais fracos, das desigualdades, somos chamados a oferecer um modelo
concreto de comunidade que, através do reconhecimento da dignidade de cada
pessoa e da partilha do dom que cada um transporta, permita viver relações
fraternidade”, refere a missiva, que tem data de 21 de novembro, festa
litúrgica da Apresentação de Maria.
O
texto visa explicar os objetivos, expectativas e horizontes do Ano da Vida
Consagrada que tem início marcado para este domingo.
“Espero
de vós aquilo que peço a todos os membros da Igreja: sair de si para ir ao
encontro das periferias existenciais”, escreve Francisco.
O
Papa elogia o caminho de renovação da Vida Consagrada nos 50 anos que se
seguiram ao Concílio Vaticano II, afirmando que, apesar de todas as
fragilidades, é preciso apresentar hoje “a santidade e a vitalidade” presentes
nos membros dos vários institutos.
O
Ano da Vida Consagrada vai prolongar-se até 2 de fevereiro de 2016, festa
litúrgica da Apresentação de Jesus e dia tradicionalmente dedicado aos
religiosos e religiosas.
Francisco
convida todos a “olhar o passado com gratidão”, por tudo o que a Vida
Consagrada já deu à Igreja, chegando hoje a “novos contextos geográficos e
culturais”.
Neste
sentido, mais do que uma “arqueologia”, os religiosos são desafiados a
“percorrer de novo o caminho das gerações passadas”, dos fundadores das ordens
e congregações, para colher a sua inspiração.
O
Papa pede, por isso, que os consagrados vivam o presente “com paixão”,
deixando-se interpelar pelo Evangelho e tendo Jesus Cristo como “primeiro e
único amor”.
“A
fantasia da caridade não conheceu limites e soube abrir incontáveis caminhos
para levar o sopro do Evangelho às culturas e aos mais diversos âmbitos
sociais”, assinalou.
A
carta deixa uma palavra de esperança para o futuro, apesar de problemas como a
diminuição das vocações e do envelhecimento, sobretudo no mundo ocidental, a
globalização, a crise económica, o relativismo e a “irrelevância social”.
Francisco,
primeiro Papa jesuíta da história, apresenta como marca dos religiosos a
“alegria”, numa sociedade que ostenta o “culto da eficiência”, e a “profecia”,
para denunciar “o pecado e as injustiças”.
O
texto deixa indicações precisas quanto à necessidade de agilizar as
instituições, com a “reutilização das grandes casas em favor de obras mais
adequadas às atuais exigências da evangelização e da caridade”.
O
Papa deixa uma palavra de apreço aos leigos que partilham os ideias e a missão
dos institutos consagrados, realçando depois que este ano diz respeito a toda a
Igreja, que deve agradecer tudo o que recebeu através da “santidade dos
fundadores e fundadoras” e da fidelidade dos religiosos e religiosas ao seu
carisma.
Após
recordar que há consagrados e consagradas noutras confissões cristãs e que o
fenómeno do monaquismo existe “em todas as grandes religiões”, Francisco
conclui a sua carta dirigindo-se aos bispos, para que valorizem a Vida
Consagrada como algo que “pertence inteiramente” à Igreja Católica, como
“elemento decisivo da sua missão”. OC
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