PORTUGAL Cavaco "tomou a decisão que devia tomar" e "em consciência"
PORTUGAL
Cavaco "tomou a decisão que devia tomar" e "em
consciência"
O Presidente da República,
Aníbal Cavaco Silva, "tomou a decisão que devia tomar, ele é um
protagonista muito importante da vida política. Há outros protagonistas - a
Assembleia da República, os tribunais, as instituições em geral [que devem
tomar] também as suas decisões em consciência e sempre tendo em vista o bem
comum", afirmou Manuel Clemente numa conferência de imprensa realizado no
patriarcado.
Cavaco Silva indigitou Passos
Coelho para primeiro-ministro, com quem se reuniu na terça-feira última, tendo
dado o seu acordo à proposta de constituição do XX Governo Constitucional, que
não dispõe de apoio maioritário no parlamento.
O cardeal-patriarca foi
questionado pelos jornalistas sobre a situação política portuguesa e defendeu
que Cavaco Silva fez uma "leitura" da atual situação "que em
consciência achou que devia fazer".
Manuel Clemente não deixou de
lançar um repto aos que se afirmam católicos "em todas as forças
políticas", e os que confessam a admiração pelo papa Francisco, para que
ajam e apresentem propostas inspirados nestes valores.
"Se há, neste momento e
na sociedade portuguesa, em todas as forças políticas pessoas que se dizem
admiradoras do papa Francisco e até católicas, levem consequência, na
perspetiva partidária de cada um, que é legítima", sublinhou.
O cardeal-patriarca, que é
também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), afirmou que, em
todos os quadrantes, há pessoas que "valorizam muito o que o papa
Francisco tem dito, tem feito".
"Tomem mesmo em conta, em
devida conta e aplicação concreta, o que o papa Francisco tem dito",
exortou.
Nesse sentido, referiu os
"grandes princípios" da Doutrina Social da Igreja - "dignidade
da pessoa humana, bem comum, solidariedade e subsidiariedade" e lembrou a
"ecologia integral", que o papa apresentou na sua mais recente encíclica
"Laudato si".
Segundo afirmou o prelado,
estes princípios exigem o "respeito ativo por tudo aquilo que é da ordem
da criação, dos mais pequenos seres à própria pessoa humana", e a
"defesa da vida, desde a gestação à morte natural".
Questionado quanto à
possibilidade de um Governo de coligação de Esquerda, o líder da Igreja
Católica portuguesa não se mostrou inquieto ou preocupado e retorquiu: "A
vida política portuguesa nos últimos 40 anos tem tido vários protagonistas de
Direita, Centro e de Esquerda".
"Faz parte da sociedade
democrática", rematou.
Manuel Clemente aproveitou
para sublinhar os princípios de que a Igreja Católica não abdica,
designadamente a "dignidade de toda a pessoa humana - uma dignidade ativa
-, a dignificação em condições de vida, a começar pela própria vida garantida
em todas as suas fases".
O presidente da CEP recordou a
posição tornada pública em abril último, pelos bispos portugueses, que
referiram que "a sociedade portuguesa assentar numa base comum de valores
sociais e humanistas".
O cardeal-patriarca falava na
conferência de imprensa sobre o Sínodo extraordinário sobre a Família, que se
realizou este mês, em Roma, e no qual participou.
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