TURQUIA Turquia ataca EI na Síria pela 3ª vez em 24 horas para criar 'zona segura'

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Turquia ataca EI na Síria pela 3ª vez em 24 horas para criar 'zona segura'
Ao mesmo tempo, caças bombardeiam bases de curdos no Iraque.
Polícia turca prende 590 suspeitos de ligação com organizações terroristas.
Do G1, em São Paulo   25/07/2015 17h00 - Atualizado em 25/07/2015 17h39

A Turquia atacou novamente neste sábado (25), pela terceira vez em 24 horas, alvos do grupo jihadista Estado Islâmico (EI) na Síria, ao mesmo tempo em que caças F-16 bombardearam posições dos rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte Iraque. Não foi divulgado se houve mortes.
Estes bombardeios representam uma guinada na política do governo islâmico e conservador turco, acusado por seus aliados de fazer vista grossa e até de apoiar organizações radicais em guerra contra o regime do presidente sírio Bashar al-Assad. O Estado Islâmico assumiu o controle de maior parte das regiões norte e leste da Síria, quatro anos após o início da guerra civil no país.
"Há operações aéreas e terrestres atualmente em andamento", anunciou o primeiro-ministro Ahmet Davutoglu. “Tais operações não são ‘operações pontuais’ e vão continuar enquanto houver ameaças contra a Turquia”, disse ele. De acordo com o governo em Ancara, a campanha tem o objetivo de ajudar a criar uma “zona segura” em faixas do norte sírio.
Imagem de avião militar divulgada nesta sexta-feira (24) pela agência estatal da Turquia Anadolu mostra o que seria ataque a alvos do grupo Estado Islâmico na fronteira com a Síria (Foto: Anadolu via AP Video)

As operações militares foram ordenadas após uma espiral de violência que começou na última segunda-feira com o atentado suicida de um jovem turco contra militantes pró-curdos na cidade de Suruc (sul), perto da fronteira síria, com um saldo de 32 mortos e uma centena de feridos. O governo atribuiu a autoria deste ataque ao EI, que não o reivindicou.
Explosão matou 32 pessoas na cidade turca de Suruc, perto da fronteira com a Síria, nesta
segunda-feira (20) (Foto: Dicle News Agency/AFP
)
Em represálias por este atentado, militantes próximos ao PKK multiplicaram suas operações contra as forças de segurança turcas, símbolo de um governo acusado por muitos de cumplicidade com os jihadistas. Na quarta-feira, o PKK reivindicou o assassinato de dois policiais na cidade de Ceylanpinar (sudeste).
Davutoglu informou neste sábado sobre 121 ataques armados e 281 "atos terroristas", entre eles 15 sequestros, na Turquia desde 7 de junho.

Cessar-fogo abalado no Iraque
A frente contra o PKK foi aberta na noite de sexta-feira, quando os aviões bombardearam sete alvos dos rebeldes, refúgios, hangares e depósitos de munições, em suas retaguardas das montanhas Kandil, no extremo norte do Iraque.
Davutoglu diz ter falado com o presidente da região autônoma curda do Iraque, Masud Barzani, que expressou sua solidariedade. Mas uma declaração feita por Barzani posteriormente disse que o presidente turco expressou "seu desgosto com o perigoso nível que a situação alcançou".

"As condições para manter o cessar-fogo (...) foram eliminadas", respondeu pouco depois o PKK por meio de sua ala militar, as Forças de Defesa Popular (HPG). O comunicado do braço armado do PKK denunciou a "agressão bélica" e prometeu manter a "resistência".
Esta ofensiva contra os militantes curdos ameaça lançar pelos ares o processo de paz iniciado em 2012 para tentar acabar com uma rebelião que deixou 40 mil mortos desde 1984 em território turco.

Críticos, incluindo políticos de oposição na Turquia, acusam o presidente turco, Tayyip Erdogan, de tentar usar a campanha contra oEstado Islâmico como um pretexto para reprimir os curdos.
Novas detenções.
Além disso, pelo segundo dia consecutivo, a polícia antiterrorista turca realizou na manhã deste sábado dezenas de detenções de supostos militantes do grupo EI e do PKK em várias cidades, sobretudo em Istambul, Ancara, Adana (sul), Konya (centro) e Manisa (noroeste), informou a imprensa turca.
Esta operação, inédita nas fileiras jihadistas, começou na sexta-feira e contou com a participação de milhares de policiais. Segundo o último balanço fornecido neste sábado pelo governo, há 590 pessoas detidas, entre elas dezenas de estrangeiros suspeitos de colaboração com os grupos que fazem os jihadistas chegarem à Síria através do território turco.
Suspeitos por ligação com o Estado Islâmico são detidos em Istambul (Foto: Ozan Kose / AFP Photo)
Desde segunda-feira, a tensão cresce em muitas cidades e a polícia reprime as manifestações contra a política do presidente Recep Tayyip Erdogan.

Manifestação cancelada
Em busca de apaziguamento, o principal partido curdo da Turquia cancelou a marcha antijihadista prevista para domingo em Istambul. Ela havia sido proibida pelo governador local.
Em outro sinal da guinada estratégica da Turquia, as autoridades confirmaram ter autorizado os Estados Unidos e outros países da coalizão antijihadista a utilizar suas bases, como a de Incirlik (sul).
Estes países criticavam Ancara por sua atitude passiva contra o EI e sua negativa em intervir militarmente em apoio às milícias curdas da Síria. O governo turco sempre foi reticente a isso por medo da criação de uma região autônoma hostil no norte do país.


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