MÉDIO ORIENTE Desafios dos cristãos na Terra Santa por ARMANDO SOARES
MÉDIO ORIENTE
Desafios dos cristãos na Terra Santa por ARMANDO SOARES
Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Foto: Jorge Láscar (CC BY 2.0) |
A
maior parte dos ocidentais acredita que a população residente na Terra Santa é
inteiramente de religião islâmica, ignorando assim que naquela região do mundo
há cristãos que vivem desde sempre, dado que nunca se extinguiram; e por isso
ignoram também os enormes desafios que devem enfrentar, em ordem a continuar a
sua existência de cristãos árabes. Os
cristãos são uma parte inseparável do povo da Palestina, mas vivendo como uma
minoria entre duas maiorias: a judaica e a islâmica. As três religiões
monoteístas. Esta situação remonta à fundação do Estado de Israel, em 1948.
Deste modo surgem caraterísticas específicas quer nas relações políticas quer
religiosas. É o único país do mundo que é governado por uma maioria judaica que
detém o poder político e que domina toda a sociedade onde se realizam o
encontro e o diálogo.
No
seu diálogo com os judeus, a Igreja não pode começar a partir das mesmas
premissas que já existem na Europa e na América, e que são impregnadas pela
história do anti-semitismo e da inimizade em relação a ele...Terá de ser um
diálogo a equilibar sobre três eixos (judaico-islâmico-cristão) tendo em
consideração numerosos aspectos de diversidade e de semelhança, bem como muitas
sensibilidades e características que fazem disto um diálogo de índole especial
num território particular, com uma história longa e complexa, e com lugares
santos únicos no mundo
A
presença cristã é uma “presença” radicada na Terra Santa desde a época do
próprio Jesus Cristo e do nascimento do Cristianismo. Foi daqueles primeiros
cristãos que nasceu a centelha que depois levou o Cristianismo pelos caminhos
do mundo inteiro. Sempre numa situação de “dores de parto”, numa região que
nunca viveu em paz e em segurança. A presença cristã carrega o selo de uma
minoria sofredora por causa das péssimas condições a todos os níveis: social,
político, económico, humano que levou Bento XVI a proclamar um Sínodo Especial
para o Médio Oriente para estudar a situação deplorável dos cristãos nesta
região.
A
Igreja de Jerusalém foi constituída pelos próprios apóstolos e pelos seus
fiéis, e por isso é considerada a Igreja-Mãe de todas as Igrejas.
Segundo
narram os Actos era uma comunidade de vida comprometida pela oração, pela
caridade, pelos ensinamentos dos apóstolos e na partilha do pão. A princípio uma
comunidade índole judaico-cristã, depois construindo seus próprios templos, em
seguida perseguida e obrigada a rezar secretamente. Adaptada à situação perante
os romanos, e perante os árabes no século VII. Ocidente: Roma e Oriente:
Bizâncio e Constantinopla. Os cristãos viveram épocas muito difíceis e guerras
em sucessão, mas conseguiram conservar sua presença e sua fé, salvaguardando os
lugares santos nessa região.
A ocupação dos Territórios da Palestina por
parte de Israel torna difícil a vida quotidiana em termos de liberdade de
movimento, de economia e de vida social e religiosa
São
vários os desafios que os cristãos de toda esta região têm de enfrentar.
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O primeiro é o dos conflitos políticos que tornam instável e frágil a condição
dos grupos mais fracos, i.é, é minoria;
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O segundo desafio refere-se à liberdade de religião e de consciência: mudar de
religião é algo que se considera como uma traição em relação à sociedade, à
cultura e à própria nação;
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O terceiro desafio refere-se ao confronto com a evolução do islão
contemporâneo, que gostaria de impor o seu estilo de vida a todas as sociedades
árabes;
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O quarto desafio diz respeito à emigração, acentuada ao longo das últimas
décadas da instabilidade política dessa região e pela difícil situação
económica local;
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O quinto desafio indicado pelo Documento sinodal é o aumento da imigração
cristã na Terra Santa, sobretudo de trabalhadores imigrantes da Ásia e da
África.
Perante
esta situação os Bispos católicos na Terra Santa afirmam: “A nossa região
continua a ser dilacerada pela violência, pela injustiça, pela ocupação e pela
insegurança. Muitas pessoas acabam por se fechar atrás de muros e postos de controle,
enquanto outros definham nas prisões, sofrem discriminações, choram seus entes
queridos… Os cristãos são um pequeno rebanho cada vez mais marginalizado.
Muitos dos nossos irmãos e irmãs na fé preferiram emigrar, deixando as nossas
comunidades ainda mais pobres e frágeis. No que diz respeito à fé, procuramos
cultivá-la, mas o nosso desafio mais forte é o desespero”. In BOA NOVA Maio 2015
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