VATICANO Papa pede «mudança radical de paradigma em todo o setor mineiro»

VATICANO
Papa pede «mudança radical de paradigma em todo o setor mineiro»
 
DR - Ponto de extração de diamantes na Serra LeoaSão muitas
as populações que, no decurso desta atividade, veem hoje os seus
direitos «clamorosamente espezinhados», realça Francisc 


Cidade do Vaticano, 17 jul 2015 (Ecclesia) – O Papa enviou hoje uma mensagem aos participantes da jornada de reflexão sobre as repercussões da atividade mineira, que o Vaticano está a acolher até ao próximo domingo.


No texto, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, Francisco defende uma “mudança radical de paradigma em todo o setor mineiro, para que possa melhorar a situação em muitos países”
O Papa argentino recorda que “hoje, são muitas as pessoas, famílias e comunidades que sofrem, direta ou indiretamente, por causa das consequências muitas vezes negativas que resultam da ação deste setor da indústria”.
Nesse contexto, Francisco manifesta o desejo de que esta jornada de reflexão possa ampliar o “grito de indignação e de socorro” que chega das comunidades mais afetadas pela atividade mineira.
Organizado pelo Conselho Pontifício da Justiça e da Paz (CPJP), o evento tem como tema “Ouvimos um grito, unidos a Deus”, e reúne em Roma dezenas de representantes das comunidades atingidas pela atividade mineira, provenientes de países de África, da Ásia e da América.
Conta ainda com a participação de 15 delegados de Conferências Episcopais, de congregações e redes como a Caritas, a CIDSE e Iglesias y Minería.
Na sua missiva, dirigida ao cardeal Peter Turkson, presidente do CPJP, Francisco denuncia as várias “violações aos direitos humanos” que são cometidas no decurso do negócio mineiro.
Em causa estão regras “clamorosamente espezinhadas no que diz respeito à saúde das populações, às condições de trabalho, à escravidão e ao tráfico de pessoas“.
Segundo o Papa argentino, o grito dessas comunidades prefigura “também um grito de tristeza e de impotência, pela contaminação das águas, do ar e dos solos; um grito de incompreensão pela ausência de processos inclusivos e de apoio por parte das autoridades civis, locais e nacionais, que têm, fundamentalmente, o dever de promover o bem comum”.
Segundo a Doutrina Social da Igreja, “os minerais e, de modo geral, as riquezas do solo e subsolo constituem um precioso dom de Deus, que a humanidade utiliza há milénios”.
A mudança de paradigma só será possível, aponta Francisco, com “o contributo dos Governos dos países onde atuam as empresas multinacionais, dos investidores, empresários, das autoridades locais, dos operários e seus representantes, e dos consumidores”.
Esta sexta-feira, na apresentação da jornada de reflexão, o cardeal Peter Turkson disse ser “moralmente inaceitável, politicamente perigoso, ambientalmente insustentável e economicamente injustificável que os povos em vias de desenvolvimento continuem a alimentar o desenvolvimento dos países mais ricos, à custa do seu presente e do seu futuro”.
JCP

Comentários

Mensagens populares