VATICANO Papa pede «mudança radical de paradigma em todo o setor mineiro»
VATICANO
Papa pede «mudança radical de paradigma em
todo o setor mineiro»
No texto, publicado pela sala de imprensa da Santa Sé, Francisco
defende uma “mudança radical de paradigma em todo o setor mineiro, para que
possa melhorar a situação em muitos países”
O Papa argentino recorda que “hoje, são muitas as pessoas,
famílias e comunidades que sofrem, direta ou indiretamente, por causa das
consequências muitas vezes negativas que resultam da ação deste setor da
indústria”.
Nesse contexto, Francisco manifesta o desejo de que esta jornada
de reflexão possa ampliar o “grito de indignação e de socorro” que chega das
comunidades mais afetadas pela atividade mineira.
Organizado pelo Conselho Pontifício da Justiça e da Paz (CPJP), o
evento tem como tema “Ouvimos um grito, unidos a Deus”, e reúne em Roma dezenas
de representantes das comunidades atingidas pela atividade mineira,
provenientes de países de África, da Ásia e da América.
Conta ainda com a participação de 15 delegados de Conferências
Episcopais, de congregações e redes como a Caritas, a CIDSE e Iglesias y
Minería.
Na sua missiva, dirigida ao cardeal Peter Turkson, presidente do
CPJP, Francisco denuncia as várias “violações aos direitos humanos” que são
cometidas no decurso do negócio mineiro.
Em causa estão regras “clamorosamente espezinhadas no que diz
respeito à saúde das populações, às condições de trabalho, à escravidão e ao
tráfico de pessoas“.
Segundo o Papa argentino, o grito dessas comunidades prefigura
“também um grito de tristeza e de impotência, pela contaminação das águas, do
ar e dos solos; um grito de incompreensão pela ausência de processos inclusivos
e de apoio por parte das autoridades civis, locais e nacionais, que têm,
fundamentalmente, o dever de promover o bem comum”.
Segundo a Doutrina Social da Igreja, “os minerais e, de modo
geral, as riquezas do solo e subsolo constituem um precioso dom de Deus, que a
humanidade utiliza há milénios”.
A mudança de paradigma só será possível, aponta Francisco,
com “o contributo dos Governos dos países onde atuam as empresas
multinacionais, dos investidores, empresários, das autoridades locais, dos
operários e seus representantes, e dos consumidores”.
Esta sexta-feira, na apresentação da jornada de reflexão, o
cardeal Peter Turkson disse ser “moralmente inaceitável, politicamente
perigoso, ambientalmente insustentável e economicamente injustificável que os
povos em vias de desenvolvimento continuem a alimentar o desenvolvimento dos
países mais ricos, à custa do seu presente e do seu futuro”.
JCP
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