MÉDIO ORIENTE O futuro dos cristãos no Médio Oriente por A.S.

MÉDIO ORIENTE
O futuro dos cristãos no Médio Oriente
“É um escândalo” a indiferença diante cristãos perseguidos
no Oriente Médio, afirma cardeal Sandri

As mudanças de regimes verificadas nos últimos 3 anos escavaram um fosso entre as nações; as intervenções no Afeganistão, no Iraque e na Líbia apenas criaram situações caóticas e conflitos que não permitem de modo algum prever um futuro melhor, principalmente para os cristãos.
Há 50 anos os cristãos representavam 20%, no Médio Oriente. Hoje fala-se apenas de 3%. As potências coloniais não respeitaram as bases históricas, geográficas ou étnicas: não houve um verdadeiro programa de cidadania em que todos se pudessem integrar. Isto gerou conflitos também religiosos. Não existe paz entre judeus e palestinos; o Líbano continua a ser ameaçado pela guerra civil; a Síria caminha para um precipício com 9 milhões de habitantes a viver fora da própria casa; o Iraque foi devastado. Milhões de cristãos orientais continuam a fugir de uma região para outra. Cerca de 1.400 anos de islamismo não foram suficientes para os arrancar das suas terras nem das  suas Igrejas, mas a política ocidental conseguiu dispersá-nos pelos quatro recantos da terra.
Os cristãos são cada vez mais vítimas; o seu êxodo dos países do Médio Oriente pode considerar-se irremediável. São cerca de 10 a 12 milhões numa população global de 550 milhões de habitantes.
A pressão contra os cristãos e as minorias religiosas aumentou nas últimas décadas: discriminações, injustiças, desaparecimentos, marginalizações, intimidações dá a entender que estarão em extinção em muitas regiões do mundo árabe-islâmico. Isto  se deve à instabilidade na maioria dos países e ao aumento do islamismo radical sob a aparência de «islão político», com um projecto político de fazer renascer o califado tanto em Damasco como no Iraque..
A invasão norte-americana do Iraque causou a morte de um bispo, de seis sacerdotes e de mais de 1.000 cristãos: 66 igrejas foram atacadas e houve 200 casos de desaparecimentos. De um milhão e meio de cristãos iraquianos, metade abandonou o país por causa do medo da violência e de perseguição religiosa.
Na Síria, os cristãos estão expostos aos ataques dos rebeldes muçulmanos. Dois bispos, diversos presbíteros e doze religiosas foram raptados e deles não há notícia. Já foram assassinados 1.200 cristãos e destruídas 30% das igrejas; enquanto 600 mil cristãos abandonaram o país. “Se a situação continuar assim, chegará o momento em que já não haverá cristãos na Síria”, afirma Riad Jajpur, ex-Presidente do Conselho das Igrejas do Médio Oriente.
Os coptas do Egipto sofreram os piores ataques. Kamikazes muçulmanos assassinaram pelo menos 85 fiéis na igreja de Todos os Santos, destruindo cerca de cem igrejas. Em síntese: «todos os cristãos pensam na emigração, pelo menos temporária».

O cristianismo tem suas raízes no Médio Oriente. Na Palestina, na Síria, no Líbano, no Iraque e no Egipto, os cristãos representavam a maioria da população, antes da chegada do islão. Viviam bem organizados e contribuíram para edificar a civilização árabe-islâmica. Os cristãos do Médio Oriente podem desempenhar um papel vital no diálogo entre o Ocidente e o islão contemporâneo, e podem constituir também uma ponte que une e aproxima.
As autoridades religiosas muçulmanas do Médio Oriente desempenham um papel insubstituível na promoção da dignidade humana, dos direitos humanos, da cidadania, da boa convivência, da liberdade religiosa, do diálogo tangível para promover o respeito pela pessoa humana. Reconhecer o próximo não muçulmano como um cidadão igual, em todos os seus direitos e deveres, fortalecerá a confiança entre todos os cidadãos. Devem pois levantar-se com vigor as vozes moderadas do islão, para dizer claramente «não» à violência contra os cristãos.
É triste reconhecer que a maioria dos cristãos do Ocidente não estão verdadeiramente conscientes da situação dolorosa em que vivem os cristãos no Médio Oriente, quando têm a possibilidade de chamar a atenção para as realidades de tal situação e sensibilizar os responsáveis políticos, pois o que está em jogo é a própria questão da sua coexistência pacífica na região e no mundo inteiro.

O Papa Francisco assim falou na Exortação Apostólica Evangelii  Gaudium: «Rogo, imploro humildemente a esses países (muçulmanos) que assegurem a liberdade aos cristãos para poderem celebrar o seu culto e viver a sua fé, tendo em conta a liberdade que os crentes do islão gozam nos países ocidentais  in BOA NOVA Julho 2015

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