PARAGUAI Papa defende democracia que garanta integridade dos pobres
PARAGUAI
Papa
defende democracia que garanta integridade dos pobres
Papa Francisco assiste cerimônia de boas-vindas em Assunção, Paraguai, em 10 de julho |
O
Papa Francisco pediu nesta sexta-feira, no Paraguai, a consolidação de uma
democracia que garanta a "dignidade" dos mais pobres no país, um dos
mais desiguais da América Latina.
"Já
há alguns anos que o Paraguai está se comprometendo com a construção de um
projeto sólido e estável", mas "um desenvolvimento econômico que não
leva em conta os mais fracos e infelizes não é desenvolvimento
verdadeiro".
"A
medida do modelo econômico há de ser a dignidade integral do ser humano,
especialmente o mais vulnerável e indefeso", insistiu Francisco no Palácio
Presidencial, após se encontrar com o presidente Horacio Cartes.
Sob
chuva e com muita euforia da população, Francisco desceu do avião em Assunção
às 15H00 local (16H00 Brasília) procedente da cidade boliviana de Santa Cruz.
No
Paraguai, o Papa encerra sua visita à região, que incluiu Equador e Bolívia,
com uma missa campal que deve reunir cerca de três milhões de fiéis, incluindo
muitos brasileiros e argentinos.
O
pontífice foi recebido no aeroporto Silvio Pettirossi, na região de Assunção,
por um coro de 200 crianças de escolas públicas, que entoou canções típicas,
antes de uma exibição de dança sobre a pista de pouso.
Enérgico
e sorridente, o Papa recebeu com afeto os abraços espontâneos de meninas e até
das dançarinas, que aproveitaram a proximidade para tocá-lo, do mesmo modo que
crianças portadoras de necessidades especiais.
Francisco,
78 anos, parecia descansado após realizar seu sexto voo desde domingo passado,
quando partiu de Roma para sua nona viagem ao estrangeiro e a segunda à América
do Sul, depois da visita ao Brasil, em 2014.
Ao
menos 60 mil jovens de mãos dadas formaram um cordão humano, de mais de 10 km,
no percurso entre o aeroporto e a Nunciatura, no centro de Assunção, onde o
Papa ficará hospedado.
No
meio do percurso, Francisco parou brevemente diante de uma prisão para
mulheres, que cantaram para o Papa ao som de violões e arpas.
"Papa
Francisco bem vindo ao Paraguai", disse o coral de 51 detentas da prisão
de mulheres Bom Pastor, que convidou o pontífice para visitar o local.
Com
camisas brancas e bandeirolas, o coral desta prisão com capacidade para 200
mulheres, mas que abriga 500, cantou para o Papa rodeado por milhares de
pessoas, e recebeu o sorriso de Francisco.
A
ideia das autoridades da prisão era que o Papa quebrasse o protocolo e
visitasse o local, onde as detentas esperavam sua benção, mas Francisco fez
apenas uma breve saudação, do lado de fora da Bom Pastor, em seu caminho para a
Nunciatura .
A
multidão que aguardou Francisco nas ruas para saudar o Papa lamentou a rápida
passagem do papamóvel.
"É
como uma Ferrari, poderia ir um pouco mais devagar para poder vê-lo",
disse à AFP Venancio Arguello, um aposentado de 66 anos que esperava desde o
meio-dia em uma cadeira de rodas no centro de Assunção.
No
sábado, Francisco celebrará uma missa na Basílica da Virgem de Caacupé (50 km a
leste de Assunção), padroeira dos paraguaios e da qual o Papa é devoto desde
seus tempos de arcebispo de Buenos Aires, quando atuava nos bairros pobres com
imigrantes paraguaios.
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Na terra das missões -
Neste
país onde 90% da população é católica, os jesuítas que inspiraram Jorge
Bergoglio fundaram nos séculos XVII e XVIII as bases de um utópico modo de vida
comunitário para evangelizar durante 150 anos os indígenas guaranis.
As
chamadas missões fundaram 30 povoados nos territórios que hoje pertencem a
Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia, com aldeias capazes de formar
uma unidade econômica independente e uma organização militar para deter a
expansão de Portugal a partir do Brasil.
Francisco
fez na quinta-feira um histórico pedido de perdão em nome da Igreja pelos
crimes cometidos contra os indígenas durante a conquista da América, em uma
jornada marcada por seu apoio às reivindicações sociais.
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