PARAGUAI Papa defende democracia que garanta integridade dos pobres

PARAGUAI
Papa defende democracia que garanta integridade dos pobres
Por Por Kelly VELASQUEZ, Paula Bustamante | AFP – 1 hora 36 minutos atrás
Papa Francisco assiste cerimônia de boas-vindas em Assunção,
Paraguai, em 10 de julho

O Papa Francisco pediu nesta sexta-feira, no Paraguai, a consolidação de uma democracia que garanta a "dignidade" dos mais pobres no país, um dos mais desiguais da América Latina.
"Já há alguns anos que o Paraguai está se comprometendo com a construção de um projeto sólido e estável", mas "um desenvolvimento econômico que não leva em conta os mais fracos e infelizes não é desenvolvimento verdadeiro".
"A medida do modelo econômico há de ser a dignidade integral do ser humano, especialmente o mais vulnerável e indefeso", insistiu Francisco no Palácio Presidencial, após se encontrar com o presidente Horacio Cartes.
Sob chuva e com muita euforia da população, Francisco desceu do avião em Assunção às 15H00 local (16H00 Brasília) procedente da cidade boliviana de Santa Cruz.
No Paraguai, o Papa encerra sua visita à região, que incluiu Equador e Bolívia, com uma missa campal que deve reunir cerca de três milhões de fiéis, incluindo muitos brasileiros e argentinos.
O pontífice foi recebido no aeroporto Silvio Pettirossi, na região de Assunção, por um coro de 200 crianças de escolas públicas, que entoou canções típicas, antes de uma exibição de dança sobre a pista de pouso.
Enérgico e sorridente, o Papa recebeu com afeto os abraços espontâneos de meninas e até das dançarinas, que aproveitaram a proximidade para tocá-lo, do mesmo modo que crianças portadoras de necessidades especiais.
Francisco, 78 anos, parecia descansado após realizar seu sexto voo desde domingo passado, quando partiu de Roma para sua nona viagem ao estrangeiro e a segunda à América do Sul, depois da visita ao Brasil, em 2014.
Ao menos 60 mil jovens de mãos dadas formaram um cordão humano, de mais de 10 km, no percurso entre o aeroporto e a Nunciatura, no centro de Assunção, onde o Papa ficará hospedado.
No meio do percurso, Francisco parou brevemente diante de uma prisão para mulheres, que cantaram para o Papa ao som de violões e arpas.
"Papa Francisco bem vindo ao Paraguai", disse o coral de 51 detentas da prisão de mulheres Bom Pastor, que convidou o pontífice para visitar o local.
Com camisas brancas e bandeirolas, o coral desta prisão com capacidade para 200 mulheres, mas que abriga 500, cantou para o Papa rodeado por milhares de pessoas, e recebeu o sorriso de Francisco.
A ideia das autoridades da prisão era que o Papa quebrasse o protocolo e visitasse o local, onde as detentas esperavam sua benção, mas Francisco fez apenas uma breve saudação, do lado de fora da Bom Pastor, em seu caminho para a Nunciatura .
A multidão que aguardou Francisco nas ruas para saudar o Papa lamentou a rápida passagem do papamóvel.
"É como uma Ferrari, poderia ir um pouco mais devagar para poder vê-lo", disse à AFP Venancio Arguello, um aposentado de 66 anos que esperava desde o meio-dia em uma cadeira de rodas no centro de Assunção.
No sábado, Francisco celebrará uma missa na Basílica da Virgem de Caacupé (50 km a leste de Assunção), padroeira dos paraguaios e da qual o Papa é devoto desde seus tempos de arcebispo de Buenos Aires, quando atuava nos bairros pobres com imigrantes paraguaios.
- Na terra das missões -
Neste país onde 90% da população é católica, os jesuítas que inspiraram Jorge Bergoglio fundaram nos séculos XVII e XVIII as bases de um utópico modo de vida comunitário para evangelizar durante 150 anos os indígenas guaranis.
As chamadas missões fundaram 30 povoados nos territórios que hoje pertencem a Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai e Bolívia, com aldeias capazes de formar uma unidade econômica independente e uma organização militar para deter a expansão de Portugal a partir do Brasil.
Francisco fez na quinta-feira um histórico pedido de perdão em nome da Igreja pelos crimes cometidos contra os indígenas durante a conquista da América, em uma jornada marcada por seu apoio às reivindicações sociais.


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