1. «... vós dou-vos um porco»

(Romance)
1. … a vós dou-vos até um porco”
Era um dia de festa. A garotada gosta mesmo de festa. De barulho. De comezaimas. De bebidas variadas e sem respeitar idades para a ingestão de álcool. Engordar, ser obeso, para uns é elegância, para outros tormento e para outros uma doença que dá  para a vida inteira. Mas… às vezes é tão agradável beber,… comer,… e depois espenotear como um veado bravo, julgando que fazem um bonito, enquanto os outros se riem não pela beleza do espectáculo  mas pela ingenuidade e frivolidade do actor, que já perdeu as estribeiras. Pois um grupo de garotos e garotas amigos dos Frei Afúrdio pediram-lhe, certo dia, um leitão para a sua festança, ao que ele ripostou, sorrindo de contente: “a vós, a vós, meus/minhas queridos/as, até vos dou um porco”. Sim, para eles e para elas tinha um porco cevado com rabo e tudo, inteiro, não defeituoso, purinho como o cordeiro pascal, para que as lascas da pele rechinadas ao lume da palha, subissem até ao céu em odor de santidade e de porcalidade..
Era bem diferente o tratamento do mesmo para com os membros da comunidade que andavam saudosos de saborear um naco que fosse dum porco qualquer, dele ou do vizinho, não interessava. Que viesse o porco e até rezariam devotamente mais uma Ave Maria, antes daquela refeição e falariam durante 15 minutos em vez dos cinco em silêncio, respeitoso ou comprometido?!, que falavam na meia hora da refeição. Mas,… a prodigalidade comunitária estava fechada ou perra e não se saberia ainda durante quantos invernos. Era preciso mostrar aos colegas que não mereciam tal, pois eram calaceiras, não trabalhavam. Porra, não sabiam pôr uns tijolos em cima dos outros e alinhar uma parede. Nem depois de treze anos de estudos… era preciso serem mesmo muito burros. Mas Deus não fez a todos com muita inteligência como era rara a do Frei Abôndio que devia ter ido para a Universidade para a Faculdade de
Engenharia ou Arquitectura. Assim estacou num frade limitado a tapar uns buracos em casas velhas, como eram os conventos. Era marxista, diziam uns dos colegas, pois trabalho é com a enxada, com o martelo, com o tractor, rezar missas – só enquanto se sugava o dinheiro aos clientes – dar bênçãos era tempo perdido para quem só ia à missa nas grandes festas de baptizados, casamentos, primeiras comunhões. Aí metia ele a foice para chamar à ordem os que não vinham ou não entravam na igreja mais vezes. É que a saca das esmolas andava cada vez mais vazia

Comentários

  1. Ciúmes de Frades (Ciumi di Fratelli) será um livro tipo romance tendo em perspectiva assinalar uma formação, já ultrapassada em muitos dos seminários em relação aos alunos mas fortemente arreigada em comunidades orientadas por sobas que não souberam ultrapassar os defeitos duma formação negativa de que foram alvo e com a qual pretendem dominar os seus colegas de geração(vingança) e em que os mais novos andam nas palminhas das mãos como se fossem meninos dum berço d'ouro e aos apoiam em todas as exigências por mais estúpidas que sejam. São superiores porque a autoridade lhes caiu na cabeça, que não escolhidos para servir humildemente a comunidade. For do Evangelho que duiz "Quem quiser ser o maior sirva, mquem quiser ser elogiado sirva." Mas esses servem-se do poder e esganam e sufocam os que por eles deviam ser servidos.
    Qualquer parecença entre os personagens reais de alguma comunidade e os do livro é de desprezar. Interessam o pensamento e o quanto se faz sofrer o grupo comunitário por pedantes desta natureza, que são colocados por chefes da pior estirpe que acham que todos devem aceitar esses basbaques porque são assim. Manifestam a pobreza da vida religiosa....

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares