Ano da fé caminho do amor por ARMANDO SOARES

Ano da fé caminho do amor por ARMANDO SOARES 



   
Almejando o Ano da Fé a iniciar neste ano de 2012, o Papa Bento XVI escreveu a carta apostólica “A porta da fé” (Act 14, 27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a sua entrada na Igreja, que está sempre aberta para nós. Num caminho que dura a vida inteira a começar no Baptismo. (n.1)
Partilho convosco que, desde o princípio do meu ministério como sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho de fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo. Na homilia dessa missa inicial disse: «A Igreja no seu conjunto, e os Pastores nela, como Cristo, devem pôr-se a caminho para conduzir os homens fora do deserto, para lugares da vida, da amizade com o Filho de Deus, para Aquele que dá a vida, a vida em plenitude». (n. 2)
Não podemos aceitar que o sal se torne insípido e a luz fique escondida (Mt 5,13-16) Devemos readquirir o gosto de nos alimentarmos da Palavra de Deus e do Pão da vida, oferecidos como sustento de quantos são seus discípulos (Jo6,51). O homem contemporâneo poderá sentir de novo a necessidade de ir ao poço como foi a samaritana, para ouvir Jesus que convida a crer nele e a beber na sua fonte, donde jorra água viva (Jo 4, 14). E colocar esta questão: «Que havemos nós de fazer para realizar as obras de Deus?» E conhecemos a resposta de Jesus: “A obra de Deus é esta: crer naquele que me enviou». (Jo 6,29)
Foi a esta luz que decidi proclamar um Ano da Fé. Terá início a 11 de Outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, a 24 de Novembro de 2013. Em 11 de Outubro 2012, completar-se-ão também vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, texto promulgado pelo meu Predecessor, Beato João Paulo II, 3) com o objectivo de ilustrar a todos os fiéis a força e a beleza da fé.
Esta obra verdadeiro fruto do Concílio Vaticano II, foi desejada pelo Sínodo Extraordinário dos Bispos de 1985 como instrumento ao serviço da catequese 4) e foi realizado com a colaboração de todo o episcopado da Igreja Católica. E convoquei uma Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, precisamente para o mês de Outubro de 2012, tendo por tema A nova evangelização para a transmissão da fé cristã.
Quero repetir, com veemência, as palavras que disse a propósito do Concílio, poucos meses depois da minha eleição para sucessor de Pedro: «Se o lermos  e recebermos guiados por uma justa hermenêutica, o Concílio pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a renovação sempre necessária da Igreja.»  renovação da Igreja realiza-se através do testemunho prestado pela vida dos crentes. O testemunho arrasta., convence. Acreditando é que a fé cresce e se revigora.10)
Bento XVI convida os Bispos de todo o mundo a celebrar esta ano de forma digna e fecunda nas catedrais, nas igrejas de todos o mundo, nas comunidades religiosas, nas comunidades paroquiais, nas famílias no intuito de transmitir às gerações futuras a fé de sempre. O Ano da Fé deve ser uma ocasião propícia para um conhecimento sistemático da fé. Beato João Paulo II escreveu: Este catecismo dará um contributo muito importante à obra de renovação de toda a vida eclesial (…). Declaro-o norma segura para o ensino da fé e, por isso, instrumento válido e legítimo ao serviço da comunhão eclesial». 21 O Catecismo da Igreja Católica apresenta o desenvolvimento da fé até chegar aos grandes temas da vida diária. Nele se encontra em cada página a Pessoa de Jesus Cristo e deve ser o grande instrumento de apoio da fé: na liturgia sacramental e na oração. Durante este ano da Fé manteremos nosso olhar fixo em Jesus Cristo Salvador «autor e consumador da fé». Nele encontramos «a alegria do amor, a resposta ao drama da tribulação e do sofrimento, a força do perdão face à ofensa recebida e a vitória da vida sobre o vazio da morte, tudo isto encontra plena realização no mistério da sua Encarnação, do seu fazer-se homem, do partilhar connosco a fragilidade humana para a transformar com a força da sua ressurreição». (n.13)
Por fim, Bento XVI lembra a história da nossa fé: a fé de Maria que acreditou no anuncio do Anjo (Lc 1, 38) para, sendo virgem, ser a Mãe de Deus, a fé dos Apóstolos que deixaram tudo para seguir o Mestre (Mc 10, 28), a fé dos discípulos formando comunidades de oração em que celebravam a Eucaristia e punham seus bens em comum (Act 2, 42-47); a fé dos mártires que deram sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho; a fé dos homens e mulheres que consagraram sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade; a fé de homens e mulheres de todas as idades, que confessaram, a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados. (n.13
A fé sem a caridade não dá fruto, e a caridade sem a fé seria um sentimento constantemente à mercê da dúvida. Fé e caridade reclamam-se mutuamente, de tal modo que uma consente à outra de realizar o seu caminho. De facto, não poucos cristãos dedicam amorosamente a sua vida a quem vive sozinho, marginalizado ou excluído, considerando-o como o primeiro a quem atender e o mais importante a socorrer, porque é precisamente nele que se espelha o próprio rosto de Cristo. Em virtude da fé, podemos reconhecer naqueles que pedem o nosso amor o rosto do Senhor ressuscitado. «Sempre que fizestes isto a um dos meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes» (Mt 25,40): estas palavras de Jesus são uma advertência que não se deve esquecer e um convite perene a devolvermos aquele amor com que Ele cuida de nós. A fé obriga cada um de nós a tornar-se sinal vivo da presença do Ressuscitado no mundo. Aquilo de que o mundo tem hoje particular necessidade é o testemunho credível de quantos, iluminados na mente e no coração pela Palavra do Senhor, são capazes de abrir o coração e a mente de  muitos outros ao desejo de Deus e da vida verdadeira, aquela que não tem fim. (n. 15)
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3) João Paulo II, Const. Ap. Fidei depositum (11  Outubro 1992:AAS 86 (1994),113-118.
4) Redacção Final do Sínodo Extraordinário dos bispos (7 de Dezembro 1985), ii, b , a . 4. L’Osservatore Romano (ed.port.de 22.XII.1985), 650.
10)Discurso à Cúria Romana (22 de Dezembro 2005): AAS 98 (2006),52.
21)João Paulo II, Const.ap. Fidei depositum (11 de Outubro de 1992):AAS 86 (1994), 115 e 117

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