Missão é compromisso de toda a vida por ARMANDO SOARES

Missão é compromisso da vida toda por ARMANDO SOARES
Estamos vivendo numa sociedade envolvida por trevas densas, pelo medo do terrorismo, por calamidades naturais catastróficas sem conta. As ondas de solidariedade que surgem perante factos reais de guerras, refugiados, doenças, epidemias, perseguições, calamidades naturais, são sempre insuficientes para fazer chegar aos necessitados o pão que pode ser: roupa para vestir, alimentação, medicamentos, escolas, hospitais. A pobreza, em vez de regredir, parece aumentar e avassalar o mundo. A preocupação pelo futuro do planeta e das pessoas torna-se constante. João Paulo II disse-nos, na Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2005, que a Eucaristia impele cada crente, especialmente os missionários para ser pão partido para a vida do mundo, deste mundo sofredor. A Eucaristia abre o coração dos homens para a solidariedade. A multidão também hoje está ‘cansada e abatida à espera de pão. E os agentes no campo da pastoral e os missionários são aqueles que percorrem caminhos inexplorados para levar o pão a todos. O pão da vida que sacia a fome de amor e a sede de justiça. Só o amor apaixonado por Cristo pode conduzir ao anúncio corajoso do Evangelho, anúncio que, com o martírio, se torna oferta suprema de amor a Deus e aos irmãos. A Eucaristia leva a um compromisso efectivo na edificação de uma humanidade mais equitativa e fraterna. O Dia Mundial das Missões é uma ocasião oportuna para os cristãos tomarem consciência da necessidade urgente de participarem na missão evangelizadora da Igreja. Trata-se de uma missão que envolve as pessoas e comunidades, na oração, no sacrifício e no apoio material. Mas não podemos esquecer que a missão se realiza através do Espírito, ‘Protagonista da missão’ e através dos missionários. Sem missionários não há missão. E ser missionário é não só dispor-se a distribuir o pão que dá a vida e mata a fome, mas também a ser pão amassado, calcado e perseguido. “Quantos missionários mártires no nosso tempo,” disse o Papa João Paulo II. A Sociedade Missionária Portuguesa conta cinco mártires: quatro Padres e um Irmão. Foram meus professores ou alunos ou companheiros de viagem partilhando os mesmos caminhos da missão em Moçambique. Não é sem razão que o Papa lembra os missionários mártires e prossegue dizendo: “O seu exemplo leve numerosos jovens a percorrer o caminho da fidelidade heróica a Cristo! A Igreja tem necessidade de homens e de mulheres que estejam dispostos a consagrar-se totalmente à grande causa do Evangelho.” A Sociedade Missionária da Boa Nova, com 75 anos de missão, é expressão desta disponibilidade de consagrar a vida toda à obra missionária. Casa onde se reza e canta, comunidade que se reúne à volta da Eucaristia, é comunidade aberta à voz do Espírito e às necessidades da humanidade. Nela surgirão vocações à missão por toda a vida. O missionário não pode hesitar em fazer-se pão para a vida do mundo
* in Distrito de Portalegre |09/12/2005

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