Fanatismo religioso e “esquecimento de Deus”

Bento XVI manifestou-se, há dias, contra as “manifestações contemporâneas do esquecimento de Deus”, afirmando que esta ignorância pode provocar actos de fanatismo de “matriz religiosa”.
“Trata-se duma falsificação da própria religião, uma vez que esta visa reconciliar o homem com Deus, iluminar e purificar as consciências e tornar claro que cada homem é imagem do Criador”, disse o Papa no encontro de ano novo com os membros do corpo diplomático acreditados junto da Santa Sé.

Segundo Bento XVI, o que gera a violência “não é a glorificação de Deus, mas o seu esquecimento”. “Como se pode efectuar um autêntico diálogo, quando deixa de haver por referência uma verdade objectiva e transcendente? Em tal caso, como se pode evitar que a violência, aberta ou disfarçada, se torne a norma derradeira das relações humanas?”, questionou. A reflexão do Papa sublinhou a ligação entre a verdade, a justiça e a paz, criticando quem as apresenta como “utopias que se autoexcluem”.
“Sem uma abertura ao transcendente, o homem cai  como presa fácil do relativismo e, consequentemente, torna-se-lhe difícil agir de acordo com a justiça e comprometer-se pela paz”, alertou.

Bento XVI quis reafirmar a necessidade de um compromisso cívico dos cristãos para “promover a dignidade da pessoa humana e os fundamentos da paz”.
Essa acção, observou, não deve ser vista como “uma ingerência na vida das diversas sociedades, mas serve para iluminar a recta consciência dos seus cidadãos e convidá-los a trabalhar pelo bem de cada pessoa e o progresso do género humano”.
A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 179 Estados e está presente em várias organizações internacionais, tendo o estatuto de Estado observador na ONU.
O Papa declarou que “a caridade está no âmago da acção diplomática” do Vaticano e sustentou, a este respeito, que “a caridade não substitui a justiça negada, mas também a justiça não supre a caridade recusada”.


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