EVERESTE/fantasiaaecemitério Filas de espera e corpos pelo caminho. "Caos e carnificina" para subir o Evereste


EVERESTE/fantasiaaecemitério
Filas de espera e corpos pelo caminho. "Caos e carnificina" para subir o Evereste
31 Maio, 2019 • 14:13
Acabou a fantasia do alpinista que, sozinho, supera todos os obstáculos de uma jornada para chegar ao topo do mundo. O Evereste tornou-se cada vez mais turístico e um das consequências pode ser a morte.

Cerca de 600 alpinistas escalaram o Monte Evereste nos últimos 15 dias. Onze morreram, nove no lado nepalês e dois do lado chinês, o maior número em quatro anos.
O número de licenças concedidas pelo governo nepalês atingiu um recorde e o sonho de subir à montanha mais alta do mundo juntou multidões.
Na temporada deste ano - de 14 a 28 de maio - houve mesmo filas de espera para alcançar o pico. E houve quem morresse à espera.
Desde que o Nepal abriu o acesso à montanha para a escalada comercial, há 50 anos, alpinistas cada vez mais inexperientes arriscam uma subida ao topo. Muitos não estão fisicamente preparados e quando ficam expostos não têm ajuda, outros hesitam nas passagens estreitas, o que, dizem os veteranos, provoca atrasos mortais.
E quando alguém morre no topo do Evereste, a mais de oito mil metros, ninguém se pode dar ao luxo de gastar energia a trazer o corpo para baixo.
"Não consigo acreditar no que vi lá em cima", conta Elia Saikaly, ao jornal Guadian. O alpinista e cineasta escalou a montanha este mês e diz que a sua equipa passou por mais do que um corpo no caminho.
"Morte. Carnificina. Caos. Filas. Corpos mortos no trajeto e em tendas no campo 4. Pessoas que eu tentei convencer a voltarem para trás e que acabaram por morrer. Pessoas a ser arrastadas para baixo. Caminhar em cima de corpos. Tudo o que lemos nas manchetes sensacionalistas aconteceram na noite em que chegámos ao topo."
"Havia mais de 200 pessoas a caminho do cume" do Evereste, descreve. "Passámos por um alpinista morto cujo corpo estava fixado num ponto âncora entre duas linhas de segurança e todas as pessoas que estavam a escalar tiveram de pisar aquele ser humano."
As autoridades turísticas nepalesas não manifestam intenção de restringir o número de licenças emitidas ou controlar o timing das expedições. Pelo contrário, querem encorajar ainda mais turistas e alpinistas, afirmou Mohan Krishna Sapkota, secretário do Ministério do Turismo e Aviação Civil, à Associated Press.
A economia do Nepal depende largamente do turismo no Evereste e faltam regras de acesso à montanha. Segundo Mohan Krishna Sapkota, basta que alguém já tenha uma autorização médica para comprar uma licença por 11 mil dólares.
O número de mortos esta temporada é o mais alto desde 2015. Crê-se que os que morreram sofreram de 'mal da montanha' (doença das alturas), causado por pouca quantidade de oxigénio a uma elevada altitude e que pode causar dores de cabeça, vómitos, falta de ar e confusão mental. TSF

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