AFRICA DO SUL VIOLÊNCIA e XENOFOBIA contra trabalhadores estrangeiros
AFRICA
DO SUL
VIOLÊNCIA e XENOFOBIA contra trabalhadores estrangeiros
Grupo cerca carro de imigrante na cidade de Johannesburgo, onde veículos e lojas foram incendiados. XENOFOBIA |
17/04/2015 03h00
AGÊNCIA O GLOBO
Onda de violência
contra estrangeiros deixa seis mortos na
África do Sul
Etíopes e moçambicanos foram mortos na cidade de Durban,
enquanto carros e lojas de imigrantes foram
incendiados em Johannesburgo
(A então chamada swetto era a cidade dos sul-africanos negros e era muito complicado entrar lá. Algumas casas eram boas, mas quase todas eram/ / e continuam com pouca comodidade. Pois várias vezes lá entrei. Muita pobreza. Muita miséria. Mas nunca me fizeram mal. Ia acompanhado por amigo português, que procurava ajudar aquela gente. Hoje voltou ao crime: mortos e raptados. Como eu gostava de andar e falar com aquela gente que afinal também tem coração sensível. Mas o ódio do preto contra preto é mais forte que o do apartheid preto-branco.)
O pedido de calma do presidente da África do Sul, Jacob
Zuma, parece não ter surtido efeito. Os ataques xenófobos tomaram a cidade de
Durban, deixando seis moçambicanos e etíopes mortos nos últimos dias, se
alastraram ontem por várias cidades do país.
Balas e granadas
A polícia sul-africana disparou balas de borracha e uma
granada de efeito moral para dispersar um grupo de imigrantes africanos armados
com facões em um bairro degradado do leste de Johanesburgo. Um fotógrafo de uma
agência internacional, que não revelou sua identidade, disse à que foi atacado
por manifestantes sul-africanos e teve seu equipamento roubado.
O centro de Johannesburgo, capital financeira da África
do Sul, amanheceu ontem com
carros e lojas de imigrantes incendiados. Doze pessoas foram detidas durante a
madrugada. Perto dali, trabalhadores do subúrbio de Jeppestown voltaram a se
concentrar nas ruas para exigir a saída de imigrantes da zona, armados com
paus, machados e pedaços de ferro. Em Port Elizabeth,
no Sul, foram registados os primeiros saques. Com medo, imigrantes começam a se
armar em grupos de autodefesa.
“Estou assustado, não acho que aqui volte a ser um lugar
seguro”, disse Prince Okhe, nigeriano
que teve a loja atacada por sul-africanos. “E o governo nem pensa em oferecer
compensações pelos danos”.
Desde o início dos ataques em Durban, que começaram há
quase três semanas, mais de 5 mil estrangeiros foram desalojados. E as
condições nos acampamentos são consideradas “as mais básicas”, segundo o Alto
Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur). Cerca de 50% dos estrangeiros não
têm documentos e haviam entrado no país de
forma ilegal.
Países vizinhos
retiram cidadãos
Os ataques a estrangeiros na África do Sul aumentaram o
mal estar entre o governo local e os países afectados.
“Um dos nossos
focos é garantir um ambiente de diálogo entre comunidades de migrantes,
cidadãos locais e as autoridades - disse o chefe da missão da Organização
Internacional para Migrações na África do Sul (OIM), Richard Ots.
Ontem, a OIM pediu às autoridades que garantam
instalações sanitárias e de saúde adequadas nos locais. O governo vem sendo
acusado em demorar a agir. Após um pronunciamento do presidente Jacob Zuma, na
quinta-feira, foi a vez de sua mulher, Tobeka Madiba Zuma, condenar os ataques.
“Como africanos temos a nossa própria maneira de
responder aos desafios. Não é atacando e matando uns aos outros”, disse.
A fala do rei
O rei zulu Goodwill Zwelithini é acusado por muitos por
ter causado os ataques quando pediu para imigrantes a deixarem o país, há algumas
semanas. Ontem, ele anunciou que se reunirá com líderes para pedir o fim da
violência.
“Há uma relação muito complicada entre as estruturas
eleitas democraticamente e as liderança tradicionais”, diz Emily Craven, mestre
em Políticas pela Universidade de Witwatersrand e gestora da ONG Action Aid no
país. “Parece mais fácil chamar incidentes isolados de acção criminosa do que
aceitar que há um problema fundamental na sociedade sul-africana. Quando o rei
zulu faz declarações xenófobas, há uma corrida para afirmar que ela estava fora
de contexto e ele não estava incitando a violência”.
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