PANAMÁ Barack Obama e Raúl Castro fazem encontro histórico
PANAMÁ
Barack Obama e Raúl Castro fazem encontro
histórico
Reunião é a
primeira entre presidentes dos dois países em mais de 50 anos.
'Guerra Fria acabou', disse presidente dos EUA em coletiva após encontro.
'Guerra Fria acabou', disse presidente dos EUA em coletiva após encontro.
Do G1, em São Paulo
O presidente dos EUA, Barack Obama, cumprimenta o presidente de Cuba, Raúl Castro, durante encontro na Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá (Foto: Jonathan Ernst/Reuters) |
11/04/2015 17h06 - Atualizado em 11/04/2015 21h59
O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, e de Cuba, Raúl Castro, realizaram neste sábado (11) um encontro
histórico durante a Cúpula das Américas, na Cidade do Panamá, o primeiro entre
presidentes dos dois países em mais de meio século, de acordo com jornais internacionais.'EUA não ficarão presos ao passado', diz Obama sobre Cuba
no Panamá
Dilma elogia reaproximação de EUA e
Cuba e defende fim do embargo. A reunião entre os líderes simboliza a reaproximação e retomada do
diálogo entre os dois países, encerrando décadas de tensão política e disputa
ideológica.
O último encontro
frente a frente aconteceu entre os presidentes Dwight Eisenhower, dos EUA, e
Fugencio Batista, de Cuba, em 1956, em outra cúpula das Américas no Panamá,
antes da revolução cubana, de acordo com o site do jornal "USA Today".
Em 1959, o então vice-presidente dos EUA, Richard Nixon, e Fidel Castro se
encontraram, destacou a "CNN".
'Guerra
Fria acabou', diz Obama
Em coletiva de imprensa após o encontro,
Obama .
disse que a
conversa com Castro foi "cândida e frutífera" e que o encontro pode
ter sido um "divisor de águas" na história entre os dois países. Ele
afirmou também que tem o apoio "da maioria" para sua política
envolvendo Cuba nos EUA.
"Temos que
estar certos de que Cuba não é uma ameaça para os EUA", disse o presidente
norte-americano a jornalistas. "Parte da mensagem aqui é que a Guerra Fria
acabou", completou, afirmando que os EUA não estão no negócio da
"mudança de regime".
Obama disse ainda
que deve haver maneiras de avançar no acordo nuclear com o Irã para
"satisfazer o orgulho iraniano", mas também para alcançar objetivos
fundamentais", e reforçou que ainda haverá "duras negociações"
sobre o assunto.
O presidente
norte-americano descreveu o encontro como "histórico" e acrescentou
que continuará pressionando Cuba sobre o tema de direitos humanos. Anunciou
ainda que as conversas e esforços estão focados em reabrir as embaixadas em
ambos os países.
Os dois
sentaram-se lado a lado em uma pequena sala de conferências, com um clima
cordial, mas de negócios. Cada um acenou e sorriu para alguns dos comentários
feitos pelo outro, em breves declarações a jornalistas.
Lista
de apoio ao terrorismo.
Em coletiva após
o encontro, Obama afirmou que ainda não decidiu se vai retirar Cuba da lista de
países que apoiam o terrorismo, onde está incluída desde 1982.
A eventual
retirada da lista negra seria um importante passo simbólico, depois que os dois
países anunciaram uma aproximação diplomática em dezembro para colocar fim a
meio século de inimizade.
Para retirar Cuba da lista de patrocinadores de
terrorismo, o departamento de Estado deve comprovar que o país caribenho não
participou ou apoiou atividades terroristas nos últimos seis meses, e que o
governo cubano se compromete que não o fará no futuro.
'Nova
era no Hemisfério'
Mais cedo, Obama
disse em discurso no encontro que seu país não
ficará preso ao passado e
que as mudanças na política entre os EUA e Cuba "abrem uma nova era
no Hemisfério".
“Os EUA não
ficarão presos ao passado. É a primeira vez que em mais de meio século que
serão restabelecidadas formalmente as relações diplomáticas", disse Obama,
que considerou histórico o fato de estar sentado numa mesma mesa com o presidente
de Cuba, Raúl Castro
"Penso que
não é segredo que continuarão existindo diferenças entre nossos países (...)
mas acredito que se conseguirmos seguir esse movimento adiante, serão criadas
novas oportunidades (...) Nunca antes as relações com a América Latina foram
tão boas", complementou o presidente norte-americano.
Durante seu discurso, Obama propôs US$ 1 bilhão para ajudar os países da América Central e anunciou que pretende impulsionar o intercâmbio entre estudantes da América Latina e a potência norte-americana.
Durante seu discurso, Obama propôs US$ 1 bilhão para ajudar os países da América Central e anunciou que pretende impulsionar o intercâmbio entre estudantes da América Latina e a potência norte-americana.
Castro: 'Obama está isento da culpa'.
Assim que Obama
terminou sua fala, o governante anfitrião, Juan Carlos Varela, anunciou a
intervenção de Raúl Castro, o que arrancou aplausos de todos reunidos na
plenária. O presidente cubano começou seu discurso dizendo que "já era
hora de eu falar aqui em nome de Cuba", referindo-se à primeira
participação de seu país na reunião de líderes americanos.
Em sua fala,
Castro isentou Barack Obama da culpa de ações políticas contrárias à ilha que
foram feitas por "dez antecedentes" do atual líder dos Estados
Unidos. Ele afirmou que tem expressado "disposição ao diálogo" com
Obama e chamou o governante dos EUA de "um homem honesto". Logo
depois, pediu desculpas por sua emotividade em "defesa da revolução".
O presidente
cubano exigiu dos EUA que seja resolvido o embargo comercial imposto em 1962
contra a ilha e ressaltou que seu governo aprecia a possível exclusão de Cuba
da lista de patrocinadores do terrorismo. Ele acredita que a potência mundial
vai decidir rapidamente sobre o tema e afirma que seu país "nunca deveria
ter estado" nesta lista.
O irmão de Fidel
Castro afirmou também que vê com bons olhos o fato de Obama considerar que a
Venezuela "não é uma ameaça".
Dilma
elogia reaproximação
A presidente
Dilma Rousseff elogiou a
reaproximação entre Cuba e Estados Unidos durante seu discurso na plenária e
defendeu o fim do embargo norte-americano ao país caribenho.
Dilma defendeu
que os países convivam com diferentes visões de mundo e que este século seja um
período de paz e desenvolvimento para todos. "A VII cúpula inaugura uma
nova era nas relações hemisféricas, na qual é uma exigência conviver com
diferentes visões de mundo, sem receitas rígidas ou imposições", afirmou.
"Celebramos
aqui agora a iniciativa corajosa dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama de
restabelecer relações entre Cuba e Estados Unidos, de pôr fim a este último
vestígio da Guerra Fria na região que tantos prejuízos nos trouxe [...] Os dois
presidentes deram uma prova do quanto se pode avançar quando aceitamos os
ensinamentos da História e deixamos de lado preconceitos e antagonismos que
tanto afetaram nossas sociedades", disse Dilma.
Ainda de acordo
com Dilma, o Brasil está seguro de que outros passos serão dados, como o fim do
embargo, "que há mais de cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o
sistema interamericano". Segundo a presidente, oportunidades deverão
nascer nesse novo ambiente.
"Estamos
seguros que outros passos serão dados, como o fim do embargo, que há mais de
cinco décadas vitima o povo cubano e enfraquece o sistema interamericano. Aí,
sim, continuaremos concluindo as linhas que pautarão nosso futuro e estaremos
sendo contemporâneos de nosso presente [...]. Inúmeras oportunidades nascem
desse novo ambiente", completou.
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