VATICANO Papa identifica retrocesso na teoria do género
VATICANO
Papa identifica retrocesso na teoria do género
2015-04-14 RV |
Cidade doVaticano (RV) - A Praça de S. Pedro ficou lotada de fiéis nesta qurta-feira (15/04) para a Audiência Geral com o
Papa Francisco. Antes de tomar a palavra, o Pontífice saudou
os cerca de 30 mil peregrinos a bordo do seu papamóvel, acenando para a multidão
e beijando as crianças. Prosseguindo o ciclo de catequeses sobre a
família, o Papa falou de um tema que ele considera central: a
complementariedade entre homem e mulher.
“Deus criou o ser humano à sua imagem:
criou-os homem e mulher.” Esta afirmação do Gênesis, explicou Francisco, diz
que nem só o homem nem só a mulher são imagem de Deus, mas ambos, como casal,
são imagem do Criador. A diferença entre eles tem em vista a comunhão e a
geração, e não a contraposição nem a subordinação. “Somos feitos para nos ouvir
e nos ajudar reciprocamente. Sem esse enriquecimento recíproco, não se pode
entender profundamente o que significa ser homem e mulher”, disse o Papa.
Retrocesso
Todavia, a cultura moderna e contemporânea
abriu novos espaços para a compreensão dessa diferença, introduzindo dúvidas e
ceticismo.
“Pergunto-me, por exemplo, se a chamada teoria
do gênero não seja expressão de uma frustração e resignação, com a
finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar com
ela. Sim, corremos o risco de retroceder”, afirmou Francisco, advertindo que a
remoção da diferença é o problema, e não a solução.
Se o homem e a mulher têm divergências, as
mesmas devem ser resolvidas com o diálogo, para amarem-se mais e conhecerem-se
melhor. “O elo matrimonial e familiar é algo sério, e o é para todos, não só
para os fiéis. Gostaria de exortar os intelectuais a não abandonarem este tema,
como se tivesse se tornado um empenho secundário a favor de uma sociedade mais
livre e mais justa.”
Francisco recordou que Deus confiou a terra à
aliança do homem e da mulher: a falência desta aliança gera a aridez dos afetos
no mundo e obscurece o céu da esperança. Os sinais são visíveis e preocupantes,
disse, indicando duas reflexões que merecem atenção.
Complementaridade
A primeira é a certeza de que se deve fazer
muito mais a favor da mulher para reforçar a reciprocidade entre os dois
gêneros.
“De fato, é necessário que a mulher não seja
só mais ouvida, mas que a sua voz tenha um peso real, que seja reconhecida na
sociedade e na Igreja. Ainda não entendemos em profundidade o que pode nos dar
o gênio feminino, por saber ver as coisas com outros olhos que complementam o
pensamento do homem. Trata-se de um caminho a percorrer com mais criatividade e
audácia”, afirmou Francisco, citando como exemplo o modo como o próprio Jesus
considerou as mulheres num período em que eram relegadas ao segundo plano.
O segunda reflexão diz respeito ao tema do
homem e da mulher criados à imagem de Deus. “Pergunto-me se a crise de
confiança coletiva em Deus não esteja relacionada à crise de aliança entre
homem e mulher, já que a comunhão com Deus se reflete na comunhão do casal
humano.”
Responsabilidade
Eis então a grande responsabilidade da Igreja
e de todos os fiéis para redescobrir a beleza do projeto criador.
“A terra enche-se de harmonia e confiança
quando a aliança entre o homem e a mulher é vivida no bem. Jesus nos encoraja
explicitamente ao testemunho desta beleza”, concluiu o Papa.
Ao saudar os numerosos grupos na Praça, aos de
língua árabe pediu esforços para que, na Igreja e na sociedade, a igualdade
entre os gêneros seja respeitada, rejeitando toda forma de abuso e de
injustiça, em especial contra as mulheres
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