MISSÃO Chamados e enviados a anunciar a salvação
MISSÃO
Chamados e enviados a anunciar a
salvação
... continuamos a ser chamados e enviados como missionários e profetas para alimentar a esperança, como âncora firme e segura (cf Hb 6,19), de um mundo novo |
Nós,
cristãos somos chamados, como "filhos da luz", a ser luz no meio dos
homens, "luz do mundo" e "sal da terra".
Pelos
dons conferidos no Baptismo ficamos habilitados a ser testemunhas da
ressurreição de Cristo e instrumentos de toda a acção salvadora de Deus.
Corresponsáveis,
devemos todos trabalhar, generosamente, na construção do mundo e na inspiração
cristã da ordem temporal.
Mas
qual é o caminho que Deus nos indica, para dialogarmos com Ele até sermos
enviados?
*
Isaías foi um grande profeta. Deus manifesta-se a ele, no tempo de Ozias, em
704 a. C. - séc. VIII - e manifesta-se em forma de luz. Isaías fica deslumbrado
pela glória divina, descobre Deus Santo. "Eu vi o Senhor",
"serafins cantavam à sua volta, dizendo Santo é o Senhor do
universo", "a sua glória enche toda a terra". Então Isaías
sente-se esmagado pela sua incapacidade, pela sua fraqueza, pela sua condição
humana, experimentando um profundo desejo de se purificar. E clama: "Ai de
mim! Eu sou um homem de lábios impuros e meus olhos viram o Rei, o Senhor do
Universo". Nesta altura um dos anjos voou até junto dele, com um carvão
ardente, tocou seus lábios e disse: "foi perdoada a tua culpa", e eu
'ouvi Alguém perguntar: "Quem enviarei?" - E eu respondi logo:
"Eis-me aqui. Podeis enviar-me!".
Ao
convite de Deus num diálogo inefável, a colaborar na obra da salvação do seu
povo, Isaías aceita humildemente a chamada e compromete-se a transmitir a
mensagem da salvação.
* O
encontro no caminho de Damasco marca outra manifestação de Deus. É o momento
culminante da vida de Paulo. Foi o momento decisivo. Uma luz intensa o invade.
Cai do cavalo abaixo, praticamente cego. "Uma luz o cegou". Ouve uma
voz: E ele pergunta "quem és tu Senhor?" E ouve: "Eu sou aquele
a quem tu persegues". "Que hei-de fazer?". "Procuras
Ananias e ele vai dizer-to". Apesar do seu passado de perseguidor dos
cristãos, ele fica a saber que o Senhor o quer associar ao número dos
encarregados de anunciar a salvação, realizada em Cristo. E diz aos Coríntios:
"Recebestes o Evangelho que vos anunciei"; "Eu transmiti-vos o
que recebi": Cristo morreu, ressuscitou e apareceu a Pedro, aos Doze, a
quinhentos irmãos, a Tiago, a todos os Apóstolos e finalmente a mim, o último
(o ínfimo - nem sou digno de ser chamado apóstolo por ter perseguido a Igreja
de Deus". Mas "o que sou, sou-o pela graça de Deus que está
comigo".
Com a
manifestação de Jesus Cristo, apesar do seu passado de perseguidor da Igreja de
Deus, ele entrega-se sem reservas, coloca-se ao serviço da mensagem de Cristo
morto e ressuscitado.
* Na
margem do Lago de Tiberíades, de Genezaré ou Mar da Galileia, estão dois barcos
encostados. Jesus sobe para um e diz a Pedro para se afastar um pouco da
margem: "ensina a multidão". Depois diz: "Faz-te ao largo e
lançai as redes". Simão: "Toda a noite trabalhámos e não pescámos
nada. Mas já que tu dizes, vou lançar as redes". Milagre! As redes ficam
quase a romper-se, com tantos peixes. Chamam os companheiros do outro barco.
Uma azáfama! Encheram os dois barcos.
E
Pedro, meio admirado, meio fora de si: "Senhor, afasta-te de mim, sou um
homem pecador". Apossou-se dele um grande temor de Deus presente no
milagre. E Jesus diz a Simão: "Não temas. Serás pescador de homens".
E eles, deixaram os peixes, os barcos, "deixaram tudo e seguiram o
Mestre".
* O
nosso Deus aparece e fala através da história. Celebrámos em 4 de Fevereiro, a
festa do mártir português S. João de Brito. Bem português, da cidade de Lisboa.
Sentiu o apelo de Deus a ser missionário: ser como Francisco Xavier, cuja
roupeta havia vestido, em promessa, por causa duma doença de que se curou. Ir
para a Índia, anunciar o Evangelho lá longe aos pobres, era o seu sonho. Sonho
que realizou. Deixou corte, deixou riqueza, deixou honras, deixou uma vida
cómoda, deixou um belo casamento, um futuro rico. Mas o apelo de Deus era
irresistível... e a sua resposta foi decisiva. Ninguém conseguiu demovê-lo, nem
familiares, nem amigos. E foi, partiu, para o desconhecido e para o sofrimento.
E foi mártir. Morreu dando a vida por aqueles a quem tentava salvar com as suas
forças e com a ajuda da graça de Deus que sempre estava nele para anunciar a
Boa Nova da salvação.
*
Apesar da nossa fraqueza, apesar do nosso pecado, apesar da condição humana,
apesar do nosso passado, como Isaías, como Paulo, como Simão, como João de
Brito, e tantos outros, importa deixarmos a luz de Deus invadir-nos e
aceitarmos ser enviados a anunciar também a boa nova da salvação. Hoje como
ontem.
Não é
fácil porque estamos num mundo com pessoas que se julgam importantes, que não
querem Deus para nada, que não querem Seu nome nem na Constituição, nem na
Carta dos direitos fundamentais da União Europeia, ao que João Paulo II
advertiu: "não é suficiente enfatizar com belas palavras a dignidade
humana, quando os seus direitos são violados na prática".
O
homem que pôs de lado Deus, perdeu a alegria e perdeu o sentido da dignidade:
foi assim que alguns reinos e impérios caíram: "Se Deus não guarda a
cidade, em vão trabalham os que a guardam ou constróem". Somos chamados
como Paulo, como Isaías, como Pedro, como os Apóstolos e como João Baptista a
gritar a salvação, a vida e a dignidade das pessoas. Estes nomes serão
recordados para sempre como modelos e homens dignos e benfeitores da
humanidade. Os outros: os que rejeitam ou rejeitaram Deus ficaram ou ficarão
brevemente esquecidos, e sepultados no pó da história. Quem fala hoje de
Lenine, Estaline, de Marx, dos carrascos do Império romano, dos grandes
perseguidores da Igreja? Só em sumárias aulas de história e para lembrar a
caterva de destruições e a multidão de miseráveis que fizeram no seu tempo, no
qual muitos já sentiram na carne a vingança dos males que tinham feito.
Ao
título que coloquei no princípio destas palavras gostaria de dar outro mais
sugestivo para um cristão do século início deste milénio: Eu, católico a 100%
no mundo mais que laico em que vivo, tenho de ser boa nova e contar que a força
de Deus está comigo, para não aceitar as patranhas que me querem meter na
cabeça e tenha sempre coragem de defender os direitos de Deus e do homem, que o
homem pós-moderno tenta pôr de lado.
Comentários
Enviar um comentário