VATICANO Papa condena perseguições religiosas, pedofilia e pena de morte por ARMANDO SOARES

VATICANO
Papa condena perseguições religiosas, pedofilia e pena de morte  por ARMANDO SOARES
Coliseu.

No final da Via-Sacra, o Papa Francisco denunciou vários problemas, fazendo referência a
os cristãos que são "perseguidos, decapitados e crucificados". O Papa tinha já condenado também como "brutal" e "sem sentido" o ataque terrorista numa universidade do Quénia, que provocou pelo menos 148 mortos.
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O papa denunciou na sexta-feira, no final da Via-Sacra, a pena de morte, a pedofilia, e as perseguições religiosas.

No final das 14 estações que compõem a Via-Sacra e representam a condenação, execução na cruz, morte e sepultamento de Jesus Cristo, Francisco denunciou "a crueldade" de algumas situações atuais que correspodem ao calvário de Cristo, como a corrupção ou a indiferença das pessoas perante quem sofre.  
Também lembrou "os irmãos cristãos" que "são perseguidos, decapitados e crucificados aos olhos de todos e, frequentemente, sob um silêncio cúmplice".
Durante a Via-Sacra, de mais de uma hora de duração, o papa, de 78 anos, manteve-se sentado, em recolhimento profundo.  Daí presidiu à cerimónia.
Em cada uma das 14 etapas foi lida uma das 14 meditações escritas por Renato Corti, bispo emérito da cidade de Novara (norte de Itália), que referiam problemas actuais como a corrupção de menores.  
A cruz foi transportada por diferentes pessoas - doentes, famílias e católicos do Iraque, Síria, Nigéria, Egipto e China. O cardeal vigário-geral de Roma, Agostino Vallini, foi o responsável pelo início e fim da Via-Sacra, e no ano em que o Vaticano vai realizar o Sínodo da Família, de 4 a 25 de outubro, durante três estações sucessivas transportaram a cruz duas famílias numerosas italianas e outra com filhos adoptivos naturais do Brasil.  
Também foi abordado "o lugar importante das mulheres nos Evangelhos e o génio feminino". Nesta ocasião, duas irmãs dominicanas de Santa Catarina de Sena, oriundas do Iraque, transportaram a cruz. Na estação em que a meditação foi dominada por fenómenos como a solidão, o abandono, a indiferença ou a perda de entes queridos, dois homens de nacionalidade síria levaram a cruz.  
Dois cidadãos chineses transportaram a cruz durante uma estação, na qual se meditou sobre "os acontecimentos que violam a dignidade do Homem", como o tráfico de seres humanos, crianças-soldado ou "o trabalho que se converte em escravatura". Nesta altura, Corti denunciou a situação "dos rapazes e adolescentes que são ultrajados, agredidos na sua intimidade, barbaramente profanados", numa alusão às vítimas de abusos sexuais.  
Reunidos em torno do imenso Coliseu, dezenas de milhares de fiéis, seguiram a cerimónia em silêncio.   
Num telegrama, o Papa também condenou o ataque à universidade de Garissa no Quénia, que aconteceu no dia 2 abril, e que foi reivindicado pelo grupo jihadista somali Al Shaabab. No início  do ataque, homens armados dispararam ao acaso, mas depois mantiveram refém um grupo indeterminado de estudantes e professores com o objectivo de matar todos os que não fossem muçulmanos. 
"Sua Santidade condena este acto de brutalidade sem sentido e reza por uma mudança de atitude dos seus autores", pode ler-se num telegrama de pêsames que o secretário de Estado vaticano, Pietro Parolín, enviou em nome do pontífice ao arcebispo de Nairobi, John Njue. 

No telegrama, refere-se que o papa está "profundamente entristecido pela imensa e trágica perda de vidas causada pelo ataque à Universidade de Garissa". E apelou ainda para que todas as autoridades "redobrem os seus esforços para trabalhar com todos os homens e mulheres do Quénia para pôr fim a essa violência e acelerar o amanhecer de uma nova era de fraternidade, justiça e paz". Francisco exprimiu ainda a sua "proximidade espiritual às famílias das vítimas e a todos os quenianos neste momento doloroso".

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