MADAGÁSCAR/bispos Papa diz que bispos devem levantar voz contra desigualdade e corrupção
MADAGÁSCAR/bispos
Papa diz
que bispos devem levantar voz contra desigualdade e corrupção
Set 7, 2019 - 15:03
Francisco sublinha importância de colaboração
«madura e independente» entre a Igreja e Estado
O Papa
disse hoje em Madagáscar que a Igreja Católica tem de levantar a sua voz contra
“todas as formas de pobreza”, defendendo a intervenção pública da hierarquia.
“Ninguém pode exigir-nos que releguemos a
religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida
social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade
civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos”,
declarou, num encontro com os bispos de Madagáscar na Catedral de Andohalo,
arredores da capital da ilha.
Francisco alertou para a pobreza e as ameaças à
vida numa “terra rica”, com uma “sabedoria herdadas dos antepassados”.
“Temos de combater a desigualdade e a
corrupção”, apelou.
A intervenção partiu do lema da visita papal,
‘Semeador de paz e de esperança’, 30 anos depois da viagem de São João Paulo II
a Madagáscar, que foi a primeira na história do país.
“Sei que não faltam motivos de preocupação e
que, entre outras coisas, carregais no coração a responsabilidade de velar pela
dignidade dos vossos irmãos, que pedem para se construir uma nação cada vez
mais solidária e próspera, dotada de instituições sólidas e estáveis”, apontou
Francisco.
Pode um
pastor digno deste nome ficar indiferente aos desafios que enfrentam os seus
compatriotas de todas as categorias sociais, independentemente da sua pertença
religiosa? Pode um pastor segundo o estilo de Jesus ser indiferente às vidas
que lhe estão confiadas?”
O Papa sustentou uma colaboração “madura e
independente” entre a Igreja e o Estado, centrado na defesa de todas as
pessoas, sem nunca esquecer o “um vínculo indissolúvel entre a fé e os pobres”.
“Temos um dever particular de proximidade e
proteção para com os pobres, os marginalizados e os pequeninos, para com as
crianças e as pessoas mais vulneráveis, vítimas de exploração e abusos,
vítimas, hoje, desta cultura do descarte”, afirmou.
Francisco pediu aos bispos das dioceses
malgaxes, entre os quais o português D. José Alfredo Caires, que sejam sempre
pastores, “próximos de Deus, dos seus sacerdotes e do povo”.
De improviso, o pontífice advertiu para a
rigidez nos membros do clero, que considerou sinal de “graves problemas”, e
alertou para a importância do “acompanhamento e discernimento”, sobretudo no
que se refere às vocações para a vida consagrada e o sacerdócio, para não
deixar entrar “os lobos no rebanho”.
Os portugueses foram os primeiros europeus a
chegar ao território, em 1500; em 1896, a ilha tornou-se uma colónia francesa e
a independência data de 1960.
Os católicos representam 34,8% da população de
Madagáscar, segundo dados divulgados pelo Vaticano; a Igreja Católica tem mais
de 6 mil escolas, desde o ensino primário à Universidade, onde estudam quase
700 mil alunos, além de várias outras instituições de ação social.
Antes de deixar a Catedral de Andohalo, o Papa
rezou junto ao túmulo da leiga Victoire Rasoamanarivo (1848-1994), a primeira
beata malgaxe, que dedicou a sua vida aos mais pobres.
O dia encerra-se com uma vigília dedicada aos
jovens, no Campo Diocesano de Soamandrakizay, o mesmo local que no domingo
recebe a Missa presidida por Francisco, com participação prevista de centenas
de milhares de pessoas.
OC
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