NIGÉRIA / perseguição implacável
NIGÉRIA / perseguição implacável
Bispo de
Maiduguri denuncia «perseguição implacável» pelo grupo Boko Haram
Set 3, 2019 - 17:01
Foto: AIS |
O bispo de Maiduguri, na Nigéria, afirma
que a Igreja Católica na sua diocese tem sido vítima da “perseguição
implacável” do grupo radical Boko Haram, que começou os ataques há 10 anos e
pretende instaurar um califado.
“Dado que o cristianismo mantém uma ligação com a educação ocidental, deve
ser eliminado; Boko Haram significa que a educação ocidental é pecado”,
explicou D. Oliver Dashe Doeme, em informação enviada à Agência ECCLESIA.
Em declarações à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o bispo de
Maiduguri disse que a sua diocese “sofreu uma perseguição implacável” pelo Boko
Haram e foi palco de “uma destruição colossal de vidas e propriedades”.
Segundo D. Oliver Dashe Doeme, “neste momento, as coisas melhoraram
bastante”, apesar de a violência continuar a ser uma realidade no dia-a-dia das
populações, mas “muitos dos deslocados” já regressaram a casa, outro sinal
positivo foi “muitas das estruturas destruídas” terem sido “reedificadas” e “a
fé das pessoas está a fortalecer-se”.
No dia 28 de agosto, foi assassinado o padre David Tanko quando ia
participar num encontro para mediar um acordo de paz para pôr fim ao conflito
entre as populações Tiv e Jukun, nos Estados de Taraba e Benue.
“O assassinato de um sacerdote católico enfatiza a urgência de enfrentar
esse conflito duradouro e embaraçoso; A violência entre Tiv e Jukun é um dos
problemas mais persistentes e difíceis da Nigéria a serem resolvidos na
Nigéria”, disse o presidente da Nigéria, citado pelo portal ‘Vatican News’.
Muhammadu Buhari revelou que observou com “apreensão e descrença” a
maneira como “o ódio e o fanatismo residem na alma humana, instigando os irmãos
a matarem-se uns aos outros” e alertou que o progresso “é impossível onde a
violência e a destruição dominam a vida quotidiana”.
A fundação pontifícia AIS contextualiza que as Dioceses de Maiduguri, Yola
e Taraba estão no epicentro da zona de atuação do grupo terrorista que pretende
a instauração de um ‘califado’ na região; Os ataques do Boko Haram na Nigéria,
“em especial no nordeste” do país, começaram em 2009.
O bispo de Maiduguri destaca que 2014 foi, até agora, o ano mais violento
quando “membros da seita apoderaram-se de vastas áreas da diocese”, “mais de 25
padres foram deslocados, mais de 45 religiosas tiveram que abandonar os
conventos, mais de 200 catequistas foram expulsos dos locais de trabalho e mais
de 100 mil católicos tiveram que fugir das suas casas”.
Neste contexto, recorda que o Seminário menor em Shuwa foi transformado
pelos terroristas “num acampamento onde reuniram os recrutas e guardaram os
despojos das pilhagens” e quando abandonaram o edifício “atearam fogo à maior
parte do complexo”, o centro de formação em Kaya também foi destruído e saqueado,
“dois conventos, dois hospitais, 15 escolas missionárias, mais de dez casas
paroquiais e mais de 250 igrejas ou capelas”.
“Naquela época, nunca imaginaríamos que agora teríamos uma nova catedral na
cidade de Maiduguri; das 44 paróquias e áreas pastorais que temos na diocese,
apenas três paróquias ainda não estão a funcionar porque registam ainda
episódios de violência”, acrescentou.
Para D. Oliver Dashe Doeme a consagração da catedral de São Patrício é “um
sinal claro de que Deus permitiu a vitória do seu povo e marca o início da
recuperação da crise”, depois de cerca de sete anos de interregno quando duas
bombas danificaram o edifício.
CB
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