PORTUGAL/'nova democracia' Eleições: participação de todos nos atos eleitorais
PORTUGAL/'nova democracia'
Eleições:
participação de todos nos atos eleitorais
in Jornal da Madeira online JM-146
Papa:
“revitalizar as nossas democracias»
No início da publicação, intitulada “A afirmação dos Movimentos
Populares: a Rerum Novarum do nosso tempo’, o Papa Francisco realça que os
movimentos populares que integram e representam os mais carenciados são como “o
fermento de uma profunda transformação social”. A obra dedicada aos Movimentos
Populares, congrega 5 anos de acompanhamento do trabalho que foi realizado por
milhares de associações sociais e cívicas em todo o mundo, após 2014. O
Vaticano acolheu em outubro de 2014 um encontro mundial de Movimentos Populares
– Justiça e Paz.
No prefácio do referido livro, Francisco salienta que “os Movimentos Populares
representam uma importante alternativa social”, como que “um grito” que ressoa
das “entranhas” da sociedade. São “uma fonte de energia moral para revitalizar
as nossas democracias”, pois “o antídoto para o populismo e para o chauvinismo
político está nos esforços da iniciativa cívica organizada”, na primazia do
“nós” sobre o “culto do eu”, escreve o Papa argentino.
“Os Movimentos Populares são a demonstração tangível e concreta de que é
possível seguir um rumo contra corrente à cultura atual… através da criação de
novas formas de trabalho centradas na solidariedade e na comunidade”, afirma o
Papa. Ao resistirem à “tirania do dinheiro”, afirmam-se também como importantes
“sentinelas” na salvaguarda de um futuro melhor, acrescenta Francisco, que apela a um “novo humanismo” capaz de contrariar a
atual falta de compaixão e de cuidado com o bem-comum.
Combater a desigualdade e a corrupção
Falando
aos bispos, na Catedral de Andohalo, na sua visita a Madagáscar, o Papa Francisco disse que a
Igreja Católica tem de levantar a sua voz contra “todas as formas de pobreza”,
defendendo a intervenção pública da hierarquia. “Ninguém pode exigir-nos que releguemos
a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na
vida social e nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das instituições da
sociedade civil, sem nos pronunciarmos sobre os acontecimentos que interessam
aos cidadãos”, acentuou.
E deixou um apelo: “Temos de combater a desigualdade e a corrupção”. “Sei que carregais no coração a responsabilidade de
velar pela dignidade dos vossos irmãos, para construir uma nação cada vez mais
solidária e próspera, dotada de instituições sólidas e estáveis”.
Todos os cidadãos na vida democrática
O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, apelou à participação dos madeirenses nas
próximas eleições, apontando o dever de participação “na escolha” dos que vão
governar e indicando que a “vida democrática” reconhece a “mesma dignidade” a
todos os cidadãos.
“É a vida democrática, conquista preciosa da nossa civilização, que faz
corresponder a cada adulto um voto, o mesmo é dizer: que reconhece a mesma
dignidade a todos os cidadãos adultos de um país, quaisquer que eles sejam: que
não os diferencia pelo dinheiro que possuem, pelas capacidades que têm ou pela
sua notoriedade, mas que a todos iguala pelo facto de serem seres humanos,
cidadãos na posse plena das suas capacidades”, afirmou D. Nuno Brás na Festa da
padroeira Nossa Senhora do Monte
Com a “aproximação do período eleitoral”, que o responsável afirma ser
“sempre decisivo para a vida como sociedade”, disse o bispo do Funchal ser
necessária a participação de todos para a escolha dos que “hão-de fazer as
leis”, dos que irão “administrar o dinheiro comum proveniente dos impostos”
pagos, daqueles que irão “escolher os caminhos a percorrer nestes próximos
anos”.
“Havemos de o fazer tendo em conta a dignidade de todo o ser humano e os
valores cristãos que, desde sempre, dão forma ao nosso viver madeirense e
português”, sublinhou.
Governantes para servir o homem
integral
“Nós, cristãos, temos o
direito de lutar por uma sociedade sempre mais plenamente humana; por relações
entre pessoas em que todos possam ser respeitados na sua dignidade; por modos
de existência que não caiam em soluções fáceis mas que nos tornem profundamente
desumanos, a nós e a toda a sociedade: é mais fácil abortar uma criança que
cuidar dela; é mais fácil matar, eutanasiar, um doente ou um idoso que cuidar
dele, que proporcionar-lhe os cuidados que estão ao nosso alcance para o ajudar
e acompanhar nos seus últimos mas preciosos momentos da vida”, esclareceu D.
Nuno Brás.
Todas as dimensões da vida são
objeto da formação e das preocupações do cristão. Alguém a disse que D. Nuno
não tinha “autoridade moral” para falar de política! Confesso que julgava haver
mais respeito pelos direitos humanos em Portugal, no que toca à liberdade
religiosa! Bispos, padres ou leigos são cidadãos e devem ser responsáveis na
organização da “pólis”.
182
Comentários
Enviar um comentário