Maurícia: Papa diz que Igreja tem de confiar nos «pobres e descartados»
Maurícia: Papa diz que
Igreja tem de confiar nos «pobres e descartados»
09 set 2019 10:13 Ecclesia
Francisco homenageia figura Jacques-Désiré
Laval, que dedicou a sua vida aos antigos escravos na ilha do Índico
O Papa desafiou hoje, 9 set 2019, Igreja Católica a confiar nos "pobres e descartados", apresentando como exemplo o missionário francês Jacques-Désiré Laval, do século
XIX, que dedicou a sua vida aos antigos escravos na Maurícia.
“A sua solicitude levou-o a confiar nos mais
pobres e descartados, para que foO Papa desafiou hoje a Igreja Cssem eles mesmos os primeiros a organizar-se e
a encontrar respostas para as suas tribulações”, declarou Francisco, na Missa a
que presidiu no Monumento de Maria, Rainha da Paz, a 40 quilómetros da capital
Port Louis, onde chegou esta manhã.
A celebração contou com a presença de 100 mil
fiéis da Maurícia e outras ilhas do Oceano Índico; no altar foram colocadas as
relíquias do Beato Jacques-Désiré Laval, religioso espiritano que o Papa evocou
como “apóstolo da unidade mauriciana”.
“O amor de Cristo e dos pobres marcou de tal
maneira a sua vida que o protegeu da ilusão de realizar uma evangelização
‘abstrata e assética’”, sublinhou Francisco, destacando que o missionário
francês “aprendeu a língua dos escravos recém-libertados e anunciou-lhes de
maneira simples a Boa Nova da salvação”.
“Soube reunir os fiéis, formá-los para
empreender a missão e criar pequenas comunidades cristãs em bairros, cidades e
aldeias vizinhas; muitas daquelas pequenas comunidades estão na origem das
paróquias atuais”, acrescentou.
A população saudou o Papa com ramos de palma,
como símbolo das 100 mil palmeiras que vão ser plantadas na ilha para reflorestar
o país.
A viagem de oito horas à Maurícia é a terceira
etapa de uma viagem a África, iniciada na quarta-feira, com passagens por
Moçambique e Madagáscar, dois dos países mais pobres do mundo.
Francisco desafiou as comunidades católicas da
região a manter o “impulso missionário” e o “rosto jovem da Igreja e da
sociedade”.
“Nesta linha, custa constatar como, apesar do
crescimento económico que registou o vosso país nas últimas décadas, sejam os
jovens quem mais sofre: são eles os mais afetados pelo desemprego, o que lhes
causa um futuro incerto e tira-lhes também a possibilidade de se sentirem
protagonistas da sua própria história comum”, advertiu.
Num país em que os católicos representam cerca
de 28% da população, o Papa convidou a centrar preocupações na falta de “homens
e mulheres que queiram viver a felicidade pelos caminhos da santidade”.
Após a celebração da Missa, o Papa almoça com os
bispos da Conferência Episcopal do Oceano Índico – Maurícia, Rodrigues,
Reunião, Seicheles e Comores, visitando ainda, em privado, o santuário do padre
Laval, espaço de peregrinação para a população da ilha.
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