MADAGÁSCAR/visita do Papa Missionários portugueses esperam «visita histórica» do Papa num dos países mais pobres do mundo
MADAGÁSCAR/visita do Papa
Missionários portugueses esperam «visita histórica» do Papa num dos
países mais pobres do mundo
Set 6, 2019 - 11:20
Francisco
chega a Antananarivo, em clima de festa, 30 anos depois da passagem de São João
Paulo II
Antananarivo, 06 set 2019
(Ecclesia) – O Papa chegou hoje a Madagáscar, para uma visita considerada
“histórica” pelo sacerdote dehoniano Agostinho Clemente Gonçalves, missionário
num dos países mais pobres do mundo.
30 anos depois da passagem de
São João Paulo II pela ilha, Francisco vai encontrar uma população que, na sua
maioria (75%) vive com menos de 2 euros por dia.
“O povo anseia pela paz numa
situação, diríamos, de insegurança e violência generalizada. Nota-se um
congregar de esforços e uma boa colaboração a vários níveis, entre os diversos
setores e forças da Igreja Católica, com as outras igrejas, com o Estado e o
Governo malgaxes”, assinala o padre Agostinho Clemente Gonçalves, em
declarações à Agência ECCLESIA.
“Sem dúvida que este congregar
de esforços produzirá os seus frutos”, acrescenta.
O religioso fala na “grande
expectativa, esperança e entusiasmo” na preparação da viagem pontifícia, que
teve como mote ‘Vem visitar-nos o Papa Francisco, fortalecer o povo de Deus e
semear paz e esperança’.
Segundo o missionário
português, espera-se que entre 800 mil a 1 milhão de pessoas participem na
Missa presidida pelo Papa este domingo, numa celebração “de fé, solidariedade,
juventude e comunhão”.
O padre Agostinho Clemente
Gonçalves recorda ainda a beatificação do mártir Lucien Botovasoa (15 de abril
de 2018), foi morto por causa da sua fé, em 1947, na aldeia de Vohipeno.
“Esta visita apostólica do
Papa Francisco reveste-se dum significado bastante grande para o povo malgaxe,
mas sobretudo para a comunidade católica, depois da beatificação do mártir
Lucien Botovasoa, um jovem leigo, casado, professor de escola católica e
catequista que derramou seu sangue pela fé que professava, vivia e ensinava,
aquando dos acontecimentos sangrentos de 1947”, destaca.
Esta quarta-feira, o bispo da
Diocese de Mananjary, em Madagáscar, disse à Agência ECCLESIA que a visita do
Papa Francisco será um “momento histórico” para o país.
“Neste momento histórico da
vida social e política de Madagáscar, a visita do Papa é uma Bênção para o
nosso povo Malgaxe e para Igreja em missão”, assinalou D. José Alfredo Caires,
missionário que em 2000 foi nomeado bispo, por São João Paulo II.
O Papa polaco tinha sido, até
hoje, o único pontífice a visitar a ilha do Índico, em 1989; Francisco chegou a
Antananarivo, capital do país, esta sexta-feira, depois da passagem por
Moçambique.
“Estamos num país muito rico
em recursos naturais, mas que vive na pobreza, eu diria na miséria – somos
considerados um dos países mais pobres; estamos num pais onde há paz – ou seja
não há guerras -, mas reina a corrupção em todos os setores sociais e um
banditismo galopante”, denuncia D. José Alfredo Caires, natural da
Madeira.
Os portugueses foram os
primeiros europeus a chegar ao território, em 1500; em 1896, a ilha tornou-se
uma colónia francesa e a independência data de 1960.
Os católicos representam 34,8%
da população de Madagáscar, segundo dados divulgados pelo Vaticano; a Igreja
Católica tem mais de 6 mil escolas, desde o ensino primário à Universidade,
onde estudam quase 700 mil alunos, além de várias outras instituições de ação
social.
O Papa chegou hoje pouco
depois das 16h00 (menos duas em Lisboa) ao aeroporto internacional de
Antananarivo, onde foi recebido pelo pelo presidente do país, Andry Rajoelina,
acompanhado da primeira-dama, para a cerimónia de boas-vindas, sem discursos; o
papamóvel seguiu para a Nunciatura Apostólica, que hospeda Francisco até
terça-feira, num percurso seguido por milhares de pessoas.
A agenda oficial inicia-se no
sábado, às 09h30 locais, com a visita de cortesia ao presidente Rajoelina,
católico, no palácio “Iavoloha”; segue-se o encontro com as autoridades, a
sociedade civil e o corpo diplomático.
Pelas 11h15, o Papa vai rezar
no Mosteiro da ordem das Carmelitas Descalças e, de tarde, encontra-se com os
Bispos de Madagáscar na Catedral de Andohalo, antes da visita ao túmulo da
leiga Victoire Rasoamanarivo (1848-1994), a primeira beata malgaxe, que dedicou
a sua vida aos mais pobres.
O dia encerra-se com uma
vigília dedicada aos jovens, no Campo Diocesano de Soamandrakizay, o mesmo
local que no domingo (10h00) recebe a Missa presidida por Francisco.
O Papa vai visitar depois
‘Akamasoa’, a Cidade da Amizade que nasceu em 1989 pela mão do religioso
argentino Pedro Opeka, uma iniciativa que permitiu tirar milhares de pessoas de
uma lixeira, dando-lhes emprego numa pedreira de granito; a agenda prevê uma oração
para os trabalhadores, no Estaleiro de Mahatzana, antes do encontro com os
sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas no Colégio Saint
Michel (16h00).
Segundo o Vaticano, Francisco
vai também encontrar-se com os sobreviventes de uma epidemia de sarampo que, de
abril de 2018 a abril de 2019, causou 1200 mortes em Madagáscar.
Nas intervenções pontifícias
espera-se uma particular atenção aos temas ligados à proteção do ambiente, numa
ilha marcada pela sua biodiversidade.
A quarta viagem do Papa a
África passa ainda pela Maurícia, esta segunda-feira, mas o pontífice pernoita sempre em Antananarivo, de onde parte, na
manhã de terça-feira, de regresso a Roma.
OC
Comentários
Enviar um comentário