BURKINA FASO terrorismo


BURKINA FASO terrorismo
Agrava-se crise humanitária c/cidades isoladas por causa da ameaça terrorista
Por Fundação AIS 
Foto AIS. Burkina, pessos deslocadas por causa do terrorismo.
No Burkina Faso, por causa da ameaça terrorista, são cada vez mais as populações que estão em fuga ou isoladas em cidades ou vilas, sem mantimentos, combustível e energia.
Fontes AIS em algumas dioceses descrevem um retrato dramático que está a fazer crescer também um sentimento de orfandade nas populações. A ameaça terrorista é tão forte em algumas regiões no norte e leste do Burkina Faso, que colocou quase em segundo plano o risco da pandemia do coronavírus.
O Covid19 é “uma desgraça dentro de uma desgraça”. A situação, que já era terrível, “piorou em alguns lugares” e afecta já quase um milhão de pessoas de deslocados.
Nalgumas áreas do Burkina Faso: na região norte central, ou na região do Sahel, os ataques são praticamente quotidianos. Há regiões que “estão isoladas”, por causa da total insegurança. As poucas aldeias que ainda estão povoadas abrigam milhares de pessoas deslocadas internamente, mas estão cada vez mais isoladas do resto do país.”
Cidades isoladas, cercadas pelo medo e violência. Esta é a realidade em partes consideráveis do território do Burkina Faso. A cidade de Djibo, é um exemplo. Bloqueada pelos terroristas desde meados de Janeiro, assemelha-se a uma ilha com pessoas apavoradas. “Não há transporte, não há suprimentos, não há acesso de entrada ou saída, há escassez de água, combustível, comida, cortes de energia etc..”
Nesta cidade, capital de província, segundo o Conselho Nacional de Ajuda e Reabilitação de Emergência (CONASUR), vivem quase 150 mil pessoas deslocadas internamente. Arbinda é outra cidade bloqueada pelos terroristas. Abriga cerca de 60 mil pessoas. Apesar de isoladas, apesar da escassez de água ou comida, estas duas cidades são quase os últimos enclaves de alguma liberdade. Fora das suas casas, das suas ruas, é território terrorista.
Um sacerdote da Diocese de Kaya, na região Centro-Norte, traça um relato em tudo semelhante: “As aldeias estão quase desertas, perderam o ritmo da vida, embora ainda haja sinais de esperança. Na minha paróquia há problemas relacionados com as necessidades básicas. O problema crucial continua a ser a água. É muito difícil obter esse precioso líquido, que força as mulheres, com todos os riscos que isso implica, a retornar às cidades vizinhas abandonadas por causa das ameaças terroristas, a tentar obtê-lo e transportá-lo em triciclos.”
Também em Kaya há comunidades importantes, como Namisgma e Dablo, onde os terroristas se estabeleceram, isolando-as do resto do território.
Em Fevereiro, o secretário-geral da Conferência Episcopal do Burkina e Níger, alertava, através da Fundação AIS, para a situação trágica que se está a viver neste país africano, afirmando a necessidade de haver uma “resistência popular contra o terrorismo”.
Padre Pierre Claver Belemsigri, que esteve com uma equipa da AIS que visitou o Burkina Faso no início do ano para avaliar a situação dos cristãos no norte do país e reiterar junto destas comunidades a solidariedade da Igreja universal , disse que “há terroristas – sejam do Burkina ou do exterior – que, com armas na mão, pretendem realmente forçar todo o continente africano a tornar-se islâmico”.
“Querem introduzir a lei da ‘sharia’ no Burkina Faso. Mas existem também outros que estão a usar o Islão como pretexto para promover os seus interesses financeiros ou criminosos.”
As autoridades revelam insuficiência de meios para se oporem aos grupos terroristas e de malfeitores e isso vem ampliar esta tragédia que tem passado praticamente despercebida aos olhos do mundo.
“Das 75 aldeias da minha paróquia, apenas 10 ainda são habitadas. Como as aldeias foram abandonadas, grande parte do território está nas mãos de terroristas, escapando ao controlo do Estado”, denuncia um sacerdote da diocese de Kaya que também teve de fugir, juntamente com a comunidade cristã.
As populações enfrentam não só a ameaça terrorista como, também, a pandemia do coronavírus. São duas realidades e “É muito difícil saber o que é pior”: Covid19 e aos terroristas; “as consequências são as mesmas, porque ambas criam situações de morte.”
Calcula-se que quase 1 milhão de pessoas estão deslocadas internamente por causa da ameaça terrorista. Desde 2019, mais de mil pessoas – cristãos, seguidores da religião tradicional e muçulmanos – foram mortos. Treze padres, sete congregações religiosas e 193 coordenadores pastorais tiveram que abandonar os locais onde se encontravam em missão por questões de segurança.
Lamentavelmente, o resto do mundo não parece ter entendido que o nosso país corre o risco de desaparecer se não nos unirmos todos contra os terroristas, em oração, unidade e solidariedade. Estes são os desafios que temos de enfrentar para acabar com o terrorismo.”

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