DESLOCADOS internos 140 mil/dia
DESLOCADOS internos 140 mil/dia
Papa Francisco: terceira mensagem
dedicada aos deslocados
Maio 15 2020
"A paz é a única solução para deter o deslocamento forçado de
pessoas". Na coletiva de apresentação da Mensagem do Papa Francisco para a
106º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, o destaque é dado ao drama dos
50,8 milhões de deslocados no próprio país, que fogem das guerras civis ou
desastres naturais. Com a pandemia que aumenta as infecções e a fome
Alessandro Di Bussolo –
Cidade do Vaticano
Família afegã de deslocados |
"Agora é a hora de um
investimento maciço na paz" que é "a única solução para deter o
deslocamento forçado de pessoas". Falam quase a uma só voz Padre José
Cassar, diretor do Serviço dos Jesuítas para os Refugiados (JRS) no Iraque e Amaya
Valcárcel, coordenadora internacional de “Advocacy", também do JRS. Ambos
trazem em primeiro plano o drama de milhões de pessoas deslocadas internamente,
aos quais o Papa Francisco dedicou a sua mensagem para o Dia Mundial do
Migrante e do Refugiado 2020. O tema da mensagem deste ano é: “Forçados, como
Jesus Cristo, a fugir. Acolher, proteger, promover e integrar os deslocados
internos”.
O drama dos 6,5 milhões de
deslocados na Síria
Seis milhões e meio na Síria,
5,5 na República Democrática do Congo e na Colômbia, 4,9 na Venezuela, 1,4 no
Iraque e 450 mil em Mianmar: números que são pessoas, são as 50,8 milhões de
pessoas deslocadas internamente que o Papa denuncia como “esquecidos” na sua
mensagem e são a maioria dos 80,1 milhões dos deslocados forçados em todo o mundo.
Cerca de 45 milhões deixam suas casas e se deslocam a outras cidades ou
regiões, por causa de conflitos e violências e 5,1 por causa de desastres
naturais, recorda o cardeal Michel Czerny, jesuíta e subsecretário da Seção
Migrantes e Refugiados do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral,
que introduz a coletiva.
Terceira mensagem do Papa
dedicada aos deslocados
O cardeal recorda que esta é a
terceira mensagem que o Papa dedica às pessoas deslocadas. A primeira foi em
2014, “Rumo a um mundo melhor”, e em
2017, “Crianças migrantes, vulneráveis e sem voz”, porém é a primeira que “se
concentra no cuidado pastoral das pessoas deslocadas internamente”. O cardeal
Czerny explica que estas mensagens, enraizadas em mais de um século de
tradição, “enriquecem o magistério do Papa Francisco com relação às pessoas
mais vulneráveis de toda a sociedade: os descartados, os esquecidos, os
deixados de lado”.
Czerny: “são cidadãos de
papel” desenraizados no próprio país
Os deslocados internos,
explica o Subsecretário, "abandonando seu lar e ambiente familiar, vivem
desenraizados dentro de seu próprio país, entre compatriotas que podem sentir
aversão e ressentimento por eles". Eles se tornam "cidadãos 'no
papel', que não se adaptam, mesmo tendo muito a oferecer": suas necessidades,
conclui, "exigem atenção e são nossa responsabilidade", mas no
momento parece haver "outras prioridades".
Baggio: verbos da pastoral
migratória
O outro subsecretário, o padre
scalabriniano Fabio Baggio, concentra-se na análise da mensagem pontifícia para
sublinhar que Francisco propõe uma
"nova articulação dos 4 verbos com os quais quis sintetizar a pastoral
migratória: acolher, proteger, promover e integrar. E sintetiza a mensagem
em cada um dos seis pares de verbos, ligados por uma "relação casual".
Conhecer suas histórias para
compreender as necessidades
No primeiro par,
"conhecer para compreender", segundo o Padre Baggio, o Papa
esclareceu "que os deslocados internos não são números, mas pessoas".
Só conhecendo suas histórias poderemos entender seu drama e suas
necessidades". E a este par é dedicado o primeiro vídeo da campanha de
preparação para o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, apresentado durante a
conferência, preparado pelo Departamento para o Serviço de Desenvolvimento Humano
Integral".
A falta de conhecimento leva
ao preconceito
Sobre este par deverbos também
desenvolve o debate dos jornalistas via Skype, com o padre scalabriniano que
ressaltou que é a falta de conhecimento do outro que leva ao preconceito. Amaya
Valcárcel traz sua experiência pessoal do encontro com um deslocado somali em
1996 no refeitório da Comunidade de Sant'Egidio em Roma, onde foi voluntária
quando era estudante de Direito. "Eu realmente não sabia o que fazer na
vida", diz , "e a amizade com este pai de família que me contou sobre
o drama de seus entes queridos deixados na Somália em guerra e que estava
tentando fazê-los vir para a Itália, me levou a dirigir meu percurso de estudos
em assistência jurídica a essas pessoas, até que entrei no JRS".
Ser anjos que levam ao
encontro do outro
O Cardeal Czerny conclui que
"o medo é o obstáculo mais forte à fé, e o medo do outro, do diferente de
nós, não se vence com argumentos e conceitos, mas com o encontro". Há
necessidade, explica ele, "de um anjo que nos tome pela mão e nos leve ao
encontro que é descoberta do outro como irmão e irmã, para fazer desaparecer o
medo" e nós cristãos podemos ser esse anjo para aqueles que não acreditam.
Como as associações e paróquias, "que fazem um esforço, até mesmo comunicativo,
para compartilhar suas 'boas práticas' para nos fazer entender que nossos medos
são infundados"
Comentários
Enviar um comentário