Pandemia: tempo de mudança


Pandemia: tempo de mudança
Patriarca de Moscou e de toda as Rússias, Kirill | D.R.
Deus no centro
O Patriarca de Moscou, Kirill, enviou ao Papa Francisco e aos responsáveis pelas Igrejas não ortodoxas seus votos de Feliz Páscoa, solenidade que os ortodoxos ligados ao calendário juliano celebraram no dia 19 de abril. 
Na mensagem o Patriarca escreveu: “Compartilhando a alegria da festa unimo-nos aos esforços para afirmar na sociedade os valores morais permanentes, para ajudar os que sofrem injustiças, os que são perseguidos ou ameaçados pela difusão da infeção do coronavírus. 
Alguns dias atrás o Patriarca de Moscou falou várias vezes sobre o tema da emergência causada pelo coronavírus: “Toda a crise leva a uma mudança, depende do indivíduo se é para melhor ou pior”, assim afirmou em 7 de abril. 
Para que seja melhor, afirmou, um cristão deve recordar que “o homem foi criado por Deus e que Deus com a sua lei justa e infalível deve ser o centro da vida do homem; lei cuja execução leva uma pessoa à verdadeira felicidade, não apenas na sua vida pessoal, mas na construção de relações sociais, entre homem e natureza, entre homem e cosmos”.
A “terrível infeção” que se está espalhando em todo o mundo é “uma desgraça global, como jamais houve antes na história. Hoje, praticamente, estamos enfrentando uma “infeção global”. 
As pessoas têm medo, temem pela própria vida. “É muito importante que esta doença, este medo mortal, sirvam a todos para se corrigirem”, sublinhou. 

Mudança para melhor
É tempo de pensar onde está a verdade? A verdade é esta: Deus é o Criador do mundo e o destino humano depende d’Ele. O patriarca Kirill, observa que “o grandioso desenvolvimento da ciência” levou “à afirmação da autonomia humana, mesmo de Deus”.
“A civilização antropocêntrica, colocou o homem no centro, obrigando Deus a sair da sua vida, para periferia do ser humano.
Foi feito um terrível erro. Porque o homem é transitório. As preferências, a moral, os costumes, as crenças de uma pessoa, até mesmo o sistema de valores mudam, e por causa desta variabilidade, a sucessão espiritual das gerações não é garantida, assim como a integridade da vida humana. Somente Deus é imutável, somente Deus é verdade absoluta”. 
Por isso a tarefa do homem nunca será combater Deus, tirando-o do centro, mas aceitá-lo no próprio coração, tornando-se uma pessoa nova. 
Kirill conclui desejando que “todos possamos sair desta prova completamente mudados, com uma grande fé e com uma clara compreensão de que Deus é o Senhor da história”. Somente assim “o que chamamos de crise, um momento de mudança, será uma crise pelo bem, uma mudança para melhor”.
Pai-Nosso 
No dia 25 de março, disse o Papa Francisco: “Hoje unimo-nos todos os cristãos do mundo, para rezar juntos o Pai-Nosso, a oração que o Senhor nos ensinou. Como filhos confiantes, dirigimo-nos ao Pai: fazemo-lo todos os dias, várias vezes ao dia, mas neste momento queremos implorar misericórdia para a humanidade, duramente provada pela pandemia do coronavírus”.
“Fazemo-lo juntos, cristãos de todas as Igrejas e comunidades, de todas as tradições, de todas as idades, línguas e nações. Rezamos pelos doentes e suas famílias; pelos profissionais de saúde e quantos os ajudam; pelas autoridades, as forças da ordem e os voluntários; pelos ministros das nossas comunidades”, acrescentou.
O patriarca ecuménico de Constantinopla, Bartolomeu I, Igreja Ortodoxa, e o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, Igreja Anglicana, uniram-se à iniciativa de Francisco, bem como a Conferência das Igrejas Europeias (KEK) e o Conselho Mundial das Igrejas, …

Na Praça vazia
Ao fim do dia 27 de março, o Papa Francisco presidiu a uma oração pelo fim da pandemia, no adro da Basílica de São Pedro, numa Praça vazia, com o ícone de Maria, ‘Salus Populi Romani’, venerado na Basílica de Santa Maria Maior, e a cruz da igreja de São Marcelo al corso, considerada milagrosa. 
O Papa carregou o terrível sofrimento da humanidade, representado na imagem do clamor de Jesus na Cruz, que encarna todos os povos de todos os tempos. E personalizou o clamor do homem a Deus, usando os salmos dramáticos de invocação, que segundo a tradição judaico-cristã adquirem grande poder. 
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, Dom Vincenzo Paglia, comenta: “Impressionou-me que a transmissão televisiva da oração do Papa naquela noite fosse vista por milhões e milhões de italianos, dos quais muitos certamente não são crentes ou católicos”. Esse cenário emocionante nunca mais nos sairá da memória.

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