AMAZÓNIA indígenas em risco de 'genocídio'
AMAZÓNIA indígenas em risco
300.000 indígenas enfrentam o extermínio na Amazónia brasileira
A sobrevivência dos povos indígenas do Brasil está ameaçada devido à
ausência de proteção contra o surto de Covid-19. Sebastião e Lélia Salgado organizaram
uma carta aberta a Bolsonaro exigindo uma ação imediata das autoridades
brasileiras para evitar “um genocídio”.
5 de Maio, 2020 - 10:34h
Esquerda
Foto de Mídia Ninja/Flickr |
Os povos indígenas do Brasil
estão a ser dizimados há cinco séculos em consequência das doenças trazidas
pelos colonizadores, às quais se juntaram o desmatamento, os incêndios
florestais, rios e terras envenenados e a invasão das terras. Agora, a ausência
de medidas para os proteger da Covid-19 deixa-os, nas palavras de Sebastião
Salgado, “à beira de um genocídio”.
Ao apelo lançado por
Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado, já se juntaram nomes como Mario
Vargas Llosa, Brad Pitt, Oprah Winfrey, Meryl Streep, Ai Weiwei, Norman Foster,
Paul McCartney, Madonna, Gisela Bündchen, Naomi Campbell entre outros actores,
músicos, escritores, cientistas e intelectuais.
“Hoje, com esse novo flagelo
se disseminando rapidamente por todo o Brasil, comunidades nativas, algumas
vivendo de forma isolada na Bacia Amazónica, poderão ser completamente
eliminadas, desprovidas de qualquer defesa contra o coronavírus. Sua situação é
duplamente crítica, porque os territórios reconhecidos para uso exclusivo de
populações autóctones estão sendo ilegalmente invadidos por garimpeiros,
madeireiros e grileiros. Essas operações ilícitas se aceleraram nas últimas
semanas, porque as autoridades brasileiras responsáveis pelo resguardo dessas
áreas foram imobilizadas pela pandemia. Sem nenhuma proteção contra esse vírus
altamente contagioso, os índios sofrem um risco real de genocídio, por meio de
contaminações provocadas por invasores ilegais em suas terras.” – podemos ler
no texto da petição, que já recolheu perto de 200.000 assinaturas.
Em Novembro de 2019, vários
representantes dos povos indígenas estiveram em vários países para denunciar como
a política de Bolsonaro estava a pôr em causa as suas vidas, pedindo apoio
internacional para que não fosse derramada nem mais uma gota de sangue
indígena.
Em declarações ao The Guardian (link is
external), Sebastião Salgado explica que “as comunidades
indígenas nunca estiveram tão sob ataque. O Governo não tem qualquer tipo de
respeito pelos territórios indígenas”, numa referência à política (link is external) de
Bolsonaro, incluíndo os severos cortes orçamentais das agências que trabalham
para protecção dos povos indígenas e dos seus direitos, e à demissão de vários
funcionários superiores, da área ambiental.
O fotógrafo invoca mesmo o
exemplo do genocídio do Ruanda em 1994, por si documentado, lembrando que “no
Ruanda vimos um violento genocídio, um ataque, onde as pessoas foram
fisicamente mortas. O que acontecerá no Brasil também implicará a morte dos
indígenas. Quando se aprova ou encoraja um acto que se sabe que vai eliminar a
população ou parte da população, isto é a definição de genocídio... [será]
genocídio porque sabemos que vai acontecer, estamos a facilitar... a entrada do
coronavirus... [e desse modo] a dar permissão para a morte destes povos
indígenas.” E conclui: “Seria a extinção dos povos indígenas do Brasil”.
De acordo com Sebastião
Salgado, Bolsonaro não atuará por sua própria vontade, mas poderá fazê-lo sob
forte pressão internacional, à semelhança do que aconteceu no ano passado com
os incêndios na Amazónia.
“Só na Amazónia, existem 103
grupos indígenas com os quais nunca contactámos. Representam a Pré-História da
humanidade. Não podemos permitir que tudo isto desapareça”, conclui Sebastião
Salgado.
O Brasil tem(link is external) actualmente
102.719 casos confirmados de Covid-19 e registou já 7.106 mortes. Das 20 cidades(link is external) mais
afectadas, com maior mortalidade e incidência de casos, 18 são no Norte e
Nordeste do país, sendo a cidade de Manaus(link is external) a
mais afectada em todo o Brasil.
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