MIGRAÇÕES deslocados internos
MIGRAÇÕES deslocados internos
Vaticano apresenta documento sobre deslocados internos, vítimas «invisíveis»
dos conflitos e catástrofes
Mai 5, 2020 - 12:50
Pandemia veio agravar situação
de mais de 50 milhões de pessoas
Deslocados internos no Iraque. Foto: ACNUR |
O Vaticano apresentou hoje,
dia 5 de maio 2020, um novo documento sobre os deslocados internos, com
orientações pastorais aprovadas pelo Papa Francisco, em que denuncia a situação
de “invisibilidade” de cerca de 50 milhões de pessoas nesta situação.
A publicação da secção ‘Migrantes e
Refugiados’ do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral
(Santa Sé) foi apresentada em conferência de imprensa, pelo subsecretário deste
departamento, o cardeal Michael Czerny.
Destacou, em resposta aos jornalistas, que
a pandemia de Covid-19 veio agravar a situação dos deslocados internos,
somando-se aos problemas já existentes.
Para o cardeal jesuíta, é um “sinal feliz”
que a Igreja Católica esteja a fazer coisas novas, a todos os níveis, para
responder à crise pandémica, sem deixar de fazer tudo o que sempre fez.
“É um bom sinal que consigamos assumir
este novo desafio”, acrescentou.
O colaborador do Papa espera que os
ataques de natureza xenófoba sejam travados pela consciência de que os
migrantes são essenciais em trabalhos na área da saúde, agricultura ou atividades
comerciais.
“São uma parte essencial da forma como
vivemos”, acrescentou.
Neste
tempo de pandemia, o vírus não distingue entre os que são importantes e os que
são invisíveis, os que estão instalados e os deslocados: todos são vulneráveis,
cada infeção é um perigo para todos”.
As orientações agora publicadas pelo Vaticano
destinam-se ao reconhecimento das populações que são “obrigadas” a deixar a sua
casa e a procurar refúgio dentro do seu próprio território nacional.
O cardeal Michael Czerny pediu que estas
pessoas sejam “apoiadas, promovidas e acabem por ser reintegradas, para que
possam desempenhar um papel construtivo no seu país, mesmo que causas muito
fortes, tanto naturais como causas humanas injustas, os forçaram a sair de casa
e a refugiar-se noutro lugar, dentro do seu próprio país”, declarou.
Foto: ACNUR |
O padre Fabio Baggio, também subsecretário
da secção ‘Migrantes e Refugiados’, explicou que as orientações pastorais se
organizam em volta dos quatro verbos com que o Papa tem apresentado a ação da
Igreja Católica no campo das migrações: acolher, proteger, promover e integrar.
O responsável destacou a “invisibilidade”
dos deslocados internos, a quem falta muitas vezes um “reconhecimento formal”
da sua situação e instrumentos internacionais que os defendam.
A conferência de imprensa contou com o
testemunho de Amaya Valcárcel, do Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS),
presente em 56 países, incluindo Portugal, que falou das “limitações” que as
organizações sentem no acesso às populações deslocadas dentro do seu próprio
país, “devido a conflitos ou à falta de reconhecimento dos seus direitos e
necessidades”, temendo que a crise social e económica provocada pela Covid-19
possa trazer mais dificuldades.
“Os deslocados internos sabem como lavar
as mãos, mas não têm acesso a água limpa, nem sequer para beber”, exemplificou.
Amaya Valcárcel falou, em particular, da
situação na Síria, Colômbia, Iraque, Burundi, Sudão do Sul, Afeganistão ou
Mianmar, com deslocados em “situação crónica de
vulnerabilidade”.
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