FÁTIMA 12/13 maio 2020
FÁTIMA 12/13 maio 2020
D. António Marto: “Esta é a peregrinação mais difícil deste Santuário
e, porventura, a mais interpeladora.”
Por Agência Ecclesia 12 Maio, 2020
Cardeal rejeita comparações a
outras manifestações públicas, considerando que era necessário evitar «caos» e
possibilidade de novos contágios
Por Agência Ecclesia 12 Maio, 2020
O cardeal D. António Marto,
bispo de Leiria-Fátima, disse hoje que a celebração sem peregrinos e com o
recinto fechado da peregrinação do 13 de maio é a “mais difícil” na história do
Santuário.
“É a peregrinação mais
difícil, mas interpeladora, pelo contexto global em que é realizada”, disse aos
jornalistas o responsável católico, que evocou outra pandemia, da gripe
espanhola, que há 100 anos também deixou consequências “devastadoras e
catastróficas”.
As cerimónias vão ser
acompanhadas por 130 profissionais de Comunicação Social, acreditados pelo
Santuário, onde chegaram pedidos de retransmissão de vários países.
Para D. António Marto, a
decisão de celebrar com o recinto fechado, anunciada a 6 de abril e confirmada
a 3 de maio, é uma “expressão do mandato evangélico do amor ao próximo”.
Questionado sobre
manifestações públicas que juntaram centenas de pessoas, em pleno estado de
emergência, como no 1.º de Maio, o vice-presidente da Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP) disse que não se pode “comparar aquilo que é incomparável”.
A opção por celebrar a
peregrinação internacional sem peregrinos, assinalou o bispo de Leiria-Fátima,
aconteceu porque “o risco de contágio era muito elevado”, numa manifestação
onde era “imprevisível” determinar a dimensão da multidão que gostaria de
participar.
“Seria, porventura, um caos”,
apontou.
O cardeal português sustentou
que a fé “não se mede pelas multidões” e mostrou-se chocado com emails
“agressivos e até ofensivos, ofensivos até da pessoa do próprio Papa” que
contestaram a decisão, acrescentando que também recebeu felicitações, de vários
quadrantes.
EU NÃO QUERIA FICAR NA
HISTÓRIA, COMO BISPO, NÃO QUERIA FICAR NA HISTÓRIA COMO RESPONSÁVEL POR UM
AGRAVAMENTO DA PANDEMIA, A NÍVEL NACIONAL. NEM EU NEM QUERIA QUE FICASSE O
SANTUÁRIO. FOI ESSA A RAZÃO, SIMPLES”.
O bispo de Leiria-Fátima
rejeitou a ideia de que a Cova da Iria esteja “sitiada” ou de que a GNR tenha
colocado milhares de efetivos a impedir a deslocação de pessoas.
O Recinto de Oração está
encerrado entre a tarde de hoje e o final da manhã desta quarta-feira, devido
às regras sanitárias definidas pelo Governo no contexto da declaração do estado
de Calamidade pública, em articulação com a Conferência Episcopal Portuguesa.
D. António Marto sublinha que
os peregrinos puderam entrar e vão poder entrar no recinto depois, admitindo
mesmo a presença de pequenos grupos.
“Estão no seu direito, temos
de respeitar”, indicou.
Quanto ao futuro, espera que
já em agosto seja possível ter em Fátima “bastantes peregrinos”, sobretudo
emigrantes, e também no 13 de outubro.
O vice-presidente da CEP
apontou a um regresso “faseado”, depois do confinamento, no qual as pessoas se
têm de libertar do “medo”, para participarem nas celebrações comunitárias.
O cardeal disse compreender as
manifestações de quem esperava uma reabertura mais rápida, mas pede
“paciência”, considerando que é necessário manter as “precauções necessárias”,
em colaboração com as autoridades.
“Vivemos dias difíceis e não
serão menos difíceis, porventura, os dias que nos esperam”, afirmou.
Para o responsável católico,
solidariedade e responsabilidade são “palavras de ordem”, na saúde, na economia
e no trabalho.
O Santuário, acrescentou, vive
das ofertas e vai ressentir-se, ” naturalmente”, mas é uma “questão de honra”
respeitar os compromissos assumidos com os cerca de 350 funcionários, sem sem
despedimentos nem lay-off.
O Santuário de Fátima acolhe
uma celebração inédita do 13 de maio, sem peregrinos, devido à pandemia de
Covid-19, convidando os católicos a acender hoje uma vela em cada casa, pelas
21h30.
A iniciativa quer criar um
“manto de luz” em todo o país, acompanhando o início dos momentos celebrativos
que evocam as primeiras aparições de 1917, com o Lucernário, na Capelinha das
Aparições; segue-se a oração do Rosário e Procissão de Velas, num trajeto mais
curto até ao Altar do Recinto, onde vai ter lugar a celebração da Palavra,
regressando depois a Imagem de Nossa Senhora à Capelinha das Aparições.
As celebrações vão ser
transmitidas por canais televisivos e por plataformas digitais, incluindo a
Agência ECCLESIA.
PR/OC
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