A crise europeia e a questão de Deus


Somos hoje bombardeados com a palavra crise e nos últimos anos com a crise financeira. A crise está sempre presente dentro da realidade, pois a evolução admite necessariamente crises constantes ou mesmo becos sem saída. Ela chegou também no nosso tempo. Estamos continuamente em crise, i.é, em julgar, em decidir, em resolver um problema, um litígio.
A Europa, por exemplo, está numa crise gigantesca. Que é que ela quer? Esta crise pode ser a oportunidade para pensar e decidir. O que é que vai ser a Europa num mundo globalizado, se não for União europeia solidária? Uma Europa fragmentada fará erguer de novo no horizonte os fantasmas da guerra. Ora, não foi precisamente o desejo de pôr termo aos contínuos conflitos bélicos que levou os grandes estadistas fundadores, como K. Adenauer, J. Monet, R. Schuman, De Gasperi, ao projecto do que poderia e deveria ser a União Europeia? E não faz falta ao mundo a Europa social, dos direitos humanos?
A primeira crise é a do nascimento. A adolescência é a idade crítica. Não se podem negar as crises do casamento ou do amor. Crise pode significar algo de maior: maior amor, maior dignidade, uma doença pode levar a reorientar a vida,… a crise obriga a pensar e a definir. Tenhamos capacidade de pensar o que está mal e acertemos o passo com a vida e com a história. 
Bento XVI alertou ontem, “ esta sexta-feira, .dia 25 11.2011, no Vaticano, para a necessidade dos cristãos contrariarem uma “mentalidade” social que ameaça cada vez mais “renunciar a toda e qualquer referência” de Deus. “Nunca nos deveríamos cansar de propor sempre de novo esta questão, de recomeçar a partir de Deus, para voltar a dar ao homem a totalidade das suas dimensões, a sua plena dignidade”, salientou o Papa, uma mensagem dirigida ao Conselho Pontifício para os Leigos e publicada pela sala de imprensa da Santa Sé. 
O Conselho Pontifício para os Leigos encontra-se reunido em assembleia plenária para reflectir sobre “A questão de Deus, hoje”. Bento XVI classificou o assunto em debate como uma interrogação fundamental, que conduz o homem “às aspirações de verdade, felicidade e liberdade que habitam o seu coração e que aguardam concretização”. “Para o Papa, a renúncia social “a toda e qualquer referência ao transcendente” tem feito com que as pessoas sejam incapazes de “compreender e preservar o humano”. Uma lacuna que, acrescenta, está bem visível numa crise que antes de ser “ económica e social, é uma crise de significado e de valores”.

“Na família, no trabalho, como também na política e na economia, o homem contemporâneo tem necessidade de ver com os próprios olhos e de tocar com as próprias mãos que com Deus ou sem Deus tudo muda”, concluiu

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