ANGOLA Luanda manifestação proibida da UNITA interrompida por disparos

Dezenas de manifestantes concentraram-se hoje de manhã junto ao cemitério de Santana, em Luanda, para participar numa manifestação promovida pela UNITA e proibida pelo Ministério da Interior, que acabou por ser interrompida por disparos da polícia.
Uma hora depois do fim da concentração, o repórter da Lusa constatou que a polícia continua no local para garantir que não há ajuntamentos: um helicóptero mantém-se a sobrevoar a zona e os disparos também se ouvem de vez em quando.
A concentração estava inicialmente marcada para as 09:00 (hora local), junto ao cemitério de Santana, e, por volta das 13:00, os manifestantes fariam um percurso até ao centro da cidade, num protesto contra os raptos e torturas. No entanto, a actuação da Polícia de Intervenção Rápida acabou por alterar os planos.
"Unidades de polícia a cavalo, canina e de intervenção rápida dispersaram os manifestantes com o uso de granadas de gás lacrimogéneo e disparos para ar", afirmou Alcides Sakala, porta-voz da UNITA, no início do processo de concentração.
O cemitério de Santana, que fica frente ao Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional, deixou automaticamente de ser o principal cenário dos incidentes, porque no momento em que a polícia actuou os manifestantes acabaram por se dispersar em direcção à Praça 1.º de Maio.
Os manifestantes dirigiram-se para a avenida que liga o cemitério à Praça 1.º de Maio, em especial junto ao mercado dos congolenses. No entanto, este passou também a ser o principal palco da intervenção da polícia, que não tem permitido agrupamentos de dez ou mais pessoas.
A polícia não está a fazer detenções, nem a agredir as pessoas, mas continua a lançar gás lacrimogéneo.
Algumas das pessoas que hoje decidiram aderir ao apelo lançado pela UNITA envergavam uma t-shirt com a frase "Basta de Raptos e Torturas".
A convocação da manifestação vem na sequência do comunicado divulgado dia 13 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola sobre quatro detenções relacionadas com o rapto e provável homicídio de dois ex-militares.
A manifestação da UNITA foi proibida durante a noite de sexta-feira pelo Ministério do Interior, que, em comunicado lido no principal serviço noticioso da Televisão Pública de Angola, justificou a medida com a necessidade de prevenir a eclosão de "factores de conflitualidade perturbadores da ordem, segurança e tranquilidade públicas e até mesmo da segurança interna".
Segundo o Ministério do Interior, além da UNITA, também o MPLA se preparava para se manifestar hoje em Luanda, razão pela qual anunciou a proibição das duas manifestações.
Ao fim da noite, em declarações à Lusa, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, disse que o partido iria mesmo assim sair à rua para a primeira manifestação antigovernamental promovida por um partido político em Angola sem ser em período eleitoral.
Lusa/SOL  Luanda 23 de Novembro, 2013

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