BOA NOVA Janeiro 2019 » A imprensa missionária e a sua especificidade Editorial por ARTUR MATOS, diretor
BOA NOVA Janeiro 2019 »
Editorial por ARTUR MATOS, diretor
A imprensa missionária e a sua especificidade
A imprensa missionária e a sua especificidade
A nossa Revista BOA NOVA entra
em 2019 no 95.º ano de publicação. É a revista periódica ilustrada mais antiga
de Portugal e uma pioneira da imprensa missionária. Como prémio desta
longevidade e da sua implantação nos países lusófonos a Entidade Reguladora da
Comunicação Social castigou-a com a suspensão do porte pago sob o pretexto de
que é uma revista de cariz doutrinário.
Duma tese para licenciatura em comunicação
social, em 1998, na Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica de
Lisboa, premindo, aliás, a mesta tecla de há vinte anos atrás (1978), aquando
do término do curso trianal de jornalismo, na Escola Superior de Meios de
Comunicação Social, escrevi:
“A imprensa missionária é uma
imprensa mal conhecida, confundida e marginalizada… A imprensa missionária de
informação geral é uma imprensa que relata a vida dos povos e das comunidades
cristãs, onde a maioria da população não é cristã, ou naqueles espaços e grupos
humanos onde a Boa Nova ainda soa a querigma e a primeiro anúncio. A esta
imprensa, normalmente veiculada por publicações ilustradas (algumas de
excelente qualidade) interessa mais o testemunho que a palavra, mais as obras
que as teorias, noticiando o belo e o bom do mundo venha ele de onde vier sem
fronteiras de raças, credos, ideologias, cores partidárias, e acarreando
simultaneamente o amor solidário de quem vai e de quem vive no meio dos mais
pobres de pão e de fé, e a partilha solidária com eles de quem lê esta imprensa.
Poderíamos classificá-la como a imprensa da solidariedade máxima.
Esta especificidade da imprensa missionária
distingue-a, com clareza, da imprensa doutrinária ou especializada. Não tem
nada a ver com estas classificações, pois não é confessional, no sentido de
exclusão de outros credos, nem é de conteúdo especializado de investigação ou
de tematização reflexiva.
Daqui resultou, por vezes, uma
grande confusão e disparidade na sua classificação oficial pela Alta Autoridade
para a Comunicação Social que classificava as suas publicações ora como
doutrinárias, ora especializadas, ora de caráter geral. Parece, agora, haver
uma maior sensibilidade e cuidado em perceber-lhe a natureza e a importância.
Até porque tem um peso significativo e emotivo no povo português.
Perto de 500.000
exemplares/mês entram nas suas casas (o que significa quase dois milhões de
leitores) 272 com uma simpatia enorme e uma colaboração espantosa, o que
provocou milhares de protestos escritos, no último Governo de Cavaco Silva,
quando se lhe quis retirar o benefício do porte pago (que logo voltou a ser-lhe
concedido). Esta atitude popular e outras (basta dizer que uma das partes mais
significativas da solidariedade popular para com os Povos do Terceiro Mundo
passa por esta imprensa) marcam um estilo diferente desta imprensa que toca os
sentimentos mais belos das pessoas, levando-as à “globalização humana” do
mundo, em comunhão de fraternidade universal….” Isto foi escrito há 20 anos! A
ERC retrocedeu. Voltou ao passado.
A nossa Revista, porém,
continua na senda original de ser uma boa notícia para todos. Continua no
presente e voltada para o futuro. Não vai desistir de ser veiculadora do que de
mais belo e bom o mundo tem: a fraternidade universal que não distingue
ninguém.
Uma Boa Nova que deseja ser
presença e testemunho da missão da notícia e da notícia da Missão. in BOA NOVA janeiro, 2019
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