MADEIRA/500 anos Diocese do Funchal, que já foi a maior do mundo, tem mais de 500 anos
MADEIRA/500 anos
Diocese do Funchal, que já foi a maior
do mundo, tem mais de 500 anos
Jan 12, 2019 - 11:00
Território católico está ligado à expansão marítima portuguesa
A Diocese do Funchal foi criada pelo Papa
Leão X, com a bula ‘Pro Excelenti Praeminentia’, a pedido de D. Manuel I, no
dia 12 de junho de 1514, no contexto da expansão marítima portuguesa.
Esta é considerada a primeira diocese católica global, dado que, quando foi
criada, teve jurisdição sobre Igrejas de quatro continentes.
A criação de uma diocese na Madeira está ligada à subida ao trono, em1496,
de D. Manuel I, então senhor dos domínios da Ordem de Cristo, que fez reverter
para a Coroa, do ponto de vista civil, seguindo-se a supressão da jurisdição eclesiástica
do vicariato de Tomar, com o novo bispo e a restituição à coroa do direito de
padroado.
O primeiro bispo do Funchal foi D. Diogo Pinheiro, vigário de Tomar, que
assumiu um papel importante na ação evangelizadora e na própria estruturação da
Igreja missionária ultramarina, como ponto de referência no Atlântico.
A 31 de janeiro de 1533, o Papa Clemente VII elevou a sede funchalense a
arquidiocese, dando-lhe um território, o mais vasto atribuído até hoje a uma
diocese, que incluía jurisdição sobre todas as terras “descobertas e por
descobrir” pelos navegadores portugueses na África, Brasil e Ásia.
A Diocese do Funchal acompanharia, do ponto de vista religioso e
civilizacional, a transformação das relações económicas culturais entre os
vários continentes, no qual alguns especialistas denominam como
“protoglobalização”.
Em 1534 seriam criadas novas dioceses, cujas áreas foram desanexadas do
Funchal – Goa, Angra, Cabo Verde, São Tomé e São Salvador da Baía; em 1536,
Paulo III, com a bula Gregis Dominici, suprimiu a jurisdição “missionária” do
bispo do Funchal, que restituiu ao prior-mor de Tomar, confirmando a ereção das
igrejas catedrais pertencentes à Ordem de Cristo nos territórios ultramarinos.
O Papa Júlio III revogou em 1551 a criação da arquidiocese do Funchal, que
passa a ser um bispado sufragâneo de Lisboa.
O período em causa representou o lançamento, a partir do Funchal, de uma
estrutura de organização diocesana pluricontinental que ajudou a definir uma
Igreja mais atenta ao acompanhamento das suas comunidades crentes.
Esta dimensão foi reconhecida na carta escrita pelo Papa Francisco, em
2014, ao nomear um legado pontifício para presidir às comemorações dos 500 anos
da diocese que se tornou “a maior de todas”.
O primeiro Papa da América Latina evocou, simbolicamente, os muitos
pregadores do Evangelho que partiram da Madeira para levar o Evangelho a outros
territórios, impelidos pelo “amor espiritual” a esses povos.
A 12 de maio de 1991, João Paulo II visitou o arquipélago, cuja diocese
designou como “mãe” das comunidades cristãs que se iam construindo nos
territórios aonde chegavam os missionários portugueses, na África, no Oriente e
no Brasil.
Os dois Papas reconheceram assim o papel histórico desempenhado por esta
Igreja, sediada num centro fulcral do processo de globalização comercial,
cultural e religiosa, com a criação de poderes eclesiásticos específicos.
A Diocese do Funchal, que nasceu para tutelar a ação ultramarina, em
territórios quase sem conversos, surgiu também em resposta às necessidades das
populações católicas do arquipélago, cuja vivência religiosa exigia a presença
de um bispo, o qual oferecia jurisdição episcopal, indo ao encontro dos
interesses estratégicos da coroa.
Atualmente, a população do arquipélago ultrapassa as 250 mil pessoas, com
mais de 95% de batizadas.
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