ROBOÉTICA Máquinas ou Humanos? Vaticano procura respostas em conferência sobre «roboética»
ROBOÉTICA
Máquinas ou Humanos? Vaticano procura respostas em conferência sobre
«roboética»
Jan 15, 2019 - 10:48
Papa
destaca «profundas mudanças» na relação entre a tecnologia e o corpo
O Vaticano apresentou hoje uma
conferência sobre a chamada “roboética”, que vai decorrer no final de fevereiro,
debatendo questões e potenciais da robótica ou da genética, por exemplo.
“Hoje é possível intervir
muito profundamente na matéria viva, usando os resultados obtidos pela física,
genética e neurociência, bem como pela capacidade de cálculo de máquinas cada
vez mais poderosas”, escreve o Papa Francisco, na carta com que se associa à
próxima Assembleia Geral da Academia Pontifícia para a Vida (APV), no seu 25.º
aniversário de instituição.
O texto, divulgado esta manhã
pela Santa Sé, tem como título ‘Humana communitas’ (A comunidade humana),
convidando à reflexão sobre as novas tecnologias, definidas hoje como
“emergentes e convergentes”.
“Trata-se das tecnologias de
informação e comunicação, as biotecnologias, as nanotecnologias e a robótica. O
corpo humano também é suscetível a intervenções que podem modificar não apenas
as suas funções e desempenhos, mas também as suas formas de relacionamento, a
nível pessoal e social, expondo-o cada vez mais à lógica do mercado”, refere o
pontífice.
A APV vai promover, de 25 a 27
de fevereiro, no Vaticano, uma assembleia dedicada ao tema ‘Roboética. Pessoas,
máquinas e saúde’.
O Papa sublinha que é
necessário “compreender as profundas mudanças que são anunciadas nessas novas
fronteiras”, a fim de poder orientá-las para o serviço da pessoa, “respeitando
e promovendo sua dignidade intrínseca”.
“Uma tarefa muito exigente,
que requer um discernimento ainda mais atento do que o habitual, devido à
complexidade e incerteza de possíveis desenvolvimentos”, admite.
Francisco saúda os “numerosos
e extraordinários recursos” que são postos à disposição da humanidade pela
pesquisa científica e tecnológica, mas adverte que os mesmos “correm o risco de
obscurecer a alegria que resulta da partilha fraterna e da beleza de
iniciativas comuns”.
“A Igreja é chamada a relançar
vigorosamente o humanismo da vida que surge da paixão de Deus pela criatura
humana”, aponta a carta que assinala os 25 anos da criação da Academia
Pontifícia para a Vida.
O organismo fundado por São
João Paulo II tem novos estatutos de 2016, com o objetivo de fazer com que a
sua reflexão tenha em conta “o crescente ritmo da inovação tecnológica e
científica”.
Francisco denuncia o que
classifica como “degradação do humano” e o paradoxo do “progresso”, falando num
“estado de emergência”, que se estende ao plano ambiental.
O sistema económico e a
ideologia do consumo selecionam as nossas necessidades e manipulam os nossos
sonhos, sem levar em conta a beleza da vida partilhada e a habitabilidade da
casa comum”.
O Papa propõe uma nova
perspetiva ética universal, “atenta aos temas da criação e da vida humana.
A APC, com 151 membros dos
cinco continentes, é elogiada pelo “compromisso com a promoção e proteção da
vida humana em todo o seu desenvolvimento, a denúncia do aborto e da eliminação
do doente”.
“Estamos plenamente
conscientes de que o limiar do respeito fundamental pela vida humana está hoje
a ser violado de forma brutal, não apenas pelo comportamento individual, mas
também pelos efeitos das opções e acordos estruturais”, aponta Francisco.
A carta defende uma “bioética global”, com atenção
às repercussões do meio ambiente na vida e na saúde, para “aprofundar a nova
aliança do Evangelho e da criação”.
Em 2020, o Vaticano vai
promover uma assembleia sobre a Inteligência Artificial.
OC|Ecclesia
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