DOENTES: A alegria do dom gratuito ao serviço dos doentes* por P. Armando Soares
Mensagem do Papa Francisco
para o XXVII Dia Mundial do Doente
A alegria do dom gratuito ao serviço dos
doentes*
por P. Armando Soares
Por ocasião do 27º Dia Mundial
do Doente, que será celebrado de modo solene em Calcutá, na Índia, a 11 de
fevereiro de 2019, a Igreja – Mãe de todos os seus filhos, mas com uma
solicitude especial pelos doentes – lembra que o caminho de evangelização mais
credível são gestos de dom gratuito como os do Bom Samaritano.
O cuidado dos doentes precisa
de profissionalismo e de ternura, de gestos gratuitos, imediatos e simples,
como uma carícia, pelos quais fazemos sentir ao outro que nos é “querido”.
Contra a cultura do descarte e da indiferença, o Papa Francisco afirma que
há-de colocar-se o dom como paradigma capaz de desafiar o individualismo e a
fragmentação social dos nossos dias, para promover novas formas de cooperação
humana entre povos e culturas.
Todo o homem é pobre,
necessitado e indigente. Quando nascemos, para viver tivemos necessidade dos
cuidados dos nossos pais. De igual modo, em cada fase e etapa da vida, cada um
de nós nunca conseguirá, de todo, ver-se livre da ajuda dos outros. Esta
condição carateriza o nosso ser “criaturas” e convida-nos a permanecer humildes
e a praticar com coragem a solidariedade, como virtude indispensável à existência.
Francisco continua: lembro,
com alegria e admiração, a figura de Santa Teresa de Calcutá, um modelo de
caridade que tornou visível o amor de Deus pelos pobres e pelos doentes. Como
dizia na sua canonização, «Madre Teresa, ao longo de toda a sua existência, foi
uma dispensadora generosa da misericórdia divina, fazendo-se disponível para
todos, através do acolhimento e da defesa da vida humana, dos nascituros e dos
abandonados e descartados. […] Desceu até às pessoas deixadas moribundas à
beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera. Fez ouvir a sua
voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos
crimes, […] da pobreza que eles mesmos tinham criado. A misericórdia foi para
ela o “sal”, que dava sabor a todas as suas obras, e a “luz” que iluminava a
escuridão de todos aqueles que nem já tinham lágrimas para chorar pela sua
pobreza e pelo seu sofrimento. A sua missão nas periferias das cidades e nas
periferias existenciais permanece nos nossos dias como um testemunho eloquente
da proximidade de Deus junto dos mais pobres entre os pobres». (Homilia,
4/IX/2016)
Madre Teresa ajuda-nos a
compreender que o único critério de ação deve ser o amor para com todos, sem
distinção de língua, cultura, etnia ou religião, e continua a guiar-nos na
abertura de horizontes de alegria e esperança, em compreensão e ternura, para
com aqueles que sofrem.
O Papa Francisco exorta a
Igreja a ser ‘sinal’ no mundo secularizado. Revestem-se de importância
fundamental os serviços de voluntariado nas estruturas de saúde e no domicílio,
que vão da assistência ao apoio espiritual. Deles beneficiam tantas pessoas
doentes, sós, idosas, com fragilidades psíquicas e motoras. O voluntário é um
amigo desinteressado, a quem se pode confidenciar pensamentos e emoções.
Através da escuta, ele cria as condições para que o doente deixe de ser objeto
passivo de cuidados e se torne sujeito ativo e protagonista duma relação de
reciprocidade, capaz de recuperar a esperança e mais capaz de aceitar os
tratamentos. O voluntariado comunica valores, comportamentos e estilos de vida
que, no centro, têm o fermento da doação.
As estruturas de saúde católicas são chamadas
a exprimir o sentido do dom e da gratuidade, porque esta é a lógica do
Evangelho que qualifica a sua ação, quer nas zonas mais desenvolvidas do mundo,
quer nas mais carenciadas. Devem salvaguardar mais o cuidado da pessoa que o
lucro e afastar tudo o que denote exploração.
A saúde é relacional, depende
da interação com os outros e precisa de confiança e amizade. É um bem que só se
pode gozar “plenamente” se for partilhado. A alegria é um dom gratuito para
todos os que cuidam dos doentes. A todos confio a Maria, salus infirmorum (Saúde dos enfermos), termina o Papa Francisco. *In Voz da
Missão, fevereiro 2019
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