Filipinas Manifestações da misericórdia de Deus

Filipinas

Manifestações da misericórdia de Deus

Como os presentes dados por Deus podem ser bem utilizados no serviço do povo de Deus perante ameaças crescentes?

UCAnews

Edita Burgos, mãe de um ativista filipino desaparecido. 

(Foto de arquivo por Jire Carreon)Edita T. Burgos, Manila, 

Filipinas 

23 de janeiro de 2019

O início do ano é sempre uma ocasião para refletir sobre as metas a atingir.  A lembrança, reflexões e discernimento do ano passado durante a época do Advento se tornam o trampolim para os planos do ano.

"As coisas estavam no plano de Deus que eu não havia planejado", escreveu a carmelita Saint Edith Stein . "Estou chegando à fé viva e convicta de que - do ponto de vista de Deus - não há chance e que toda a minha vida, até cada pormenor, foi traçado pela divina providência e faz perfeito sentido em ‘Os olhos de Deus que tudo vêem".

Algumas semanas para o ano novo, são as manifestações de misericórdia de Deus em minha vida que tocam como uma canção repetida em minha mente.

Aflições que todos nós temos, quase diariamente. Entre as graças do dia-a-dia (pois "tudo é graça", disse Santa Teresa de Lisieux ), a maior entre as aflições foi a morte do meu marido, o rapto do meu filho, o dano à casa e a propriedade por um tufão e a devastação da nossa fazenda por causas naturais.

Quando meu marido morreu, dois anos antes do nosso 40º aniversário de casamento, depois de uma batalha de dez meses contra o cancro, um profundo vazio me envolveu. Eu não sabia o que fazer.

Então a inspiração, aquela dor prolongada, foi a falta de fé na bondade de Deus, em Sua promessa de que a vida após a morte é o nosso belo destino final. Isso deu origem à percepção de que eu era de fato favorecida com bênçãos.

Primeiro, recebi dez meses para estar ao lado dele para preencher cada segundo dos dias com serviço ao meu amor. Segundo, eu testemunhei o belo "ir embora" do meu marido - suas últimas palavras, disse em um sussurro suave: "Louvado seja, Senhor Jesus Cristo" enquanto a divina coroa de misericórdia estava sendo cantada, e terceiro, os 38 anos juntos razões suficientes para confirmar a misericórdia de Deus.

O desaparecimento forçado do meu filho do meio, agora estabelecido pelos tribunais como tendo sido tomado pelos militares do nosso país, é uma aflição permanente com o impacto ainda profundamente suportado.

Desde seu desaparecimento há 11 anos, não passa nenhum dia em que não anseio ver seu rosto, sentir seu abraço ou ouvir sua voz.

E, no entanto, seu desaparecimento me fortaleceu para me tornar o que eu nunca sonhei que poderia ser. Cheguei a lugares que nunca soube que iria viajar. Conheci as pessoas mais bondosas, mais generosas, menos generosas e corajosas.

Enquanto acorrentado à saudade de Jonas, recebi asas para dizer o que preciso e escrever o que deveria. E somente pela graça de Deus, fui levada a rezar o tempo todo.

"Ela que é verdadeiramente uma viúva, deixada sozinha, colocou sua esperança em Deus e continua em súplicas e orações noite e dia (1 Timóteo 5: 5)."

O dano causado por uma inundação causada por um tufão nunca foi totalmente reparado. Mas, alguns anos depois, meus filhos receberam um novo lugar herança por parte da família de seu pai.

Dois anos depois, consegui um pequeno empréstimo para a fazenda, porém, alguns meses depois, sem sequer conseguir recuperar o capital investido, a seca baixou.  Com efeito, eliminou todas as plantas. O verde ficou marrom. A família só pode sorrir e rezar diante da ironia dos produtores de arroz que não têm arroz para comer. Quão real isso é para nossa família.

Todos nós temos experimentado como de alguma forma o Senhor coloca provações, problemas, aflições, recursos, alegrias e pessoas juntas como pequenos pedaços de um quebra-cabeças até que o enigma assume uma forma reconhecível para nós, uma imagem que o Pai desenha usando-nos como Sua escova geralmente depois do facto de que, pela graça de Deus, percebemos que a imagem que está sendo tirada é nossa própria jornada para a salvação.

Como o nosso ano novo é recebido com ameaças de um "esquadrão da morte", "demonização" e "marcação vermelha" daqueles cuja própria cor parece estar se tornando "negra", refletimos como nossos talentos dados por Deus podem ser postos a bom uso no serviço do povo de Deus?

"Pois não lutamos contra carne e sangue, mas contra os governantes, contra as autoridades, contra os poderes cósmicos sobre as trevas presentes, contra as forças espirituais do mal nos lugares celestiais (Efésios 6:12)."

Do que eu tenho certeza é que Deus é o "protetor das viúvas" e "amaldiçoado seja alguém que perverta a justiça que é devida ao órfão e à viúva". E com confiança sei "tudo posso naquele que me fortalece" com os dons que recebi dEle, que devem ser usados ​​no serviço dos outros.

Edita Burgos é doutora em educação e membro da Ordem Secular das Carmelitas Descalças. Pistoleiros – talvez soldados - sequestraram seu filho Jonas Burgos em Manila em abril de 2007. E está desaparecido.