ESTADO ISLÂMICO Rússia faz novos ataques na Síria e admite ter alvos além do EI

ESTADO ISLÂMICO
Rússia faz novos ataques na Síria e admite ter alvos além do EI
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIASEDE SÃO PAULO
01/10/2015  08h49 - Atualizado às 12h00
 Rússia ataca a Síria pela primeira vez em apoio a Bashar al-Assad
 | Internacional | EL PAÍS Brasi

lA Rússia realizou novos bombardeios na Síria contra da facção radical Estado Islâmico (EI) na madrugada desta quinta-feira (1º), informou o Ministério da Defesa russo.
Dentre os alvos, estão um estoque de munições próximo a Idlib, um centro de comando próximo a Hama e um local de montagem de carros-bomba próximo a Homs. O ministério disse que foram evitadas áreas densamente povoadas.
Meios de comunicação libaneses informaram que a Rússia também atacou alvos do EI na província de Raqqa, no norte da Síria.

A Rússia mudou o panorama da guerra civil na Síria ao realizar 20 ataques aéreos nesta quarta-feira em favor do regime do ditador Bashar al-Assad, sob a justificativa de conter o avanço do EI, que controla partes da Síria e do Iraque.
Após ter o objetivo de sua operação militar em território sírio questionado pelo Ocidente, as autoridades da Rússia admitiram que têm como alvo "uma lista" de grupos radicais, além do EI.
"Essas organizações são conhecidas e os alvos são escolhidos em coordenação com as Forças Armadas da Síria", disse a jornalistas nesta quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, sem citar grupos específicos.
O regime de Assad considera terroristas grupos de oposição, incluindo aqueles apoiados pelo Ocidente.
Questionado se o presidente Vladimir Putin estava satisfeito com o resultado da campanha militar, Peskov disse que ainda era "muito cedo" para discutir a questão.
Rússia ataca Síria
O senador republicano e ex-candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos John Mccain disse nesta quinta-feira (1º) à emissora CNN que pode "confirmar absolutamente que [os bombardeios russos] foram ataques contra recrutas do Exército Livre da Síria, que foram armados e treinados pela CIA".
O secretário de Defesa americano, Ashton Carter, havia dito na quarta-feira que os bombardeios realizados pela Rússia na Síria podem ter atingido redutos da oposição a Assad em que não há presença do EI.
Segundo fontes libanesas disseram à agência de notícias Reuters nesta quinta-feira, centenas de soldados armados do Irã chegaram à Síria nos últimos dez dias e em breve se somarão às forças do regime de Assad e da milícia libanesa Hizbullah para iniciar uma grande ofensiva por terra apoiada pelos bombardeios russos.
CRISE
A participação da Rússia na guerra síria aprofunda a crise entre Moscou e o Ocidente, que já vinha se agravando com o apoio do Kremlin a separatistas no Leste da Ucrânia e com a anexação da península da Crimeia, em março de 2014.
Desde o início do conflito sírio, em março de 2011 nos eventos relacionados ao levante popular conhecido como Primavera Árabe, o Ocidente vinha apostando em uma solução que passasse pela deposição de Assad. A Rússia, aliada de longa data do regime sírio, reiterou diversas vezes sua defesa de que Assad permaneça no poder e vetou em instâncias internacionais resoluções sobre a crise.
Após ascensão do EI, que declarou um califado em áreas da Síria e do Iraque em agosto de 2014, os EUA iniciaram no mês seguinte uma campanha internacional de ataques aéreos contra posições da facção sem coordenar esforços com o regime sírio. No último domingo (27), a França, que integra a coalizão, realizou seu primeiro bombardeio no território sírio.
A Rússia, que iniciou sua campanha nesta quarta sem coordenar ações com os EUA, passou a pedir uma ação conjunta contra o terrorismo. Isso pode mudar a correlação de forças em favor de Assad e prolongar sua permanência no poder.
O comandante da milícia curda YPG, Sipan Hemo, disse ao Observatório Sírio de Direitos Humanos na terça-feira, um dia antes do início da operação russa, que "a solução [para o conflito] agora está fora das mãos dos sírios". A entrevista foi divulgada nesta quinta.
"O que está acontecendo agora pode ser chamado de uma guerra de titãs em território sírio (...), uma guerra de mudança de mapas", disse Hemo, cuja milícia derrotou o EI em áreas no norte da Síria.
"Isso aparenta ser uma terceira guerra mundial, em que grandes potências lutam para dividir áreas de influência (...) Infelizmente, vemos isso como uma longa guerra que pode durar dez anos".
A guerra civil na Síria já deixou mais de 250 mil mortos e forçou o deslocamento de 11 milhões de pessoas em quatro anos e meio.

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