PAQUISTÃO|AFEGANISTÃO|ÍNDIA Sismo de magnitude 7,5 mata centenas de pessoas no Afeganistão e Paquistão

PAQUISTÃO|AFEGANISTÃO|ÍNDIA
Sismo de magnitude 7,5 mata centenas de pessoas no Afeganistão e Paquistão
26/10/2015 - 09:34
(actualizado às 16:57)
Abalo nas montanhas do Hindu Kush foi
sentido de 
Cabul a Nova Deli. Entre as vítimas estão 12 
meninas que morreram esmagadas no pânico 
que se gerou numa 
escola afegã.

A terra voltou a mexer-se nas imponentes montanhas do Hindu Kush, num sismo de magnitude 7,5 na escala de Richter que provocou pelo menos duas centenas de mortos nas zonas de fronteira entre o Afeganistão e o Paquistão. Sentido de Cabul a Nova Deli, na Índia, o abalo derrubou casas e deixou sem comunicações regiões inteiras, fazendo temer que o balanço final de vítimas seja muito superior.
“Nunca senti um tremor de terra tão forte em toda a minha vida”, garantiu à AFP Mohammad Rehman, um habitante de 87 anos de Peshawar, a grande cidade do Norte do Paquistão, onde duas pessoas morreram e mais de 150 ficaram feridas ao serem atingidas por destroços. “Foi verdadeiramente enorme”, afirmou, ainda em choque.
O sismo aconteceu às 13h39 (hora afegã, 9h09 em Portugal continental), com epicentro na remota província de Badakhshan, no Nordeste do Afeganistão. Teve origem a 213,5 quilómetros da crosta terrestre, uma profundidade média que habitualmente reduz os danos à superfície mas que faz com que o sismo seja sentido a grandes distâncias, explica o Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS).
Foi o que aconteceu nesta segunda-feira. O abalo fez tremer violentamente edifícios na capital afegã, a mais de 250 quilómetros de distância, tendo sido sentido com igual força no Norte do Paquistão e da Índia, e de forma menos intensa em Nova Deli. Um vídeo amador divulgado nas redes sociais mostra um viaduto do metro de Rawalpindi, cidade a Sul de Islamabad, a abanar de forma violenta durante alguns segundos. “Estava no meu carro, parei-o e ele continuou a abanar como se alguém o estivesse a empurrar para a frente e para trás”, contou à Reuters o jornalista paquistanês Zubair Khan, residente no vale de Swat, a Noroeste da capital, dando conta do pânico instalado na zona.
A região abalada é uma das de maior actividade sísmica em todo o mundo, resultado da confluência das placas tectónicas euroasiática e indiana, causadora de abalos de grande intensidade – só nos 250 km que rodeiam o epicentro do sismo desta segunda-feira há registo de outros sete com magnitude superior a 7, adianta o USGS.   
Ao anoitecer, as autoridades afegãs diziam ter contabilizado 52 mortos. Entre as vítimas contavam-se 12 meninas que ficaram esmagadas entre a multidão de alunos que tentava sair de uma escola de Taloqan, cidade na província de Takhar (Nordeste). Outras 35 crianças ficaram feridas no acidente.
“Este foi o sismo mais forte das últimas décadas”, escreveu no Twitter Abdullah Abdullah, chefe do executivo afegão, numa altura em que o Governo estava ainda a recolher informações sobre as zonas mais afectadas. Além de Takhar havia notícia de 40 mortos noutras quatro províncias do Nordeste, mas as autoridades reconheciam que os números eram ainda inferiores ao que a força do abalo deixa antever.
O sismo deixou sem comunicações grande parte da região, muito montanhosa e com aldeias de difícil acesso. Só na província de Badakhshan o governador tinha contabilizado 1500 casas destruídas ou danificadas pelo abalo, mas neste cálculo não entram ainda zonas remotas próximas do epicentro, onde a situação de segurança é complicada pelos frequentes combates entre o Exército e grupos de taliban.
Os números mais pesados chegavam, por isso, do outro lado da fronteira. A província de Khyber Pakhtunkhwa, de que Peshawar é a capital, foi a mais afectada e, ao anoitecer, havia já confirmação de 167 mortos e mais de um milhar de feridos. “Toda a província está em alerta, os hospitais estão em estado de prontidão, mas ainda é muito cedo para adiantar um balanço definitivo”, disse à AFP o governador, Pervez Khattak.
O Exército foi mobilizado e estavam a ser ultimados os preparativos para enviar helicópteros com equipas de resgate para as zonas mais remotas, quer da província, quer das vizinhas regiões autónomas tribais, onde há registo de vários deslizamentos de terra e de aldeias isoladas.
A muitas centenas de quilómetros, milhares de pessoas saíram para as ruas de Islamabad. “Foi terrível, parecia que estávamos em 2005 outra vez”, contou à AFP um residente na capital paquistanesa, recordando o abalo de magnitude 7,6 que há dez anos abalou Caxemira, região no sopé dos Himalaias dividida entre o Paquistão e a Índia, provocando mais de 75 mil mortos. Ao contrário do sismo desta segunda-feira, o de então teve origem a apenas 26 km de profundidade, o que leva as autoridades a esperar que o balanço será desta vez não seja tão elevado. Também o sismo que há seis meses abalou o Nepal, provocando a morte de nove mil pessoas e a destruição de quase um milhão de casas, teve origem a apenas oito quilómetros da crosta terrestre.



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