PORTUGAL LAMEGO: “PARA UMA EXPERIÊNCIA VIVA DE MISSÃO” por JOAQUIM PINHO


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LAMEGO: “PARA UMA EXPERIÊNCIA VIVA DE MISSÃO” por JOAQUIM PINHO
                                               ”Ide e anunciai o Evangelho a toda a criatura (Mc 16,15)

Partilhamos algumas ideias-força do documento de D. António Couto sobre como viver activamente em estado de Missão.
Partindo do Evangelho (sobretudo do Evangelho de Mc), e portanto de Jesus, a Missão é dinamismo, acção, encontro, diálogo, amor, misericórdia, ternura, carinho, partilha (da palavra e do pão), é anúncio da Ressurreição de Cristo, em constante saída em direcção ao outro, ao irmão. E em favor do irmão. Sempre em favor do irmão.
1. Testemunha fiel de Jesus Cristo
“Todo o discípulo missionário, enquanto testemunha e anunciador do Evangelho, não pode ser um simples animador, mas testemunha fiel da presença viva e operante do próprio Senhor no meio da comunidade. O discípulo missionário só tem autoridade na medida em que é fiel a Cristo e como Ele obediente, nada dizendo ou fazendo por sua conta e risco ou a seu-bel-prazer. A vida do discípulo missionário não é da ordem da criatividade, mas da fidelidade; só pode dizer e fazer aquilo que, por graça, lhe foi dado ouvir, aquilo que, por graça, lhe foi dado ver fazer. O discípulo missionário é também um contemplativo. É aqui que voltamos outra vez à configuração do discípulo missionário com Cristo e à sua transfiguração em Cristo e por Cristo. O discípulo missionário não é aquele que vai apenas, com o relógio, o mapa e a caixa de primeiros socorros na mão, em auxílio de alguém. Tem de passar do tempo do relógio e do mero auxílio para o dom total de si. A tempo inteiro e corpo inteiro. Missionário é aquele que, como Jesus e à maneira de Jesus, põe em jogo a própria vida. Tudo, e não apenas o supérfluo. Sempre, em toda a parte, e não apenas na sua rua.”

2.“Missão «total»: todos, tudo, sempre, em toda a parte
 “No «segundo final» de Marcos, aparece inserida a frase que nos indica o caminho para o ano pastoral de 2016-2017:
«16,14. Em último lugar fez ver aos Onze, enquanto estavam à mesa, e reprovou a sua incredulidade e dureza de coração, porque não acreditaram naqueles que o tinham visto ressuscitado. (15) E disse-lhes: “Indo por todo o mundo, anunciai o Evangelho a toda a criatura”. (16) Quem acreditar e for baptizado, será salvo, mas quem não acreditar, será condenado. (17) São estes os sinais que acompanharão os que acreditarem: no meu nome, expulsarão demónios, falarão línguas novas, (18) e, se pegarem em cobras nas mãos e beberem veneno mortal, não lhes fará mal; imporão as mãos aos doentes, e ficarão bem. (19) O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. (20) Eles, então, tendo saído, anunciaram o Evangelho por toda a parte, enquanto o Senhor cooperava e confirmava a Palavra com os sinais que a acompanhavam» (Marcos 16,14-20).”

3.“Trata-se da última página do Evangelho de Marcos, talvez do séc. II, mas grandiosa e imponente, e cheia de referências significativas para a vida cristã de qualquer tempo e lugar. Esta página fecha o Evangelho de Marcos, condensa-o e encerra-o numa grande inclusão literária e teológica através dos termos «anunciar», «acreditar» e «Evangelho», usados a abrir o Evangelho (1,14-15) e a fechar o Evangelho (16,15-16). Mas o anúncio do Evangelho a toda a criatura (16,15) reclama também o início da Escritura, a página da Criação, com o ser humano a receber de Deus o mandato de dominar a criação inteira (Génesis 1,26 e 28). É ainda nesse sentido de inclusão literária e teológica com a Criação, que as cobras, uma das quais dominou então o ser humano (Génesis 3,1-5), são agora dominadas (16,18), do mesmo modo que é o bem (kalôs), em vez da cura, que agora se estabelece sobre os doentes (16,18).”
“Cai aqui por terra uma certa retórica da santidade, que falsamente defende que só os santos são idóneos para a missão de anunciar o Evangelho! E ganham espaço os que fracassaram, como os Onze e nós com eles e como eles, que anunciam a Ressurreição de Jesus, que continua vivo e actuante no meio de nós, e a prova somos nós, pois Ele mudou a nossa vida de fracassados e desistentes para testemunhas fiéis e transparentes.”


4.“ A soberania nova, próxima e familiar de Jesus fica registada no facto de toda a operação ser realizada no «nome de Jesus» (16,17), mediante envio seu (16,15), com a  sua Presença cooperante (synergéô) (16,20) e confirmante (bebaióô) (16,20), o mesmo verbo da Confirmação sacramental (bebaíôsis). Etimologicamente, deriva do verbo baínô, que significa «caminhar», e supõe terreno firme e sólido (bébaios) sobre o qual se pode caminhar com destreza e segurança.“

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