NA FORÇA DA PALAVRA 27. A paz e as religiões

NA FORÇA DA PALAVRA
27. A paz e as religiões 
Em Setembro de 2000 realizou-se em Lisboa o XIII Encontro Internacional “Homens e Religiões”. Estes encontros nasceram em meados de oitenta, por iniciativa da Comunidade de Santo Egídio, para promover o conhecimento recíproco e o diálogo entre as religiões. No seguimento da Jornada Mundial de Oração pela Paz em Outubro de 1986, e inserindo-se no movimento de diálogo inter-religioso que se desenvolveu nas últimas décadas, a sugestão foi dada pelo Papa: Continuem a difundir a mensagem de Paz e a viver o espírito de Assis. A rede de contactos entre os representantes de diferentes religiões e culturas abrange mais de 90 países, ligados por uma aspiração de paz e de justiça. Depois dos dois primeiros encontros em Roma (1987 e 1988) a “Oração pela Paz”, os seguintes decorreram nas cidades de Varsóvia (aniversário do início da Segunda Guerra Mundial), Bari, Malta, Lovaina-Bruxelas, Milão, Assis, Florença, Roma, Pádua-Veneza. Em 1998, a Comunidade organizou o seu encontro inter-religioso anual em Bucareste, em colaboração com o Patriarcado ortodoxo da Roménia. Foi a primeira vez que um encontro de 63 diálogo entre religiões teve lugar num país de maioria ortodoxa. Em Outubro de 1999, a Comunidade colaborou na organização da Assembleia inter-religiosa promovida pela Santa Sé, a cuja sessão final presidiu João Paulo II. Em Novembro de 1999, a Comunidade promoveu em Génova um grande encontro de tradições cristãs, com a participação de cinco patriarcas ortodoxos, alguns cardeais e muitos Bispos das diferentes Igrejas. Desde os encontros de Roma até ao mais recente, em Génova, foi sempre muito claro o princípio de que é percorrendo fielmente cada qual a sua própria tradição religiosa que se pode dar início ao diálogo e, em comum, descobrir a força pacífica das religiões, colocando-a ao serviço da compreensão, da amizade e da paz. O último encontro sob o tema “Oceanos de Paz: religiões e culturas em diálogo”, organizado pela Comunidade de Santo Egídio e o Patriarcado de Lisboa, teve lugar em Setembro do ano 2000. João Paulo II convidou para Assis os leaders das grandes religiões mundiais, as quais responderam generosamente. Aí todos rezaram ao lado uns dos outros, num encontro de oração que é a raiz da paz. Assis foi um dia. Depois de Assis, a Comunidade de Santo Egídio, que tinha trabalhado até àquele momento com os pobres e pela paz (e esse é hoje o seu empenho nos 40 países onde está presente), sentiu o apelo a criar um diálogo entre os homens da religião, demasiado habituados a viverem entre os confins do seu mundo, fechados nos seus conflitos. João Paulo II enviou uma carta aos participantes das Igrejas e comunidades cristãs e das grandes Religiões mundiais tais como patriarcas, cardeais, arquimandritas, luteranos, católicos, ortodoxos, muçulmanos, budistas, hindus,… de todos os cantos do mundo, presentes no encontro de Lisboa. Nessa mensagem, o Papa agradece à Comunidade de Santo Egídio a coragem espiritual com que soube acolher a mensagem de Assis e levá-la a tantos lugares do mundo. João Paulo II é optimista quando diz: “Nós olhamos com esperança para o século que se abriu porque a longa história dos cristãos marcada por muitas fragmentações, parece compor-se novamente, tendendo para aquela fonte da sua unidade que é Jesus Cristo”. E insiste na necessidade do diálogo: “o diálogo entre as religiões tornou-se 64 uma realidade, embora o caminho que está à nossa frente ainda seja longo”. O diálogo não ignora as diferenças reais, mas convida todos a fortalecerem aquela amizade que não separa e não confunde. Devemos todos ser mais audazes neste caminho. É necessário e urgente encontrar de novo o gosto e a vontade de caminhar juntos para construirmos um mundo mais solidário, ultrapassando interesses particulares de grupo, de etnia, de nação. in NA FORÇA DA PALAVRA 27

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