BÍBLIA DA NATUREZA Uma vez Santo Agostinho falou assim: Deus fez duas Bíblias: a da Natureza e Bíblia escrita;


BÍBLIA DA NATUREZA
sábado, 6 de outubro de 2018
No músico Deus canta, na criança sorri, e no profeta fala.
Na verdade, a Bíblia da Natureza é lida e entendida por todo o mundo, Porém, quando alguns estudiosos colocaram no escrito, então se julgaram os donos, e foi assim que os hebreus se identificaram como o povo escolhido de Deus em um sentido exclusivista. Quando? Só quando já escreveram a sua Bíblia.

E essa maneira de se identificar foi mais tarde assumida pela Igreja. Como afirmam hoje estudiosos das religiões, não há só a Bíblia dos hebreus, há outras que se identificam como fala de Deus aos seus representantes, como a Bíblia dos chineses, a Bíblia da Índia, a Bíblia dos Persas e a Bíblia dos Árabes, com seus representantes: Confúcio e Lao-Tzu da China, Gutama Buda da Índia, Zoroastro da Pérsia e Maomé na Arábia. 

Eles dizem que mil anos antes de Jesus nascer houve uma enorme explosão no pensamento religioso em todo mundo, assim tipo um big bang espiritual. E Tales de Mileto, e Pitágoras estavam fundando a filosofia grega e foi quando o movimento profético em Israel se fazia maior com Isaías.

Ora bem, como nos hebreus a na Igreja católica que herdou dos hebreus essa exclusividade segundo a qual são os únicos intérpretes de Deus no mundo, também outras religiões se consideram  como a única religião de salvação. E todos veem a sua palavra como inspirada como vinda de Deus e como uma ordem do céu.

Para entender este big bang espiritual devemos entender que Deus não se revelou somente ao povo dos hebreus. Assim como  a Biblia da Natureza é um livro aberto não só para os hebreus mas para os Chineses, os Indianos, os Japoneses, os Persas e os Árabes, e para os Índios das Américas, como foi para os “índios” da Europa e de Israel.

Essa “visão” de Deus digamos, assim que foi posta em letras depende das culturas, das diversas visões do mundo, dos tempos e dos lugares do espaço, dos meios de comunicação, e das maneiras de escrever (estilos literários). Essas coisas dão forma à maneira como  a presença de Deus é captada e experimentada e descrita.

Foi assim que a Pontifícia Comissão Bíblica já desde 1994 alerta para os católicos para que não julguem que Deus ditou palavra por palavra a Bíblia. Cada povo e cada cultura ouviu e sentiu a presença divina de várias maneiras. Na cultura judaica de uma maneira, na cultura budista da sua maneira, na cultura do Candomblé da sua maneira. Por isso, no músico Deus canta, na Criança sorri, e no profeta fala, seja ele de qual nação que seja.

E na verdade houve seres humanos mais dotados que foram os intérpretes universais da “revelação universal”. Não valorizamos tanto um Francisco de Assis, mas pertence ao ranking mundial desta revelação. Esses intérpretes  nós chamamos os teólogos das grandes religiões: Sankara e Ramanuja no hinduísmo; Nagariuna, Asanga e Vasubandhu no budismo; Ibn al Arabi e alghazzabi para o Islã; São Tomás e São Boaventura para o cristianismo.

Na verdade as teorias desses teólogos não caíram do céu e há uma tendência a aceitá-los sem críticas como fez o Papa Gregório IX que declarou incontestável a teologia de Tomás de Aquino, como se fosse caída do céu, quando sabemos que hoje cinquenta por cento está fora de prazo.

Esse ponto de vista desafia as reivindicações exclusivistas de qualquer religião que queira enfatizar que “somos a única religião verdadeira”; Só nós temos a revelação divina; temos Deus do nosso lado, vocês não têm”. Ou: “se quiserem ser salvos vocês tem de aceitar nossas culturas, nossos padrões de pensamento, nossos  dogmas e nossos rituais do contrário não há esperança para vocês.”  

Veja o que diz o cientista judeu mais célebre do mundo Albert Einstein: “O judaísmo não é superior a outras religiões, e os judeus não são o povo escolhido. O povo judeu, ao qual com muito prazer pertenço não tem nenhum tipo de dignidade diferente dos outros povos.” (A.Einstein).


Isto nos diz que não devemos trancar Deus em nenhum movimento religioso. E como as antigas religiões assim como a bíblica se fundaram numa visão cosmológica do mundo que hoje mudou 190 graus, assim todas e também a bíblica tem que dialogar com a nova cosmologia. 

Não é mais a dos seis dias da criação, mas a cosmologia do Big Bang segundo a qual devemos formatar agora o nosso entendimento bíblico e tirar daí as muitas consequências que essa nova formatação implica. Como diz o teólogo Edward Schillebeeckx “o crente moderno sabe que existe verdade também em outras convicções de vida”. Blogue de Chapadinha

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