Covid-19 apelo de África


Covid-19 apelo de África
“Não abandonem África”, é o apelo dramático
Foto: AIS
“Não abandonem África, continuem muito atentos e quando chegar a situação complicada a estes países, estejam dispostos a estender a mão para ajudar”, pede o Padre Gaetán Kabasha aos “homens de boa vontade” perante a evolução dramática que o Covid 19 pode vir a ter neste continente.
O sacerdote enviou uma mensagem vídeo para Lisboa, para a Fundação AIS, apelando à solidariedade de todos para com as vítimas desta pandemia. O Padre Gaetán – natural do Ruanda, ordenado sacerdote na República Centro-Africana e actualmente a viver em Madrid onde, como capelão no Hospital San Carlos, está a lidar diariamente com pacientes infectados com o coronavírus –, reconhece que o combate ao Covid19 está a ser muito difícil e fala da sua experiência em Espanha. “É muito complicado, há muitos doentes e muito stress.”
Essa experiência permite-lhe prever o que poderá vir a ocorrer a curto prazo em África. E não esconde a sua preocupação. “Enquanto africano, também estou muito preocupado com os nossos países, porque se a pandemia não se consegue controlar nos países com muitos meios económicos e sanitários, não sei como se poderá controlar se chegar a África.”
Neste continente, há neste momento, mais de mil casos confirmados em cerca de 40 países. Mas estes dados podem ser ilusórios.
“É verdade que são muito poucos casos e que ainda se pode controlar, mas como se viu aqui na Europa tudo começa com um caso e pouco a pouco vai crescendo, multiplicando-se até ficar descontrolado”, afirma o capelão do hospital madrileno. Penso nos subúrbios das grandes capitais ou cidades de África se este vírus lá chegar…”
O Padre Gaetán, conhece como poucos o que significa o sofrimento, a perseguição e a vida até em campos de refugiados.
O combate ao coronavírus poderá ser extremamente difícil. E explica porquê: “Porque se diz que as pessoas têm de se isolar e [em África] há pessoas que não têm onde se isolar. Há milhares de pessoas que vivem na rua, que vivem dia-a-dia e que conseguem algo para comer porque saem à rua. Se as autoridades se decidirem pelo isolamento, esses milhares de pessoas não vão saber onde se isolar e, se arranjarem algum lugar, não vão conseguir sobreviver.”
Há ainda a considerar todas as deficiências ao nível hospitalar. “Os sistemas de saúde são muito deficitários nalguns países e será muito difícil dar assistência aos doentes. Sabe-se, por exemplo, que alguns países não têm sequer capacidade de analisar se se trata de coronavírus ou de gripe”, afirma.
 “A Ajuda à Igreja que Sofre estará sempre presente, muito próxima daqueles que mais precisam. Encorajamos-vos a todos a ajudar e a confiar que, com a graça de Deus, a nossa oração e também a nossa colaboração, o nosso trabalho, se consiga acabar com esta pandemia. Muito obrigado a todos.”

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