Covid-19 apelo de África
Covid-19 apelo de África
“Não abandonem África”, é o apelo dramático
Por Fundação AIS
26
Março, 2020
Foto: AIS |
“Não abandonem África,
continuem muito atentos e quando chegar a situação complicada a estes países,
estejam dispostos a estender a mão para ajudar”, pede o Padre Gaetán Kabasha aos
“homens de boa vontade” perante a evolução dramática que o Covid 19 pode vir a
ter neste continente.
O sacerdote enviou uma
mensagem vídeo para Lisboa, para a Fundação AIS,
apelando à solidariedade de todos para com as vítimas desta pandemia. O Padre
Gaetán – natural do Ruanda, ordenado sacerdote na República Centro-Africana e
actualmente a viver em Madrid onde, como capelão no Hospital San Carlos, está a
lidar diariamente com pacientes infectados com o coronavírus –, reconhece que o
combate ao Covid19 está a ser muito difícil e fala da sua experiência em
Espanha. “É muito complicado, há muitos doentes e muito stress.”
Essa experiência permite-lhe
prever o que poderá vir a ocorrer a curto prazo em África. E não esconde a sua
preocupação. “Enquanto africano, também estou muito preocupado com os nossos
países, porque se a pandemia não se consegue controlar nos países com muitos
meios económicos e sanitários, não sei como se poderá controlar se chegar a
África.”
Neste continente, há neste
momento, mais de mil casos confirmados em cerca de 40 países. Mas estes dados
podem ser ilusórios.
“É verdade que são muito
poucos casos e que ainda se pode controlar, mas como se viu aqui na Europa tudo
começa com um caso e pouco a pouco vai crescendo, multiplicando-se até ficar
descontrolado”, afirma o capelão do hospital madrileno. Penso nos subúrbios das
grandes capitais ou cidades de África se este vírus lá chegar…”
O Padre Gaetán, conhece como
poucos o que significa o sofrimento, a perseguição e a vida até em campos de
refugiados.
O combate ao coronavírus
poderá ser extremamente difícil. E explica porquê: “Porque se diz que as
pessoas têm de se isolar e [em África] há pessoas que não têm onde se isolar.
Há milhares de pessoas que vivem na rua, que vivem dia-a-dia e que conseguem
algo para comer porque saem à rua. Se as autoridades se decidirem pelo
isolamento, esses milhares de pessoas não vão saber onde se isolar e, se
arranjarem algum lugar, não vão conseguir sobreviver.”
Há ainda a considerar todas as
deficiências ao nível hospitalar. “Os sistemas de saúde são muito deficitários
nalguns países e será muito difícil dar assistência aos doentes. Sabe-se, por
exemplo, que alguns países não têm sequer capacidade de analisar se se trata de
coronavírus ou de gripe”, afirma.
“A Ajuda
à Igreja que Sofre estará sempre presente, muito próxima daqueles que mais
precisam. Encorajamos-vos a todos a ajudar e a confiar que, com a graça de
Deus, a nossa oração e também a nossa colaboração, o nosso trabalho, se consiga
acabar com esta pandemia. Muito obrigado a todos.”
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