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Projeto «Porta Solidária» dá jantar a cada
vez mais pessoas, na crise de Covid-19
Mar 26, 2020 - 17:21
Padre Rubens Marques destaca que há «verdadeiros milagres»
solidários, apelando à doação de bens alimentares
O
pároco da Senhora da Conceição, na Diocese do Porto, disse hoje que o projeto
‘Porta Solidária” está a servir refeições a uma “média diária de 270 pessoas”,
com aumento da procura, originado pelos efeitos do coronavírus.
Em
declarações à Agência ECCLESIA, o padre Rubens Marques explica que “antes da
doença” eram ajudadas 160 pessoas, mas nos últimos dias têm chegado pessoas que
“nunca tinham recorrido à ‘Porta Solidária’”, porque iam às carrinhas noturnas
que “deixaram de passar”.
“Não
desistiram, apenas mudaram de estratégia”, explica.
Várias
associações juntaram-se ao projeto da paróquia portuense, tanto com
voluntários, como na oferta dos bens.
O
sacerdote adianta que continuam a “precisar de ajudas, nomeadamente fruta,
iogurtes, legumes”, mas destaca que “têm acontecido verdadeiros milagres”, com
o contributo de pessoas particulares, de instituições e empresas.
“O
que mais nos incentiva a estar abertos todos os dias é que estamos a
interpretar todas essas ofertas como sinais de Deus que deve continuar”,
acrescentou.
As
pessoas em situação de sem-abrigo e os outros “pobres” – “idosos reformados e
também famílias que vivem em quartos de pensão” – agora são servidos em regime
de take-away, das 18h00 às 20h00.
Como
medidas de segurança existe uma casa de banho para quem procura esta ajuda,
“onde há gel para as mãos e sabão”, e foi criado um circuito para formarem” uma
fila única de dois metros de distância uns dos outros”; são servidos através de
mesas que “permitem também dois metros de distância, em relação aos
voluntários.
“O
que manifestam de preocupação é o perigo de contágio que pode vir a acontecer
na rua. A Câmara Municipal do Porto está a tomar medidas importantes e sérias
para tentar ter um local onde possam dormir e fazer testes de despistagem. O
NPISA (Núcleos de Planeamento e Intervenção Sem-Abrigo) Porto tem estado muito
ativo”, desenvolveu o padre Rubens Marques.
O
voluntariado do projeto ‘Porta Solidária’ realiza-se entre as 17h00 e as 20h30M
duas equipas trabalham em dias alternados, uma com 21 pessoas e outra com 19
elementos, e “todos usam máscara, luvas, gel desinfetante”.
“É
maravilhoso ver a generosidade do povo português. Estamos cá para servir”,
disse à Agência ECCLESIA Maria Leonilda Santiago, voluntária que só começou
este mês a colaborar com a ‘Porta Solidária’ e “nunca” pôde estar em grupos
“com horários fixos” porque está no ativo.
Neste
contexto, assegura que tem “todos os cuidados necessários”, porque “o perigo é
o mesmo que corria para ir trabalhar ou ao supermercado” e ali contam “uns com
os outros”.
“O
que mais me custa são as crianças a virem com os avós”, partilha a voluntária
que tem dois filhos.
Sobre
as pessoas em situação de sem-abrigo e outros pobres que os procuram, Maria
Leonilda Santiago assinala que “reconhecem que têm ali um porto de abrigo” e
“compreendem as medidas de segurança”.
O
padre Rubens Marques está na Paróquia da Senhora da Conceição desde outubro de
2000 e lembra que a ‘Porta Solidária’ funciona desde 2009, “quando se agravava
a crise económica” e começaram a servir a “refeição noturna aos sem-abrigo e
aos pobres na Praça Marquês de Pombal”, chegando às 300 pessoas.
O
sacerdote conta que está a viver o estado de emergência com “muita oração,
muita seriedade, serenidade e muita esperança”.
“Na
Missa diária é colocada a intenção pela cura desta doença na humanidade”,
conclui.
CB/OC
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