COVID-19: religiosas de clausura
COVID-19: religiosas de clausura
Nos hospitais ou nas
clausuras, a guerra silenciosa contra o coronavírus
3 Março, 2020
D.R. |
Existe
um exército eficaz alinhado na batalha contra a pandemia de coronavírus. É uma
batalha discreta e quase invisível das religiosas. Quer sejam enfermeiras ou de
clausura, que cuidam da assistência aos pobres ou que ajudam as famílias das
pessoas afetadas pela doença, todas possuem duas armas poderosas: a oração e o
amor. Um exemplo interessante dentre muitos que poderiam ser citados, é o das
irmãs de São Camilo. Em toda a Itália, elas administram cinco hospitais: Roma,
Trento, Treviso, Brescia e Cremona. Os três últimos estão atendendo os
infectados pelo Covid-19, uma frente altamente perigosa.
Prontas a dar vida pelos
outros
“Em
todas as nossas estruturas, existem religiosas-enfermeiras que estão arriscando
suas vidas com abnegação, neste período”, explica a diretora do Hospital São
Camilo em Treviso, irmã Lancy Ezhupara, secretária-geral da ordem. As religiosas
não têm medo, pelo contrário: “Nós, Filhas de São Camilo, fazemos um quarto
voto, além dos três votos clássicos de pobreza, obediência e castidade: o de
servir os enfermos, mesmo com o custo da própria vida. Talvez nos últimos anos,
para muitas de nós, o quarto voto tenha sido um pouco ofuscado, mas hoje volta
com força a ter toda a sua extrema atualidade”.
No
hospital de Treviso, existem mais de cem lugares para acolher os contagiados,
mas as dificuldades são muitas, pois há uma escassez de instrumentos de saúde.
“Mas nós, como Igreja, como religiosas e como pessoas, certamente não
recuamos”, disse irmã Lancy, que encontra conforto na reação de suas irmãs,
prontas para qualquer coisa a fim de estar perto daqueles que sofrem: “A
disponibilidade total delas me comove. Estão cientes de que podem morrer, mas
repito: a força nos é dada pela oração, pela intercessão de São Camilo e pelo
nosso quarto voto”.
Oração, arma vencedora
Outra
fronte imprescindível para a vitória é a da oração constante. Aqui também, de Aosta
a Palermo, as religiosas estão na linha de frente. Há aquelas que rezam o terço
usando megafones colocados nas varandas de seus mosteiros, aquelas que usam as
redes sociais para partilhar novenas e orações, aquelas que na solidão de suas
clausuras multiplicaram sacrifícios e mortificações.
Em
Bergamo, uma das cidades mais afetadas pela pandemia, existe o mosteiro
beneditino de Santa Grata. A superiora é a irmã Maria Teresa e destaca que, não
obstante a clausura, “temos internet e TV. Portanto, conhecemos a dor atual do
mundo”.
Neste
tempo cruel as claustrais intensificaram suas orações: “De fato, permita-me o
termo, estamos fazendo uma verdadeira maratona de orações”, disse a irmã Maria
Teresa. “Recebemos pedidos de várias partes do mundo e com alegria nos armamos
com terços, novenas e Credo, uma oração antiga, tradição de nosso mosteiro, que
as nossas ancestrais usavam em tempos de calamidade”. Além da oração, existe
proximidade, partilha da dor. “Todas as monjas”, revela a irmã Maria Teresa,
“estão em contato telefónico com os profissionais de saúde do hospital da
cidade, que está entrando em colapso. Eles nos falam sobre a tragédia vivida em
primeira pessoa. Nós fazemos a nossa parte não nos esquecendo que o corpo
também tem uma alma que deve ser defendida, salva”. A guerra contra o
coronavírus também pode ser vencida assim.
Federico Piana/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano
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