CORONAVÍRUS O que a Igreja Católica faz
CORONAVÍRUS
acção da Católica
O que a Igreja faz em
tempos de coronavírus?
Noticiário (11:00 CET) (27/03/2020
10:00)
Cecilia
Seppia/Mariangela Jaguraba – Cidade do Vaticano
Quando
se fala de caridade, o pensamento corre espontaneamente para a carteira e para
o gesto de duas mãos diferentes, uma com o objetivo de dar esmola e a outra de
recebê-la. Porém, no dicionário cristão, a caridade não é apenas isso, pelo
contrário, tem mil aspectos, mil rostos, até o sacrifício extremo da própria
vida, como o de muitos médicos, religiosas e sacerdotes mortos pelo Covid-19,
para os quais o Papa rezou em várias missas na Santa Marta. Dentre os
destinatários das obras de caridade realizadas pela Igreja estão os doentes,
mas também os trabalhadores precários, as famílias desfavorecidas, os idosos
sozinhos que nem conseguem sair para fazer compras e os “preferidos de Deus”
que a crise em andamento pode fazer cair no esquecimento.
O
compromisso das dioceses e congregações religiosas
Toda
a Igreja, não apenas na Itália, compromete-se a dar sua contribuição material
neste momento de grave emergência, além do acompanhamento espiritual que
oferece a várias iniciativas criativas após a suspensão das missas com a
participação dos fiéis. De norte a sul, as dioceses tomaram medidas para
responder concretamente à pandemia: abriram suas estruturas para hospedar
pessoas ou grupos familiares que não podem viver a quarentena em sua própria
casa, pagando hotéis para os pacientes que recebem alta por serem menos graves
a fim de liberar lugares. A Diocese de Bérgamo colocou à disposição de médicos
e enfermeiros 50 quartos individuais do seminário, outros 10 em Lodi e também
em Roma, Cremona, Crema, Brescia, Taranto e muitas outras cidades até Siracusa.
Gaeta até abriu as portas do mosteiro de São Magno, em Fondi, para receber 30
voluntários da Cruz Vermelha.
As
congregações religiosas masculinas e femininas que administram hospitais e
asilos responderam com igual generosidade diante da crise de saúde, aumentando
o compromisso com os doentes de Covid-19. Há também religiosas que, depois da
explosão da emergência, transformaram seus conventos em ateliês para a produção
de máscaras, um bem raro e precioso, como as Oblatas de Avellino e as
Beneditinas de Mercogliano, que já confeccionaram mais de cem mil que foram
doadas aos cidadãos.
Ajuda
da CEI para a saúde
Em
resposta a algumas das muitas situações de necessidade, a Conferência Episcopal
Italiana (CEI) destinou 3 milhões de euros, provenientes dos “Otto per mille”,
em favor das unidades de saúde. A contribuição chegará à Pequena Casa da Divina
Providência- Cottolengo de Turim, ao hospital cardeal Giovanni Panico de
Tricase, à associação Oásis Maria Santíssima de Troina e, sobretudo, ao
Istituto Ospedaliero Poliambulanza de Brescia, que em menos de um mês mudou
radicalmente sua organização dobrando a disponibilidade de leitos e suspendendo
todas as operações cirúrgicas, internações e atividades ambulatoriais que podem
ser adiadas, a fim de liberar recursos humanos e equipamentos completamente
destinados agora a emergências: são 435 leitos, dos quais 68 de terapia
intensiva e 70 de observação breve intensiva no Pronto Socorro.
A
ajuda aos pobres não para
A
crise afeta a todos, mas as camadas sociais vulneráveis estão pagando as
consequências, como sempre. Por isso, a CEI doou 10 milhões de euros à 220
Caritas diocesanas, dinheiro destinado a ajudar famílias em situações difíceis
que a emergência de saúde literalmente colocou de joelhos: compra de
necessidades básicas, pagamento de contas, realização de atividades de escuta
para idosos sozinhos e pessoas frágeis, como o “Pronto, estamos aqui” de Gaeta,
e a manutenção de serviços mínimos para aqueles que se encontram em extrema
pobreza. A CEI também contribuiu com 500 mil euros para a Fundação Banco
Alimentar, em apoio às 7.500 estruturas credenciadas que atendem diariamente
cerca de um milhão e quinhentas mil pessoas que não têm comida suficiente.
Coleta
de fundos da CEI e Caritas
A
CEI e a Caritas lançaram juntas uma grande campanha de arrecadação de fundos de
um mês. “É o momento da responsabilidade e juntos podemos dar um sinal concreto
de esperança e conforto. Deste modo, as Igrejas locais poderão continuar
garantindo o forte dinamismo da caridade”, explicou o pe. Francesco Soddu,
diretor da Caritas Italiana. Para contribuir com a coleta de fundos, você pode
usar a conta corrente postal n° 347013 ou fazer uma transferência bancária com
o motivo “Emergência Coronavírus”, ou doar on-line através do site www.caritas.it.
Apoio
aos trabalhadores em dificuldade
Devido
ao bloqueio de atividades, hoje existem muitos trabalhadores em crise. A
Diocese de Milão instituiu o “Fundo São José”, colocando à disposição 2 milhões
de euros, que com outros 2 milhões oferecidos pela Prefeitura, servem para
ajudar aqueles que estão perdendo seus empregos devido ao Coronavírus:
“Decidimos criar um fundo especial para expressar nossa proximidade aos
vulneráveis e oferecer os primeiros socorros àqueles que, devido à epidemia,
não têm nenhuma forma de apoio”, explicou o arcebispo de Milão, dom Mario
Delpini. Um exemplo de colaboração entre a Igreja e as instituições destinada a
impedir que a emergência de saúde se transforme numa crise social sem
precedentes depois da II Guerra Mundial.
Atenção
aos presos, crianças e idosos
As
dioceses também dão uma atenção especial ao mundo da prisão, onde as restrições
aumentaram as dificuldades, e às condições daqueles que saem no final da pena e
se veem sem alternativas. Extraordinário é o compromisso dos capelães nas
prisões, como o do pe. Fausto Resmini, do cárcere de Bergamo, que morreu em 23
de março depois de se dedicar até o fim.
A
crise também mobilizou o mundo das associações católicas. Em algumas dioceses,
os grupos da ACR pensaram em como entreter as crianças, que sofrem muito com a
quarentena, com catequeses, jogos e atividades on-line. A Comunidade de Santo
Egídio entrou em campo, lançando uma coleta de fundos e organizando a
distribuição não apenas de alimentos, mas também de produtos úteis para se
proteger de contágios, como luvas e gel desinfetante. Não faltam os telefonemas
de solidariedade aos idosos.
A
Diocese do Papa e a Santa Sé
O Papa
Francisco ofereceu uma contribuição inicial de 100 mil euros à Cáritas
italiana. A Cáritas da Diocese do Pontífice mantém os refeitórios abertos,
tanto no almoço quanto no jantar, conforme as normas de segurança e ao lado dos
quatro centros de acolhimento diocesanos (Albergue “Don Luigi Di Liegro”, Casa
de acolhimento “Santa Giacinta”, Centro “Gabriele Castiglion”, Centro para o
“Piano Freddo” em Ponte Casilino) e acrescentou desde 20 de março, o Centro de
acolhimento extraordinário “Fraterna Domus” em Sacrofano. Trata-se de uma
estrutura temporária para hospedar noventa pessoas. Uma medida tomada para
conter o risco de contágio e garantir a permanência dos hóspedes por 24 horas.
O Centro de Sacrofano é financiado pela Diocese de Roma e pela CEI, e utiliza
as mãos diligentes dos Frades Menores que administram a estrutura, às portas da
capital.
Por
sua vez, o Hospital Pediátrico Menino Jesus, de propriedade da Santa Sé,
dedicou a estrutura de Palidoro para as crianças positivas ao Covid-19. Nesse
momento de isolamento forçado, o compromisso da Esmolaria Apostólica com os
pobres foi intensificado com o cardeal Konrad Krajewski, que colocou à
disposição até o seu número de celular para emergências 348-1300123. Chuveiros,
dormitórios, assistência aos sem-teto e até “a sacolinha do coração”, preparada
pelos voluntários, com uma refeição forte, além de centenas de pacotes de leite
fresco, produzidos nas Vilas Pontifícias de Castel Gandolfo, e destinados aos
mais necessitados: todos os serviços e as distribuições são realizados conforme
as normas estabelecidas após a difusão do coronavírus. “O principal
compromisso”, afirma o cardeal, “é não abandonar aqueles que não têm teto e que
viviam até um mês atrás, graças a pequenos gestos de solidariedade, como um
café pago no bar”.
Um
compromisso silencioso
“O
Papa e toda a Igreja”, disse ao Vatican News dom Angelo Raffaele Panzetta,
bispo de Crotone-Santa Severina, que acabou de doar cinco respiradores para a
“Asp citadina”, “trabalham no silêncio: “É uma ação, segundo o espírito
evangélico, muitas vezes escondida. O Papa e a Igreja não precisam de campanhas
publicitárias para aparecer nos jornais o tempo todo”, mas o que “estão fazendo
no momento em termos econômicos, culturais e espirituais é realmente importante
e precioso e não pode ser subestimado. Gostaria de lembrar”, disse o prelado,
“que o Papa também age através das Igrejas locais que servem o território no
qual um importante esforço econômico está sendo feito neste momento, para que
nada falte. Não é hora de batalhas pretensiosas, não é hora de lamentar ou
gerar uma cultura de suspeita. Este é o momento da solidariedade autêntica, de
dar uma mão, amar realmente o próximo e multiplicar o bem e não a crítica”.
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